Hemorroida: o que é, causas, sintomas e tratamento
Apesar de ainda ser um tabu para a maioria das pessoas, a hemorroida é um problema comum. De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), mais da metade das pessoas adultas terão algum tipo de hemorroida ao longo da vida.
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Afinal, o que é hemorroida?
As hemorroidas são veias que se dilatam e inflamam na região do ânus. Por ser uma região muito vascularizada e sensível, o tecido incha por conta da irrigação de sangue em excesso, que não consegue circular adequadamente.
Causas da hemorroida
Pedro Popoutchi, médico proctologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que os motivos para o surgimento da hemorroida são variados. “As principais ocorrem devido à perda do tecido de sustentação do ânus e ao desequilíbrio entre irrigação arterial ou retorno venoso. Ou seja, qualquer situação que dificulte esse retorno faz com que o tecido receba mais sangue do que o habitual”, afirma. A princípio, os fatores que favorecem a obstrução das veias do ânus são:
Constipação intestinal
A prisão de ventre é um alto fator de risco para a hemorroida. Afinal, toda vez que há muito esforço para a saída das fezes, também ocorre o aumento da pressão das veia anais. Além disso, permanecer muito tempo sentado no vaso sanitário contribui para o surgimento dos nódulos.
Alimentação
Tudo o que comemos influencia na formação do bolo fecal. Logo, uma dieta pobre em fibras, com excesso de sódio, ultraprocessados e carnes, por exemplo, são responsáveis pela constipação, com fezes duras e ressecadas.
Gravidez
As hemorroidas na gravidez ocorrem com frequência. De acordo com Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein, o principal motivo é a pressão intra-abdominal. Durante a gestação, o bebê se desenvolve e o útero também aumenta o tamanho. Assim, o peso do feto, associado ao peso da mãe, pressionam a região pélvica. “Além disso, existem as alterações no hábito intestinal. A gestante fica mais constipada, quadro que facilita o aparecimento das hemorroidas”, comenta Rosario.
Histórico familiar
A predisposição genética, com casos de familiares com hemorroida, pode desencadear a condição. Portanto, vale investigar se existem antecedentes de doenças vasculares, como varizes, trombose e outras enfermidades que comprometem a circulação.
Obesidade
O excesso de peso pressiona as veias abdominais e do ânus. Por se tratar de uma doença inflamatória, a obesidade pode aumentar a sensibilidade dos vasos sanguíneos e causar problemas na circulação.
Tipos e sintomas da hemorroida
Segundo Pedro Popoutchi, há dois tipos de hemorroida, a interna e a externa. A interna fica na região do esfíncter do ânus, mais “escondida”. Já a externa fica aparente na superfície do ânus e é possível apalpá-la. Quanto aos sintomas, podem variar de acordo com o tipo e grau da hemorroida (falaremos sobre isso mais à frente).
- Internas: sangramento e prolapso.
- Externa: inchaço, coceira dor para sentar e evacuar.
Contudo, há quem apresente todos os desconfortos em ambos os casos e ainda possua múltiplas hemorroidas, situação que exige tratamento imediato para evitar complicações.
Diagnóstico
A descoberta é clínica, com a observação do ânus para localizar a hemorroida e seu tipo. No entanto, o médico pode solicitar exames laboratoriais e de imagem para verificar outros possíveis problemas na região do reto e do cólon. Por exemplo:
- Exame de sangue nas fezes.
- Anoscopia.
- Proctoscopia.
- Colonoscopia.
Tratamento da hemorroida
Popoutchi esclarece que o tratamento possui várias de condutas de acordo com o tipo e grau da hemorroida. Quando são negligenciadas, as obstruções evoluem e se classificam em quatro estágios distintos. São eles:
- I: não apresenta prolapso. Em outras palavras, não exterioriza e pode ser imperceptível.
- II: a hemorroida exterioriza, mas desincha espontaneamente, podendo retornar se houver pressão das veias.
- III: estágio crônico, com exteriorização e necessidade de manuseio para voltar ao normal.
- IV: nesta etapa, a hemorroida também é externa, mas muito volumosa, incômoda e só se resolve com cirurgia.
Segundo o proctologista da Beneficência Portuguesa, a condição clínica do paciente também define a forma de tratamento. “Em graus mais leves, como o I e II, o manejo clínico ajuda a melhorar os sintomas e a condição da hemorroida. Por exemplo, podemos usar a ligadura elástica [técnica que comprime a veia dilatada] para evitar novos episódios de obstrução. Já em graus mais avançados, a cirurgia é a melhor alternativa”, sugere. Dentre os meios cirúrgicos estão a hemorroidectomia, que consiste na retirada das veias comprometidas, ou a punção do sangue que está obstruindo o vaso.
Medicamentos para hemorroida
Por fim, para aliviar as dores e desconfortos, o médico pode prescrever medicamentos, como pomadas e supositórios anti-inflamatórios e analgésicos.
Perguntas frequentes sobre hemorroida
A hemorroida pode ser sinal de câncer ou de outras doenças graves?
A princípio, a hemorroida é uma condição benigna. Contudo, Popoutchi alerta que o sangramento excessivo pode ser sinal de que algo não vai bem. “Isso não pode ser negligenciado, porque pode ser um pólipo, um tumor. Afinal, o paciente que tem hemorroida geralmente acredita que o sangramento seja dela, mas pode ser de outras partes”.
É verdade que alguns alimentos podem piorar o problema?
Sim, mas é importante esclarecer alguns pontos. Primeiro, a alimentação inadequada, escassa em fibras e em água, porém rica em embutidos e industrializados podem causar a constipação, um fator de risco para a hemorroida. No entanto, a dúvida geralmente está em torno do consumo de alimentos condimentados, apimentados, bem como bebidas alcoólicas e frituras. Nesses casos, esse tipo de cardápio pode prejudicar a inflamação da hemorroida e intensificar os sintomas.
A hemorroida tem cura?
Quando o tratamento é realizado da forma correta, as hemorroidas existentes desaparecem. Todavia, isso não quer dizer que a resolução seja definitiva — principalmente se não houver a mudança de hábitos e o controle de doenças que desencadeiam a hemorroida (obesidade e má circulação, por exemplo).
Quais são os médicos que diagnosticam e tratam a condição?
Ao surgirem os sintomas, você pode procurar um médico clínico geral ou proctologista, que é especialista em condições do trato colorretal.
Como prevenir as hemorroidas
Nosso estilo de vida é a melhor forma de prevenção. Por isso, alguns hábitos são importantes para evitar o surgimento dos nódulos indesejados:
- Siga uma alimentação saudável: equilibrar os nutrientes é essencial para a saúde do intestino e, como consequência, das fezes. O hábito de beber água também faz parte desse pilar, sendo um aliado contra a constipação.
- Movimente-se: o sedentarismo deixa o metabolismo “preguiçoso”, e afeta o funcionamento dos órgãos, incluindo o intestino.
- Não leve o celular para o banheiro: fazer as necessidades enquanto navega nas redes sociais se tornou um hábito para algumas pessoas. No entanto, mesmo aparentemente inofensiva, a distração aumenta o risco das hemorroidas.
- Priorize tomar banho após evacuar: nem sempre é possível, mas o banho reduz as chances de atrito do papel higiênico, que pode irritar se houver predisposição.
Fontes: Pedro Popoutchi, médico proctologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; e Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein. CRM SP-127087.