Hardballing: forma de relacionamento promete evitar frustrações

Bem-estar Equilíbrio
14 de Setembro, 2023
Hardballing: forma de relacionamento promete evitar frustrações

Há quem diga que está cada vez mais difícil se relacionar ou encontrar alguém na mesma “vibe” nos tempos atuais. E nessa busca por um amor em tempos líquidos e contatos rasos, um termo vem se tornando tendência de relacionamento: o hardballing. Entenda.

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O que é o hardballing?

Em alta na geração Z e Millenials, o termo inglês traduzido para português significa “jogar pesado”. De acordo com o professor de Psicologia da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Claudio Brites, a ideia nesse modelo de comunicação é dizer logo de cara o que se espera da relação que está sendo estabelecida.

“Amizade? Namoro? Algo casual? Deve ser sempre objetivo a demanda do tipo de pessoa que se acredita querer, uma ação dentro do pacote da tão falada responsabilidade afetiva. E como a própria palavra já enuncia: você joga pesado com total sinceridade. Ou seja, se quer só uma coisa pontual. Diz e pronto”.

Brites salienta que, embora esse formato de relacionamento pareça algo novo e criado pelas gerações do século XXI, muitas pessoas já vêm adotando essa postura no mundo a fora. “Esse rodeio nas relações é muito comum no nosso país, mas em outros países é impensável e gera extrema frustração das partes. Aliás, essa é uma questão no hardballing: evitar frustrações”.

Vantagens do hardballing

A aparente vantagem de aplicar essa estratégia de relacionamento, segundo o psicológico Claudio, é a sinceridade com o que se quer do outro na relação. “Se você conseguir usar esse tipo de abordagem, mesmo sabendo que esse não é um antídoto para frustrações ou mudanças futuras, poderá encontrar uma forma de demonstrar a tão buscada responsabilidade afetiva com o outro e consigo”.

Aliás, segundo o professor, tanto a responsabilidade afetiva quanto o hardballing vêm sendo impulsionados como tendência de relacionamento entre os jovens. Tudo isso porque há uma dificuldade de lidar com frustrações e a ansiedade advinda do fato que a vida não é algo que está totalmente sob controle. “É uma geração que tem ânsia para saber tudo que o outro espera e dizer tudo o que quer. Isso porque, por meio dessa ação, teria a percepção de que talvez as coisas fiquem sob controle. Fora isso, temos uma sociedade que não quer ‘perder tempo’ com coisas que ‘não dão em nada’. Assim, de algum modo, quando se vai direto ao ponto, há essa ilusão de que irá investir em algo mais ‘certeiro’”, destaca.

Desvantagens

Entretanto, Brites aponta que também é preciso tomar cuidado ao adotar essa tendência. “Primeiramente, os indivíduos têm que saber que, mesmo falando tudo o que deseja da e para a pessoa, e o outro também informando cada detalhe do que espera, esses desejos podem mudar no processo. É importante se abrir para isso. Além disso, ser flexível diante dessa ‘alteração nos termos’ e saber lidar com a frustração caso tenha, afinal, não é não. Até porque, muito do ‘direto ao ponto’ vem do medo de mulheres, principalmente, terem que lidar com a violência de homens que não sabem lidar com quebras em suas expectativas”.

Claudio reforça ainda que a decisão de operar essa forma de relacionamento é uma mudança na demonstração de afetos e na abordagem do que esperamos das relações. “Um alerta aqui é o quanto essa postura tida como direta pode não só nos tornar rígidos em nossas expectativas, não assumindo riscos na escolha das pessoas nas quais desejamos investir. Mas também o quanto isso problematiza ainda mais nossa atitude de tornar o outro um objeto a ser consumido ou em um prestador de serviço que deve arcar com aquilo que foi contratado para fazer”.

Por fim, o professor de Psicologia da Unicid diz que o hardballing não tem um público específico. Assim, é como qualquer outra tendência e interação, que insere a pessoa em um universo e a coloca em contato com outras que estão lá. “Cada um tem uma forma de conhecer pessoas. Pode ser o método de uma pessoa, mas também pode ser um modo de não conhecer tantas outras. E isso não é só no hardballing, é em qualquer forma de abordagem. Se está à vontade em abordar e ser abordado assim, de forma direta, bem, talvez seja indicado para você”.

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