Exame PPD: o que é, para que serve e como interpretar o resultado

Saúde
28 de Julho, 2022
Exame PPD: o que é, para que serve e como interpretar o resultado

Se você teve contato com alguém que contraiu tuberculose, certamente precisará fazer o exame PPD (do inglês Purified Protein Derivative) para ajudar a descartar ou confirmar a suspeita de infecção.

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O que é e para que serve o exame PPD?

A tuberculose possui duas fases: a primeira, chamada latente, é o período em que a bactéria Mycobacterium tuberculosis fica adormecida no organismo e não mostra sinais. No entanto, a pessoa infectada pode espalhar a doença para outras. Já a fase ativa é quando a tuberculose apresenta os sintomas típicos da infecção pulmonar. Por exemplo, febre, tosse, perda de peso e sudorese noturna. “O exame PPD é um teste de triagem muito útil para checar a presença de antígenos da bactéria da tuberculose no organismo. Principalmente para avaliar se a doença está na fase latente, pois já entramos com o tratamento para evitar o avanço da infecção”, explica Giovanna Sapienza, médica infectologista do Centro de Prevenção Meniá.

Como é feito

De acordo com Giovanna, o exame é simples: o paciente recebe uma injeção intradérmica no antebraço contendo uma pequena dosagem de proteína tuberculínica (tuberculina ou PPD). Após a aplicação do PPD, normalmente se aguarda entre 48h e 72h (às vezes, até 96h) para verificar a reação do organismo à substância. Passado esse período, o paciente precisa voltar ao laboratório ou consultório para observar se o corpo teve algum tipo de resposta ao PPD.

Como interpretar os resultados do exame PPD?

A princípio, a forma mais simples de avaliar o resultado com base no inchaço da pele, que indica a reação à proteína. Ou seja, o resultado pode ser negativo se a pessoa tiver pouco ou nenhum inchaço na área de aplicação do PPD. Contudo, essa interpretação pode ser muito abrangente, pois o inchaço leve pode ser considerado intenso, dependendo do profissional que está avaliando. Portanto, o parâmetro mais utilizado para o veredito é o tamanho da altura do inchaço milímetros, além da própria condição clínica do paciente. Veja os indicadores:

5 a 9 milímetros

Nessa avaliação, o edema indica o resultado positivo para tuberculose nos seguintes casos:

  • Portadores de HIV ou pessoas imunossuprimidas.
  • Alterações no resultado do raio-X.
  • Transplante de órgãos.
  • Contato com um paciente com tuberculose ativa.
  • Uso de esteroides.

Igual ou superior a 10 milímetros

Também é considerado positivo, em especial associado a uma ou mais condições abaixo:

  • Profissionais de saúde.
  • Menores de 4 anos de idade.
  • Fatores de risco para a tuberculose, como diabetes e insuficiência renal.
  • Uso de drogas injetáveis.
  • Moradia em locais com maior risco de contágio, como prisões, asilos e albergues.

Contudo, Sapienza ressalta que o exame PPD não deve ser o único teste para identificar a tuberculose. “Para fechar o diagnóstico e verificar se o paciente tem chance de ter tuberculose ativa, fazemos exames complementares, como tomografia computadorizada, raio-X e baciloscopia de escarro, por exemplo”, esclarece. Há, ainda, a possibilidade do resultado acusar falso positivo ou falso negativo. No primeiro caso, isso ocorre quando a pessoa tomou a vacina da tuberculose ou se há outros tipo de infecção. Por sua vez, o falso negativo pode acontecer se o indivíduo não tiver nenhuma reação ao exame, além de:

  • Histórico de imunização com vírus vivo.
  • Infecção pela bactéria da tuberculose muito recente ou tardia.
  • Tratamentos específicos, como a quimioterapia.
  • Manejo incorreto para o teste (aplicação inadequado e interpretação equivocada).

E se houver dúvidas quanto ao resultado do exame PPD?

Vale ressaltar que o teste não é o único que detecta a tuberculose. Embora seja eficaz para descobrir a bactéria na fase latente, outros resultados são necessários para confirmar o diagnóstico. Portanto, alguns profissionais podem sugerir a repetição do PPD acompanhada de novos exames.

Existem contraindicações para o PPD?

De acordo com Sapienza, não há restrições para o teste. “A única recomendação é evitar o exame se a pessoa tomou a vacina de vírus vivo há menos de 30 dias, devido ao risco do falso negativo. Caso contrário, é muito difícil ter reações adversas ao PPD, a não ser que o paciente tenha feito o exame antes e apresentou algum tipo de alergia mais severa”, finaliza.

Como é o tratamento da tuberculose?

O tratamento da tuberculose inclui, além de medicamentos, mudanças no estilo de vida. A princípio, envolve quatro tipos de medicamentos, e leva 6 meses, período em que a doença deve ser monitorada a cada mês. Entretanto, o grande problema hoje em dia é que pela falta de aderência ao tratamento, abandono e uso de outros medicamentos que interferem na absorção desses medicamentos, há uma grande complicação com a resistência da Mycobacterium às drogas utilizadas.

Como consequência, têm crescido os casos de resistência primária MDR (“Multidrug-resistant”) e XDR (“Extensively drug-resistant”). Por essa razão, foi iniciado no Brasil – também pelo  SUS – o tratamento diretamente observado. Ou seja, o paciente recebe a medicação no posto de saúde diariamente, pelo menos na fase inicial da enfermidade. Existe ainda a possibilidade de vacina como proteção.

Fontes: Giovanna Sapienza, médica infectologista do Centro de Prevenção Meniá, do Incor – HCFMUSP e do Hospital São Luís – unidade Jabaquara; Referência: Center for Disease Control and Prevention (CDC).

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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