Hepatite viral: o que é, quais são os tipos, causas e tratamentos
Dados do Ministério da Saúde indicam que o Brasil notificou 750.651 casos de hepatite viral entre 2000 e 2022. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) reporta que mais de 1,4 milhões de mortes por ano acontecem devido a complicações dessa doença.
De acordo com o Dr. Geraldo Duarte, médico ginecologista, as hepatites virais mais comuns no Brasil são causadas pelos vírus A, B e C. “A hepatite do tipo A, classicamente de transmissão fecal-oral, acomete preferentemente crianças em comunidades com deficientes recursos sanitários. A hepatite do tipo B, de transmissão sanguínea, sexual e vertical, possui taxa média de transmissão vertical de 80% em sua fase aguda e de 8% em sua fase crônica”
A transmissão da hepatite C, por sua vez, ocorre principalmente por contato direto com sangue contaminado, como compartilhamento de agulhas e objetos perfurocortantes, transfusões de sangue que ocorreram antes de 1992 e transmissão vertical (de mãe para filho). “A hepatite do tipo C tem uma característica curiosa, quando associada ao vírus do HIV a taxa de transmissão vertical passa a ser, em média, de 18%”, informa o médico. Entenda mais as condições.
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Entenda a hepatite viral
A hepatite é uma inflamação do fígado causada por alguns tipos de vírus, entre eles o A, B, C, D e E. Porém, fatores externos como ingestão excessiva de álcool, drogas e medicamentos, alteração no sistema imune ou a gordura no fígado também podem levar a doença. A hepatite também pode se manifestar de forma aguda ou crônica.
Sintomas
Os sintomas das hepatites virais podem variar de leve a grave e incluem fadiga, dores abdominais, náuseas, vômitos, perda de apetite, icterícia (coloração amarelada da pele e olhos), urina escura e fezes claras. Algumas pessoas podem ser assintomáticas, o que dificulta o diagnóstico sem exames médicos específicos.
Quem tem hepatite viral pode se exercitar?
De acordo com Alexandre Cunha, médico infectologista do Grupo Sabin, os pacientes podem, e não há restrição. “Mas, dependendo do nível de inflamação do fígado, a pessoa se sente muito fadigada e não consegue render”, conta. Contudo, a hepatologista Nilma Ruffeil não recomenda atividades físicas muito intensas. “O repouso não é obrigatório, mas é importante para acelerar a recuperação”, conta.
Tem cura?
Nos casos agudos, a maioria das hepatites virais evolui muito bem e passa espontaneamente. Não existe um medicamento específico para tratar os vírus da hepatite nos casos agudos, mas o tratamento foca em aliviar os sintomas. Contudo, existem casos que podem virar crônicos, como os do tipo B e C. No caso da hepatite C tem cura, com medicamentos disponíveis, mas no caso do tipo B apenas é possível o controle da doença. Em casos raros, a hepatite viral pode evoluir para transplante de fígado.
Vacinas podem prevenir a hepatite viral
Atualmente, estão disponíveis vacinas contra a hepatite A e B no SUS. A imunização é uma das formas mais seguras e eficazes de prevenir a doença. Crianças acima de 15 meses até 5 anos incompletos podem ter acesso a vacina contra a hepatite A no SUS, mas no serviço privado a imunização está disponível para crianças acima dos 12 meses de idade, adolescentes e adultos.
Para este tipo, são duas doses com intervalo de seis meses. Já a vacina contra o tipo B é feita em três doses, com intervalo de 30 dias da primeira para a segunda e 180 dias da primeira para a terceira. Recém-nascidos podem receber a vacina e adultos também.
Além disso, recomenda-se o uso de preservativos, já que a transmissão da hepatite B ocorre via contato sexual. Dessa forma, o uso correto e consistente de preservativos é fundamental para prevenir a infecção. Higiene pessoal também é importante, isto é, lavar as mãos regularmente, especialmente antes das refeições e após usar o banheiro, previne a hepatite A e a disseminação de outros vírus.
Em caso do uso de agulhas, seringas, lâminas de barbear, e objetos perfurocortantes, deve-se sempre optar por versões descartáveis para evitar o compartilhamento de fluídos corporais, prevenindo assim a transmissão das hepatites B e C.
Como é feito o diagnóstico?
A suspeita do diagnóstico ocorre a partir dos sintomas do paciente, mas testes complementares ajudam na confirmação do caso. “O médico pode solicitar exame de sangue para checar a as aminotransferases e as bilirrubinas, que geralmente estão elevados em quem tem a doença”, conta a hepatologista. Além disso, também através do exame de sangue é possível identificar o tipo de vírus.
Entenda os tipos de hepatite viral
Hepatite A
Causada pelo vírus VHA, a doença é transmitida, na maioria dos casos, via fecal-oral, usualmente, de pessoa para pessoa ou por meio de alimentos contaminados com o vírus. Além disso, em grande parte, a infeção evolui sem grandes complicações e sem problemas hepáticos.
Hepatite B
Causada pelo vírus VHB, a infeção é viral e pode evoluir para a forma aguda ou crônica. A transmissão do vírus ocorre de pessoa para pessoa, por meio de fluidos corporais, da mãe para o bebê durante a gestação ou por meio de relações sexuais sem proteção ou compartilhamento de material contaminado. Neste caso, não há cura, mas recomenda-se tratamentos com antivirais para manter a carga do vírus negativa. Além disso, existe a vacina, em três doses, que protege contra a doença.
Hepatite C
Causada pelo vírus VHC, a transmissão se dá por meio do contato sangue de pessoas infetadas, principalmente em situações de compartilhamento de seringas, agulhas, escovas de dentes, máquinas de barbear e objetos cortantes, além de transfusões de sangue. A infecção pode também ocorrer por via sexual, mas o percentual de casos é menor.
A maioria dos pacientes, cerca de 80%, não apresenta sintomas e, geralmente, é descoberta na sua fase crônica. O tratamento varia de acordo com o grau de lesão do fígado, mas a doença tem cura. Por isso, a testagem é tão importante e pode ser feita de forma gratuita em qualquer unidade de saúde.
Hepatite D
Causada pelo vírus VHD ou Delta, este tipo de hepatite é menos frequente e a transmissão é por via sexual, compartilhamento de material contaminado como seringas, agulhas, lâminas de barbear, escovas de dente, entre outros objetos. Por enquanto, não há vacina disponível, no entanto, pacientes vacinados para VHB, da hepatite B, não desenvolvem essa infeção.
Hepatite E
Causada pelo vírus VHE, a doença é menos frequente e tem infecção sem sintomas, além de não evoluir para quadros crônicos (exceção em casos de pacientes imunodeprimidos). A transmissão do vírus é, na maioria dos casos, por água contaminada e em locais com saneamento básico precário. Além disso, a infecção, geralmente, tem curta duração. O tratamento de pacientes que precisam de acompanhamento e internação é feito com antiviral.
Fontes:
- Dr. Alexandre Cunha, médico Infectologista do Grupo Sabin
- Dra. Nilma Ruffeil, hepatologista do Hospital Moriah
- Dr. Geraldo Duarte, médico ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)
Referência: Ministério da Saúde