Gerenciando o estresse para melhor controle do diabetes tipo 2

Equilíbrio
13 de Julho, 2023
Gerenciando o estresse para melhor controle do diabetes tipo 2

Viver com diabetes tipo 2 pode ser desafiador, pois requer cuidados contínuos e  atenção aos níveis de glicose no sangue. No entanto, além dos cuidados físicos, é  importante reconhecer o impacto emocional que o estresse pode ter sobre a doença e quais as estratégias comprovadas para seu manejo eficaz, visando promover uma vida  equilibrada e saudável. 

Como o estresse afeta os níveis de glicose e dificulta o tratamento

Há dois tipos de estresse que podem alterar os níveis de açúcar no sangue: o  estresse físico, causado por doença, cirurgia ou machucado importante, e o estresse  mental ou emocional, que tem efeitos mistos, podendo afetar os níveis de glicose no  sangue de forma direta e indireta.  

Estudos científicos têm demonstrado que em sua forma direta, ele pode  desencadear uma resposta fisiológica, conhecida como resposta ao estresse. Diante de  uma situação estressante, o corpo libera hormônios, como o cortisol, que altera a  regulação dos níveis de glicose no sangue.  

Indiretamente, a presença do estresse pode fazer com que você esqueça sua  rotina de cuidados regulares com o diabetes, levando a uma série de comportamentos que influenciam no seu tratamento: mudança na frequência de exercícios, alimentação em maior ou menor quantidade, escolha de alimentos menos saudáveis, alteração da rotina de sono, diminuição na monitorização de seu nível de açúcar no sangue e atrasos  e esquecimentos de doses de medicamento e/ou insulina. 

Prevalência de estresse e burnout em pessoas com diabetes tipo 2:  Pesquisas indicam que pessoas com diabetes tipo 2 têm uma maior  predisposição não só ao estresse, mas também ao burnout. Estima-se que até 40% dos  pacientes com diabetes tipo 2 experimentem altos níveis de estresse. O burnout,  caracterizado por exaustão emocional e física generalizada devido às demandas da doença, afeta cerca de 30% dos indivíduos. Esses números alarmantes destacam a  importância de abordar o estresse como parte integrante do tratamento. 

Sinais e sintomas de estresse que merecem atenção

Reconhecer os sinais e sintomas de estresse é essencial para um gerenciamento  adequado do diabetes tipo 2. Alguns sinais comuns incluem ansiedade, irritabilidade,  dificuldade de concentração, alterações no apetite, distúrbios do sono, fadiga e  aumento dos níveis de glicose no sangue. É fundamental estar atento a esses  indicadores, pois eles podem afetar negativamente o bem-estar emocional e físico. 

Estratégias comprovadas para o manejo do estresse e relatos de pacientes que  optaram por utilizá-las

  1. Prática de exercícios físicos  

A prática regular de exercícios físicos, como caminhadas, corridas, natação ou  ioga, tem mostrado benefícios significativos no gerenciamento do estresse. O exercício  ajuda a liberar endorfinas, neurotransmissores que promovem sensações de bem-estar  e reduzem a tensão emocional. Além disso, a atividade física regular ajuda a melhorar a  circulação sanguínea, aumentar a energia e melhorar o sono, contribuindo para um  melhor equilíbrio emocional e controle dos níveis de glicose. 

“Desde que comecei a caminhar diariamente, percebi uma melhora significativa na minha disposição e nos meus níveis de estresse.  Isso me ajudou a manter um melhor controle dos meus níveis de glicose  também.” (M.L, 53 anos) 

  1. Técnicas de relaxamento

As técnicas de relaxamento, como a respiração profunda, meditação e  mindfulness (atenção plena), têm sido amplamente utilizadas para reduzir o estresse e  promover a tranquilidade mental. Essas práticas ajudam a diminuir a atividade do  sistema nervoso simpático, responsável pela resposta ao estresse, e a aumentar a  atividade do sistema nervoso parassimpático, que induz ao relaxamento. O relaxamento resultante dessas técnicas pode contribuir para a estabilidade emocional e auxiliar no  controle dos níveis de glicose. 

