Imunizante da monkeypox: tudo o que você precisa saber sobre a vacina

Saúde
13 de Setembro, 2022
Imunizante da monkeypox: tudo o que você precisa saber sobre a vacina

Ainda sem calendário de vacinação, o Ministério da Saúde anunciou no mês passado que o Brasil terá o imunizante da monkeypox. Hoje, são 6.129 casos confirmados, além de 6.158 suspeitos, situação que coloca o país no radar da Organização Mundial da Saúde (OMS). Com a chegada da vacina em breve, é comum surgirem dúvidas sobre a eficácia, efeitos colaterais e esquema de dosagens. Além disso, o imunizante da monkeypox será o mesmo que a população recebeu nos anos 1970? A seguir, saiba tudo sobre o assunto.

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Haverá um novo imunizante da monkeypox?

O Brasil disponibilizará a vacina da fabricante norueguesa Bavarian Nordic. Chamado Jynneos/Ivanex, ela foi atualizada para atender às necessidades da crise sanitária atual. De acordo com Eduardo Sellan Lopes Gonçales, sócio e infectologista da Infectoria, o imunizante é diferente do da década de 1970. “Antes, a vacina carregava o vírus vivo atenuado, com mais riscos de causar os sintomas da doença. Por sua vez, a nova versão possui o vírus morto, cujas vantagens são os efeitos colaterais mais brandos: febre, indisposição e dores de cabeça, por exemplo”, esclarece.

Principais diferenças entre as versões

Além da composição e menos reações, o novo imunizante da monkeypox apresenta outros diferenciais. “Aparentemente ela tem maior efetividade na imunização, mas necessita de duas doses para cumprir o papel de proteger o organismo. Nesse caso, o intervalo de aplicação costuma ser de aproximadamente um mês”, explica Gonçales.

Vale lembrar que a vacina “antiga” foi inicialmente destinada para combater a varíola humana nos anos 1970. No entanto, ela também foi útil para proteger contra a monkeypox naquela época. “São vírus de uma mesma família, então tanto o imunizante anterior quanto o atual têm esse benefício”, comenta o especialista.

Quanto ao mecanismo de ação, Gonçales afirma que ambas são similares. “Elas imitam a infecção para o organismo produzir os anticorpos, mesmo com o vírus morto. Assim, o sistema imunológico cria a defesa específica para a infecção”, resume.

Todo mundo terá que tomar o imunizante da monkeypox?

Na avaliação de Gonçales, não é o caso de uma campanha de vacinação em massa. A princípio, a Anvisa liberou a aplicação em maiores de 18 anos, mas o Ministério da Saúde deverá priorizar a imunização em profissionais da saúde e pessoas que tiveram contato com pacientes infectados. “Nesse momento, quem teve a doença provavelmente não precisará da vacina, porque já desenvolveu a imunidade de contato com a infecção, sem necessidade de um reforço”, afirma o infectologista.

O que é a vacinação intradérmica?

Alguns países estão aderindo ao método intradérmico por falta de doses. “A via intramuscular exige quantidades maiores do imunizante para garantir a resposta imunológica ideal. Por sua vez, a aplicação intradérmica requer uma dosagem menor e a aplicação é mais superficial. Dessa forma, é possível vacinar mais pessoas se houver pouca disponibilidade de imunizantes”, explica Gonçales. Mas, e a eficácia do método? Estudos apontam que a vacinação intradérmica não compromete o efeito protetor do imunizante, com resultados semelhantes aos do meio intramuscular.

O Brasil terá uma vacina própria?

Segundo o Ministério da Saúde, o país adquiriu 50 mil doses da Bavarian Nordic, um lote pequeno para a demanda dos profissionais de saúde e demais grupos. Afinal, uma pessoa precisa de duas doses para ativar a defesa contra o vírus. Mas a boa notícia é que o país está próximo da produção própria do imunizante da monkeypox.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) recebeu a matéria-prima — dois frascos com amostras do vírus Vaccínia Ankara — para desenvolver um produto nacional. A parceria para a oferta do insumo ocorreu entre o CTVacinas e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Com isso, a expectativa dos pesquisadores é criar um modelo de produção nos próximos três meses para a população se beneficiar em 2023.

Fonte: Eduardo Sellan Lopes Gonçales, sócio e infectologista da Infectoria.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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