Hiperandrogenismo: o que é e quais as consequências para a saúde?
O nome pode até parecer difícil, mas, na prática, o hiperandrogenismo é simples. Basicamente o quadro representa o excesso de hormônios androgênicos no corpo feminino — hormônios masculinos, como a testosterona.
Como resultado, a mulher experimenta algumas mudanças no corpo, como excesso de pelos, queda capilar e ciclo menstrual irregular. A seguir, conheça os efeitos do hiperandrogenismo e a relação do quadro com outras doenças e condições.
Veja também: Afinal, o que é a ovulação tardia e quais são as possíveis causas?
Quais são as causas do hiperandrogenismo?
Francisco Tostes, endocrinologista da Nutrindo Ideais, explica que as causas mais comuns são:
- Resistência à insulina severa, que pode ser uma consequência da obesidade ou do diabetes.
- Síndrome dos ovários policísticos.
- Hiperplasia adrenal congênita.
- Tumores virilizantes da adrenal ou do ovário.
- Uso de substâncias anabolizantes.
SOP, uma das principais razões do hiperandrogenismo
A síndrome dos ovários policísticos ou apenas SOP é uma condição comum que provoca uma série de desconfortos na mulher. De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia, estima-se que entre 5% e 13% da população feminina em idade reprodutiva tenha a síndrome.
No entanto, ela pode se manifestar em até 40% das mulheres com quadro de infertilidade (falaremos sobre isso adiante)
Se você não sabe o que é a SOP, aí vai uma rápida explicação: a doença provoca pequenos cistos nos ovários, compostos por material líquido ou quase sólido. Com a presença dos cistos, ocorre o distúrbio hormonal, que eleva a produção de hormônios masculinos — então, o hiperandrogenismo é uma consequência da SOP.
A síndrome pode ser resultado de outras doenças, como o diabetes e a obesidade, e vice-versa. Portanto, mulheres com SOP também são propensas às enfermidades metabólicas e até a doenças cardiovasculares.
Por que se preocupar com a relação entre SOP e hiperandrogenismo?
Além de sintomas desconfortáveis para a mulher — aumento do número de pelos, pele mais oleosa e com acne, queda capilar e alterações no ciclo menstrual — ambos podem interferir na fertilidade feminina, segundo Tostes. Então, é importante ficar de olho no diagnóstico das duas condições ou da relação com as causas citadas acima.
No caso da SOP, a enfermidade compromete a ovulação, pois os hormônios masculinos interferem nesse sentido. Por isso, ao tratar a síndrome, que é crônica, se corrige a anovulação, que atrapalha a capacidade de engravidar.
Diagnóstico do hiperandrogenismo
Ao observar os sintomas, a mulher precisa procurar o endocrinologista e o ginecologista para comporem a investigação do problema. “No caso do hiperandrogenismo, o exame de sangue ajuda a comprovar o excesso dos hormônios e, sobretudo no caso do S-DHEA, auxilia ainda a diferenciar se a origem é ovariana ou adrenal. O ultrassom pélvico é o exame de imagem de escolha”, explica Francisco Tostes.
Existe tratamento?
O especialista afirma que os cuidados variam conforme a origem do hiperandrogenismo. “Tumores ovarianos normalmente exigem cirurgia de retirada, enquanto os corticoides podem ser indicados para quadros de hiperplasia adrenal. Anticoncepcionais e outros antiandrogênicos, como espironolactona e aldactone também podem ser úteis em alguns casos [como na SOP, por exemplo]”, finaliza.