“A meditação diária me proporcionou momentos de calma e redução do estresse. Sinto-me mais equilibrado emocionalmente e  percebo que minha glicemia fica mais estável.” (G.H.S., 61 anos) 

  1. Suporte social

O suporte social desempenha um papel fundamental no gerenciamento do  estresse. Participar de grupos de apoio ou compartilhar experiências com outras  pessoas que têm diabetes tipo 2 pode proporcionar um senso de pertencimento e  compreensão, reduzindo a sensação de isolamento e solidão. Compartilhar  preocupações e receber apoio mútuo pode aliviar o estresse emocional e ajudar no  enfrentamento da doença. Além disso, contar com o apoio de entes queridos e  profissionais de saúde pode fornecer suporte prático e emocional para lidar com o  estresse diário. 

“Participar de grupos de apoio com outras pessoas com diabetes  tipo 2 me fez perceber que não estou sozinho. Compartilhar experiências  e receber apoio mútuo tem sido fundamental para lidar com o estresse  do dia a dia.” (A.V.A., 49 anos) 

  1. Gerenciamento do tempo

A habilidade de gerenciar o tempo efetivamente é crucial para reduzir o estresse.  Organizar e priorizar tarefas, estabelecer metas realistas e evitar a procrastinação pode  diminuir a sensação de sobrecarga e ansiedade. Ao planejar e distribuir as atividades ao  longo do dia de forma equilibrada, é possível evitar o acúmulo excessivo de estresse e  encontrar tempo para atividades relaxantes e prazerosas, melhorando a qualidade de  vida e auxiliando no controle do diabetes. 

“Aprender a organizar minhas tarefas e estabelecer prioridades  me ajudou a reduzir o estresse e ter mais controle sobre meu tratamento  do diabetes. Agora, consigo administrar melhor o meu tempo e me sentir  menos sobrecarregada.” (L.F.P.S., 39 anos)

  1. Práticas de autocuidado

Cuidar de si mesmo é essencial para o manejo do estresse. Isso inclui dormir o  suficiente, alimentar-se de maneira saudável, reservar tempo para atividades  prazerosas e praticar hobbies. Essas práticas promovem o bem-estar emocional e  ajudam a reduzir os níveis de estresse. Quando se dedica tempo e atenção ao  autocuidado, é possível cultivar emoções positivas, reduzir a ansiedade e aumentar a  resiliência para lidar com os desafios do diabetes tipo 2. 

“Incorporar momentos de lazer e descanso na minha rotina me permitiu cuidar melhor de mim mesmo. Isso me ajudou a enfrentar o  estresse de forma mais saudável e, consequentemente, tive uma  melhora na minha qualidade de vida.” (J.L.V.P, 47 anos) 

Ao adotar estratégias eficazes de gerenciamento do estresse, é possível alcançar  um maior equilíbrio emocional e melhorar o controle do diabetes tipo 2. É importante  lembrar que o gerenciamento do estresse é um processo individual e pode exigir a  combinação de várias técnicas.  

Se o estresse estiver afetando significativamente sua qualidade de vida ou se  você estiver enfrentando dificuldades para lidar com ele, é recomendável buscar a ajuda  de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou terapeuta, que poderá  fornecer orientação personalizada e suporte adequado. 

Referências: 

  1. Chrousos, G. P. (2009). Stress and disorders of the stress system. Nature Reviews  Endocrinology, 5(7), 374-381. 
  2. Kahl, K. G., Schweiger, U., Correll, C., Müller, C., Busch, M. L., Bauer, M., &  Schwarz, P. E. (2015). Depression, anxiety disorders, and metabolic syndrome in  a population at risk for type 2 diabetes mellitus. Brain and Behavior, 5(3),  e00306. 
  3. Li, C., & Barker, L. E. (2014). Addressing mental health in people with diabetes: A  review of the literature. Diabetes Research and Clinical Practice, 105(2), 141-152. 4. Schmitz, N., Gariépy, G., Smith, K. J., Malla, A., Wang, J., Boyer, R., … & Lesage,  A. (2013). Recurrent subthreshold depression in type 2 diabetes: An important  risk factor for poor health outcomes. Diabetes Care, 36(3), 809-815.

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