Lidar com o diabetes tipo 2 pode encher nossa mente com diversas dúvidas: o que comer? Devo medir a glicemia? Como devo me cuidar? Como evitar as complicações? Essas são algumas das principais preocupações que os pacientes têm. E a melhor forma de aprendermos sobre a condição é conversar com o médico que nos acompanha. Por isso, preparamos um guia na hora da consulta para que você possa otimizar ainda mais a sua visita ao médico.
Se preparar para as consultas é de extrema importância para o controle do diabetes. Isso porque muitas vezes o paciente tem a oportunidade de estar com o médico apenas 1 a 2 vezes por ano, mas lida 24 horas por dia com a condição, que exige dele uma série de decisões diárias. Para te ajudar nessa jornada, confira o que você precisa saber sobre como se preparar para a consulta médica e melhorar, cada vez mais, o seu controle do diabetes tipo 2!
A preparação começa pela escolha do profissional. É importante checar se o médico tem boas referências e, se possível, verificar se tem especialização em endocrinologia, que é a área que cuida e trata de pessoas com diabetes.
Além disso, uma dica que vale ouro: busque por profissionais que tenham atuação e experiência em tratar diabetes tipo 2. Isso pode te ajudar a encontrar médicos que possuem uma abordagem e acolhimento diferenciados e voltados para as necessidades de quem convive com a condição.
Se você já realiza o monitoramento das glicemias, leve todos os valores com os respectivos dias e horários anotados para o seu médico. Pode ser em um bloco de papel, caderninho ou até mesmo aplicativos. Além disso, na dúvida, também leve consigo o aparelho que você utiliza para medir o açúcar no sangue.
Esses dados são valiosíssimos para o seu tratamento. Entender como estão os seus números e o quanto a sua glicemia oscila ao longo do dia vão ajudar o médico a avaliar como está o controle do seu diabetes. Além disso, ajudará o profissional a buscar o melhor tratamento para você.
Leve para o seu médico, especialmente, se é a primeira consulta, a lista de todos os medicamentos, doses e horários que você os toma. É importante destacar se possui alergias a algum medicamento ou quais outras medicações costumava utilizar para tratar o diabetes e se deu certo ou não. Além disso, não se esqueça de anotar e conversar com o médico se sentir qualquer efeito colateral com os medicamentos que está tomando. Não deixe de mencionar, também, se toma qualquer outro medicamento natural ou a base de ervas para o médico.
Leve consigo todos os exames que tenha feito nos últimos meses: de sangue e os de imagem, se houver. Isso vai ajudar o médico a entender como anda a sua saúde. Além disso, leve também a sua caderneta de vacinação e converse com o profissional sobre quais vacinas você deve tomar. Pessoas com diabetes possuem um calendário vacinal especial.
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A alimentação é um dos principais fatores que fazem alterar a glicemia. Por isso, anote como foram suas refeições: o que comeu, quantidades, etc. Não tenha vergonha ou medo de ser julgado: essas informações vão ser valiosas para o médico te orientar melhor sobre como melhorar sua alimentação e alcançar o controle da glicemia.
Por fim, mas não menos importante, anote todas as dúvidas que tiver. É normal no começo termos muitas questões, mas esclarecê-las vai fazer toda a diferença no tratamento. Lembrando: a educação em diabetes é tão importante que é considerada parte do tratamento. Por isso, pergunte e não volte para casa com qualquer dúvida.
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Junto com a endocrinologista levantamos algumas perguntas essenciais para que o paciente leve consigo no seu guia na hora da consulta. “Essas questões são importantes para programar o que é possível fazer para melhorar o controle glicêmico, mas também a qualidade de vida e o rastreio de complicações do diabetes”, destaca Fernanda.
Este exame é capaz de revelar como foram as taxas de glicemia nos últimos três meses. Além disso, a hemoglobina glicada é considerada padrão-ouro para acompanhar o controle do diabetes e deve fazer parte dos exames de rotina em quem tem a condição. Por isso, se tem dúvidas sobre o assunto, não deixe de perguntar na consulta como está a sua hemoglobina glicada.
Antes de receber o diagnóstico nem pensávamos em quanto estava a nossa glicemia, mas entender os valores que ela deve estar vai fazer toda a diferença no seu tratamento. Por isso, pergunte ao seu médico quais são as suas metas glicêmicas e se o seu controle vai bem ou precisa de um acerto na rota. Se você utiliza sensores de glicemia, também converse com o seu médico sobre como anda o seu tempo no alvo.
Além das medições de glicemia na ponta de dedo, quem tem a condição deve fazer alguns exames para checar como anda o controle do diabetes, mas também a saúde. “Entre os principais estão o fundo de olho, a pesquisa de microalbuminúria na urina e o exame do pé diabético devem ser feitos anualmente”, destaca a endocrinologista.
Converse com o seu médico sobre quantas medições e em quais momentos do dia você deve realizar para acompanhar como anda a sua glicemia. “Para quem usa insulina, peço que faça pelo menos a glicemia antes das refeições e algumas medidas de glicemia 2h após refeições (variar entre café, almoço e jantar), mas para quem não usa insulina, peço para fazer por uma semana antes da consulta o par de glicemia antes e 2h após as refeições, variando entre o café, almoço e jantar”, complementa a endocrinologista.
Outra pergunta importante do guia na hora da consulta é sobre como controlar melhor o diabetes para evitar as complicações da condição. Na consulta é possível, junto ao seu médico, vocês chegarem a diversas estratégias, que podem te ajudar a ter cada vez mais glicemias equilibradas, bem-estar e qualidade de vida.
Pessoas com diabetes não precisam viver à base de restrições alimentares, mas alguns cuidados devem ser tomados, principalmente, com os doces e carboidratos. Esses alimentos podem ser ingeridos, mas de forma estratégica. Converse com o seu médico ou nutricionista sobre o assunto.
Quem tem diabetes pode apresentar quedas das taxas de açúcar no sangue, as chamadas hipoglicemias, que podem colocar em risco a vida da pessoa. Por isso, se você está com episódios de hipoglicemias, converse com o seu médico para ajustar o tratamento e evitar que isso aconteça.
Seja sincero nas suas respostas: o profissional está ali para te ajudar da melhor forma possível. Se você tem medo de tomar as medicações ou simplesmente esquecido de tomá-las, informe ao seu médico. Além disso, se o tratamento está caro, fale também e peça opções que caibam no seu orçamento. Toda informação é super importante para que ele possa ajustar e orientar o que for necessário.
Qualquer dúvida é importante e deve ser esclarecida. Não existe pergunta boba, existe dúvida, que merece ser esclarecida. Por isso, faça todas as perguntas necessárias. Por exemplo, se você gosta de tomar uma cervejinha, converse com seu médico sobre isso. Em muitos casos, é possível planejar o consumo de bebidas alcoólicas com segurança.
Seja honesto e conte suas maiores dificuldades no tratamento, seja alimentação, exercício físico ou até mesmo lidar emocionalmente com a situação. Pessoas com condições crônicas possuem mais chances de desenvolver quadros de depressão e ansiedade, pois a rotina de cuidados pode ser exaustiva. Se você está sentindo que lidar com o diabetes está mais pesado, converse com o seu médico e procure ajuda. Lembre-se: você não está só e há muitos profissionais capacitados que podem te ajudar. Com tratamento adequado é possível conviver com o diabetes de uma forma mais leve.
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Fonte: Fernanda Faro, endocrinologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Referência: SBD