Hantavirose: o que é, causas, sintomas e tratamentos

Saúde
19 de Outubro, 2022
Hantavirose: o que é, causas, sintomas e tratamentos

A hantavirose é uma doença infecciosa aguda e grave, causada por um vírus e que pode levar à morte em apenas 72 horas. Recentemente, um menino de 11 anos da cidade de Urubici (SC) morreu de hantavirose depois de ser mordido por um rato silvestre, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde. A criança morava em uma área rural do município. Entenda o que é a doença, quais são as causas, sintomas e tratamentos.

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O que é a hantavirose?

A hantavirose é uma doença causada por um vírus pertencente à família Hantaviridae, que por sua vez, é transmitido por roedores como ratos e camundongos que vivem em regiões selvagens, matagais e terrenos baldios. Ou seja, os animais são reservatórios naturais de hantavírus e podem eliminar o vírus pela urina, saliva e fezes.

Os ratos que contêm o vírus não necessariamente estão doentes, mas quando ele é transmitido para os seres humanos, podem deixar indivíduos de qualquer idade infectados, com sintomas comuns de virose.

De acordo com o Ministério da Saúde, a hantavirose é uma zoonose viral aguda. Os roedores podem carregar o vírus por toda a vida sem adoecer. Dessa forma, a doença se manifesta sob diferentes formas, causando febre e até quadros pulmonares e cardiovasculares mais severos e característicos, podendo evoluir para a síndrome da angústia respiratória (SARA).

As infecções ocorrem principalmente em áreas rurais, em situações ocupacionais relacionadas à agricultura, sendo o sexo masculino com faixa etária de 20 a 39 anos o grupo mais acometido. A taxa de letalidade média é de 46,5% e a maioria dos pacientes necessita de assistência hospitalar.

Diversos fatores ambientais estão associados com o aumento de casos de hantavirose, como o desmatamento desordenado, a expansão das cidades para áreas rurais e as áreas de grande plantio, pois favorece a interação entre homens e roedores silvestres.

Causas

A causa da hantavirose se dá por conta da transmissão de roedores para humanos. Quando por exemplo um rato infectado entra em uma residência habitada por uma família, ele pode deixar urina, saliva, pelos e outros excrementos que contêm o vírus.

A partir daí, mesmo que o humano não toque nos dejetos, eles podem acabar sendo acumulados em forma de poeira e atingem as veias respiratórias e as mucosas, levando ao problema de saúde.

Ela ainda pode ser transmitida por arranhões, escoriações, machucados ou mordidas do roedor diretamente na pele. Por fim, uma pessoa que contém traços das excreções nas mãos pode pegar a doença ao coçar os olhos, boca e nariz. De pessoa para pessoa, o contágio é mais raro, mas ainda assim pode existir.

O período de incubação do vírus, ou seja, o período que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é, em média, de 1 a 5 semanas, com variação de 3 a 60 dias.

Quais são os sintomas da hantavirose?

Na fase inicial, a Hantavirose causa os seguintes sintomas:

  • Febre;
  • Dor nas articulações, na cabeça, na lombar e abdominal;
  • Sintomas gastrointestinais.

Na fase cardiopulmonar, os sintomas da hantavirose são:

  • Febre;
  • Dificuldade de respirar;
  • Respiração acelerada;
  • Aceleração dos batimentos cardíacos;
  • Tosse seca;
  • Pressão baixa.

Pode ainda impactar os rins, causando até mesmo uma falência renal grave se não cuidada a tempo, com a incidência de hemorragias múltiplas pelo organismo.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito, basicamente, por meio da sorologia. O Ministério da Saúde disponibiliza os kits necessários para testes sorológicos. A coleta de amostra deve ser feita logo após a suspeita do diagnóstico, pois o aparecimento de anticorpos ocorre concomitante ao início dos sintomas e permanecem na circulação até cerca de 60 dias, após o início dos sintomas.

Se necessário, são feitos exames para diagnóstico diferencial, uma vez que alguns sintomas se confundem com o de outras doenças, como septicemia, leptospirose, virose respiratória, pneumonia atípica, dengue e febre hemorrágica.

Tratamento da hantavirose

Uma vez que haja suspeita da hantavirose, o médico irá avaliar o quadro clínico de infecção generalizada do paciente, como em qualquer virose. Mas para um diagnóstico mais certeiro, é preciso levar em conta o histórico de locais por onde o infectado passou, além de exames de sangue para identificar o vírus.

A doença não tem um tratamento específico para cura, apenas terapias que auxiliam na melhora dos sintomas. Deve-se seguir um de suporte clínico especializado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para evitar a falência dos órgãos e problemas intestinais.

Como prevenir a hantavirose?

Para evitar o surgimento da hantavirose, o ideal é impedir o contato do homem com os roedores silvestres e suas excretas (resíduos eliminados do organismo). Além disso, medidas de controle devem conter ações que impeçam a aproximação dos animais. Por exemplo, roçar o terreno em volta da casa, dar destino adequado aos entulhos existentes, manter alimentos estocados em recipientes fechados e à prova de roedores, bem como outras medidas que impeçam a interação entre o homem e roedores silvestres em locais onde é conhecida a presença desses animais.

Ou seja, o paciente precisa evitar quintais ou depósitos abandonados, sempre tampar bem o lixo e cuidar do saneamento básico para evitar riscos de aproximação dos roedores. Vale ainda proteger a respiração e o corpo com o uso de máscaras e de luvas na hora da limpeza de locais abandonados.

Fonte: Dr. Carlos Machado, clínico geral especialista em Medicina Preventiva. CRM/SP 41937 RQE 10659.

Referências: Ministério da Saúde e Manual MSD

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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