Insulina oral: Pesquisadores desenvolvem novo tratamento para diabetes

Saúde
23 de Fevereiro, 2024
Insulina oral: Pesquisadores desenvolvem novo tratamento para diabetes

Pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, estão desenvolvendo uma insulina oral, que pode ser uma revolução no tratamento de pacientes com diabetes que precisam fazer o uso do medicamento na forma injetável para controlar o nível de glicose no sangue. Saiba mais. 

Insulina oral ainda será testada em humanos

A substância já foi usada em ratos e camundongos com diabetes e babuínos saudáveis, mostrando ótimos resultados (publicados no periódico científico Nature). Assim, a expectativa é testar a nova insulina em seres humanos a partir do próximo ano.  

O diabetes é uma doença caracterizada pela produção ineficiente ou pela resistência à ação da insulina, o hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. Segundo dados da Vigitel Brasil (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 10,2% da população brasileira tem diabetes. 

Até agora o uso da insulina por via oral não era uma possibilidade, pois a substância é uma proteína. Portanto, isso faz com que ela sofra a digestão no estômago e não consiga chegar intacta ao fígado, onde deve agir. “Por isso, os pesquisadores desenvolveram nanopartículas que resistem a esse processo, sendo aborvidas adequadamente”, explica o endocrinologista Simão Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein.  

Veja também: Calor extremo favorece hipo e hiperglicemia em pessoas com diabetes

Resultados animadores

Segundo os especialistas ouvidos pela Agência Einstein, os efeitos obtidos com os animais dão indícios de que a nova forma de utilização da insulina leva vantagem sobre a injetável porque entrega o hormônio diretamente no fígado, onde pode ser absorvido ou entrar na circulação sanguínea.  

No caso das injeções, uma grande parte da insulina acaba nos músculos e no tecido adiposo. Além de tornar a ação da substância mais eficaz, esse fator pode ajudar a evitar a hipoglicemia. Assim, o quadro se caracteriza por uma baixa quantidade de açúcar no sangue, sendo um efeito colateral bem conhecido por quem utiliza a versão injetável. Isso porque, quando chega ao fígado, as enzimas quebram a insulina.
 
“Como o hormônio aplicado pela agulha impregna o tecido adiposo, parte dele é liberada mesmo quando a glicose está normal, o que pode desencadear o quadro de hipoglicemia, o que faz que a alternativa oral ofereça uma segurança muito maior”, afirma a endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro. 

Isso reduz o risco de hipoglicemia, ou seja, a queda do açúcar do sangue, pois a liberação ocorre de maneira controlada, de acordo com as necessidades do paciente, diferentemente do que acontece com as injeções, que fazem com que a insulina seja disponibilizada de uma vez só”, explica a médica. 

A insulina oral facilita o tratamento 

Outra vantagem da utilização da insulina oral é que ela provavelmente garantirá uma adesão maior ao tratamento. Isso acontece porque os pacientes não terão a necessidade de se picar. Dessa forma, segundo os médicos, muitos pacientes evitam aplicar a substância quando estão fora de casa com o receio de sofrerem um episódio de hipoglicemia. Esse quadro, inclusive, pode provocar confusão mental, tontura, palpitações, tremores. A

ssim, em casos mais graves, a hipoglicemia desencadeia crises convulsivas, a perda de consciência e até o risco para a vida. “Isso sem falar que a necessidade de ficar monitorando a glicemia com um furinho na ponta do dedo seria menor”, diz a médica. 

Apesar de as insulinas atuais terem um manejo bem mais confortável do que no passado, a administração oral poderia levar à maior aderência, sim”, concorda Lottenberg. Por fim, os médicos ouvidos pela Agência Einstein dizem, no entanto, que a única má notícia é que ainda há um longo caminho a percorrer para que a insulina oral esteja acessível aos diabéticos.  

Fonte: Agência Einstein.

 

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