Infecções Sexualmente Transmissíveis: o que são e como se proteger?
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos durante o ato sexual. A transmissão ocorre, principalmente, por meio do contato (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha, com uma pessoa que esteja infectada.
Recentemente, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acendeu um alerta para o aumento de casos de infecções no Brasil. De acordo com o estudo, caiu o uso da camisinha entre adolescentes nas relações sexuais nos últimos dez anos.
De 2009 a 2019, o percentual de pessoas entre 13 e 17 anos que usaram preservativo na última relação sexual caiu de 72,5% para 59%. Entre as meninas, a queda foi de 69,1% para 53,5% e, entre os meninos, de 74,1% para 62,8%. O levantamento comparou as respostas de estudantes do 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série) em escolas públicas e privadas das capitais do Brasil.
A clamídia e a gonorreia, por exemplo, são as duas ISTs mais comuns em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, chegando a cerca de 1 milhão de novos casos todos os dias. Confira agora, quais são os principais tipos de ISTs e como se prevenir.
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Infecções Sexualmente Transmissíveis: conheça as principais
Clamídia
A clamídia é a IST mais comum em todo o mundo. De acordo com a OMS, são 127 milhões de casos por ano. A doença é silenciosa, por isso a maioria dos infectados não tem sintomas, mas transmite a doença. A causa é a bactéria Chlamydia trachomatis, transmitida através da relação sexual sem camisinha, seja ela oral, vaginal ou retal.
Dessa forma, pessoas que se relacionam sem proteção podem apresentar maior risco de ter a doença. Por isso, é muito importante usar camisinha durante os atos sexuais para não ter clamídia e outros tipos de ISTs. Em muitos casos, pacientes com clamídia não apresentam sintomas da condição, o que faz com que a doença passe despercebida. Por isso, o recomendado é realizar check-ups ginecológicos e urológicos pelo menos uma vez por ano.
HIV
O HIV é o vírus da imunodeficiência humana e ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas se assemelham com os de uma gripe, como febre e mal-estar, por exemplo. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida. Além disso, o hábito de não usar camisinha tem impacto direto no aumento de casos de e aids entre os jovens. No Brasil, a epidemia avança principalmente na faixa etária de 20 a 24 anos.
Apesar de a confusão ser frequente, HIV e Aids não são a mesma coisa. HIV é a sigla para vírus da imunodeficiência humana, e Aids é a sigla para a síndrome da imunodeficiência adquirida, doença que atinge o sistema imunológico do indivíduo.
A maior parte das infecções HIV ocorre por conta de relações sexuais sem proteção. Entretanto, existem outras maneiras de se infectar, como com o compartilhamento de agulhas ou com acidentes perfurocortantes com material biológico. Além disso, o vírus pode ser transmitido via sexo oral, caso haja ejaculação e exista alguma ferida na boca. O tratamento é feito por meio da terapia antirretroviral (TARV), que reduz a quantidade do HIV no sangue para níveis tão baixos que se tornam indetectáveis nos exames e não mais transmissível pela via sexual.
Para evitar a transmissão da doença, é recomendado o uso de preservativo durante as relações sexuais, além da utilização de seringas, agulhas descartáveis e luvas para manipular feridas e líquidos corporais. Outra ação importante para prevenção da doença é o teste de sangue para transfusão.
Infecções Sexualmente Transmissíveis: HPV
O HPV é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que atinge a pele ou as mucosas (oral, genital ou anal), favorecendo o surgimento de verrugas, coceira e vermelhidão em homens e mulheres. Existem mais de 100 tipos de HPV, mas apenas 4 deles são comuns no Brasil. Mas mesmo sendo um número baixo, a doença tem evolução crônica e pode levar ao desenvolvimento rápido de câncer de colo do útero, ânus, pênis, além da vulva e vagina.
Geralmente, a doença não causa sintomas e o organismo humano consegue eliminar a infecção sozinho. Dessa forma, o uso de preservativo é a forma mais eficaz de evitá-lo. Porém, existem outros métodos preventivos, como a vacinação. Disponível no SUS, o imunizante previne as complicações causadas pelo vírus. Uma das formas de diagnosticar essa infecção sexualmente transmissível é realizar a captura híbrida HPV.
Tricomoníase
Com maior incidência entre mulheres, a tricomoníase é uma das ISTs mais comuns. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, calcula-se que existam 156 milhões de pessoas infectadas no mundo. Causada por um protozoário, esse parasita encontra em vaginas e uretras um ambiente favorável para a sua sobrevivência.
A transmissão ocorre, exclusivamente, pela via sexual e não costuma manifestar sintomas. Dessa forma, costuma ser detectada em exames de urina ou análises de secreções vaginais e uretrais. Sem tratamento, a infecção dispara uretrites e vaginites, além de complicações na gravidez. E mais: também facilita a transmissão das ISTs mais graves, como HIV, gonorreia e clamídia.
Sífilis
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum por meio de relações sexuais sem proteção. Sexo dos tipos anal, vaginal e oral sem preservativo apresentam os mesmos riscos de contrair a doença. Além disso, é possível que a gestante contamine o seu bebê ao longo da gravidez e na hora do parto. Outra forma de transmissão é via transfusão de sangue contaminado, embora mais raro.
É uma doença curável, com tratamento barato e disponível no SUS. Ele é feito por meio da penicilina benzatina (Benzetacil é o nome comercial mais conhecido), que chegou a correr riscos de desabastecimento mundial e é considerado o medicamento mais eficaz no tratamento da enfermidade. A melhor maneira de detectar a doença é fazer visitas de rotina regulares ao ginecologista e urologista. Além disso, o exame VDRL é fundamental no diagnóstico e acompanhamento do tratamento da sífilis.
Hepatite B também faz parte do grupo das Infecções Sexualmente Transmissíveis
Normalmente silenciosa, a hepatite B ataca as células do fígado. A transmissão ocorre pela troca de fluidos (relação sexual, compartilhar alicates de unha, transfusão de sangue etc). Caso não seja tratada, é capaz de tornar-se um câncer. Para prevenir a hepatite B, há vacinação gratuita e disponível na rede pública. Dessa forma, o diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e o tratamento é feito com medicamentos.
Candidíase
A candidíase é uma infecção causada pelo crescimento excessivo do fungo Candida Albicans na região genital. Embora a condição possa afetar qualquer pessoa, os episódios são mais comuns em mulheres, principalmente se o sistema imunológico estiver enfraquecido ou houver um desequilíbrio no organismo após uso de medicamentos.
Corrimento branco, coceira e irritação local são os principais sintomas. Além disso, o fungo também pode se manifestar em outros locais do corpo, como a boca e o intestino. A melhor forma de confirmar o diagnóstico é com avaliação de um ginecologista ou urologista, no caso dos homens.
Gonorreia
A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível (IST) cuja transmissão ocorre pela bactéria Neisseria gonorrheae (conhecida por gonococo) e causa uma série de inflamações e desconfortos em diversas áreas, inclusive nas genitais. A gonorreia é transmitida por meio da relação sexual desprotegida. Homens e mulheres podem ser vítimas, e o risco de infecção é de 50% por ato sexual.
Em mulheres, a infecção é mais discreta, com sintomas menos evidentes. Dessa forma, muitas sequer desconfiam que estão infectadas e só descobrem o diagnóstico durante uma consulta de rotina com o ginecologista. Já os homens sofrem um pouco mais com os sintomas, já que há a possibilidade de causar estreitamento no canal da uretra e dificultar a saída de urina, favorecendo infecções urinárias.