Hipoglicemia neonatal: o que é, sintomas, causas e tratamentos
A princípio, hipoglicemia neonatal é o nome dado para quando ocorre a diminuição dos níveis de glicose no sangue do bebê entre 24 e 72 horas após seu nascimento. Em suma, a comunidade médica enfrenta dificuldades para estipular os valores que definem o quadro. Isso porque é preciso levar em consideração diversos fatores para estabelecê-la, como idade gestacional do recém-nascido, os dias de vida e se há a presença de sintomas associados ou não.
Ainda assim, é de consenso médico que é necessário ao menos tentar traçar um parâmetro básico para que seja possível o diagnóstico da hipoglicemia neonatal. Pensando nisso, a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade de Endocrinologia Pediátrica (SEP) estabeleceram os seguintes valores para confirmar o quadro e começar a tratá-lo:
Recém-nascidos sintomáticos:
- < 40 mg/dL, nas primeiras 24h de vida
- < 50 mg/dL, entre 24 e 48h
- < 60 mg/dL, mais do que 48h
Recém-nascidos assintomáticos:
- 25 mg/dL (em 4h)
- 35 mg/dL (entre 4 e 24h)
- 50 mg/dL (entre 24 e 48h)
- 60 mg/dL > (mais do que 48h)
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Sintomas da hipoglicemia neonatal
Embora a condição afete cerca de 5 a 15% dos recém-nascidos, pontua-se que a maioria dos pacientes com hipoglicemia neonatal não apresentam sintomas associados ao quadro. No entanto, para aqueles que são sintomáticos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, os principais indicativos do estado clínico são:
- Irritabilidade;
- Tremores;
- Reflexo de moro exagerado;
- Choro estridente;
- Convulsões e mioclonias (espasmos involuntários do músculo);
- Apatia e fraqueza;
- Cianose (ficar azulado devido à falta de oxigênio);
- Apneia;
- Hipotermia;
- Recusa alimentar.
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As principais causas da condição
Segundo informações do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a hipoglicemia neonatal acontece principalmente por causa de três fatores: diminuição do suprimento de glicose, aumento da utilização de glicose e hiperinsulinismo. Esse último, em outras palavras, significa a produção inadequada de insulina.
A diminuição do suprimento de glicose tende a acontecer entre recém-nascidos que nascem antes das 37 semanas de gestação, e aqueles que têm restrição do crescimento ainda dentro do útero. Além disso, ela pode ser vista entre bebês que apresentam sepse, cardiopatia congênita e doenças endócrinas.
Já o aumento da utilização de glicose ocorre principalmente entre os pequenos que passaram por episódios de asfixia, hipotermia e sepse.
Por fim, o hiperinsulinismo pode acontecer quando o bebê é filho de uma mãe diabética, em caso de doença hemolítica por incompatibilidade de Rh e após exsanguíneotransfusão (que é quando parte do sangue do recém-nascido é retirado e substituído por o de um doador compatível).
Além disso, casos de hipoglicemia hiperinsulinêmica neonatal persistente, Síndrome de Becwith-Wiedmann e tratamento materno com hipoglicemiantes orais e beta-agonistas também podem ocasionar o hiperinsulinismo e, consequentemente, o quadro de hipoglicemia neonatal.
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Como é feito o tratamento de hipoglicemia neonatal?
A intervenção diante da condição dependerá da avaliação médica a fim de que o bebê não corra o risco de ter lesões cerebrais. Entretanto, o tratamento tende a ser feito com um rígido controle de mamadas, além da oferta de glicose para manter os níveis corretos do monossacarídeo.
Pode também ser necessário fazer o uso de medicamentos como corticoides, glucagon e o diazóxido. Em suma, eles agem nas células beta do pâncreas e, como resultado, diminuindo a liberação de insulina no organismo do bebê. Como resultado, há a regulação do nível do hormônio do pequeno.
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Referências:
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, da Fundação Oswaldo Cruz