Esquizofrenia paranoide: entenda a condição

Bem-estar Equilíbrio Saúde
10 de Setembro, 2024
Esquizofrenia paranoide: entenda a condição

A esquizofrenia paranoide é um dos tipos mais comuns de esquizofrenia, uma doença mental crônica e grave que afeta a maneira como a pessoa pensa, sente e se comporta. As pessoas com esquizofrenia paranoide muitas vezes perdem o contato com a realidade, o que pode impactar profundamente suas vidas diárias, suas relações sociais e sua capacidade de trabalhar.

Conheça seus principais sintomas, causas, fatores de risco, tratamentos e como familiares e cuidadores podem apoiar alguém com a condição.

Leia mais: Sintomas de esquizofrenia: como identificar e diagnóstico

O que é esquizofrenia paranoide?

A esquizofrenia é uma condição psiquiátrica complexa e multifacetada, que afeta aproximadamente 1% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde. A esquizofrenia paranoide é uma subcategoria dessa condição, caracterizada principalmente por delírios e alucinações.

Características principais

Na esquizofrenia paranoide, os delírios — crenças falsas que não correspondem à realidade — são predominantemente paranoides. Isso significa que o indivíduo pode acreditar que está sendo perseguido, observado ou que outras pessoas estão conspirando contra ele. Além dos delírios, alucinações auditivas são comuns, com o indivíduo ouvindo vozes que não estão presentes.

Esses sintomas paranoides podem levar a comportamentos defensivos, agressivos ou socialmente isolados, uma vez que a pessoa acredita estar sob constante ameaça.

Sintomas da esquizofrenia paranoide

Os sintomas da esquizofrenia paranoide podem variar de pessoa para pessoa, tanto em intensidade quanto em frequência. No entanto, os sinais mais característicos incluem:

1. Delírios paranoides

A principal característica dessa forma de esquizofrenia é a presença de delírios paranoides. O indivíduo acredita, de forma incorreta, que está sendo perseguido, espionado ou que há conspirações contra ele. Esses delírios podem ser altamente convincentes para a pessoa afetada, mesmo que não tenham base na realidade.

2. Alucinações auditivas

Além dos delírios, as alucinações auditivas são comuns. A pessoa pode ouvir vozes que lhe dizem o que fazer, ou que fazem comentários sobre seu comportamento. Essas vozes podem ser extremamente perturbadoras, exacerbando o estado paranoide.

3. Comportamento desconfiado ou defensivo

Como resultado das crenças paranoides, o comportamento do indivíduo muitas vezes se torna defensivo ou até mesmo agressivo. Eles podem se afastar das pessoas, acreditando que estão em perigo, ou agir de forma hostil para se proteger das ameaças imaginárias.

4. Isolamento social

O isolamento social é um efeito colateral comum. A pessoa pode se afastar de amigos, familiares e outras pessoas, acreditando que está sendo observada ou perseguida. Esse distanciamento pode agravar ainda mais os sintomas.

5. Falta de insight sobre a condição

Pessoas com esquizofrenia paranoide raramente reconhecem que estão doentes. Elas acreditam que suas percepções e delírios são reais, o que dificulta o tratamento e a busca por ajuda.

O que causa a esquizofrenia paranoide?

As causas exatas da esquizofrenia paranoide ainda são objeto de pesquisa, mas especialistas acreditam que uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais contribui para o desenvolvimento da condição.

1. Fatores genéticos

Há evidências substanciais de que a esquizofrenia possui um forte componente genético. Se uma pessoa tem um parente de primeiro grau, como um pai ou irmão, com esquizofrenia, seu risco de desenvolver a doença é significativamente maior. No entanto, isso não significa que a esquizofrenia seja exclusivamente hereditária; outros fatores também desempenham um papel.

2. Alterações no cérebro

Pesquisas de neuroimagem indicam que pessoas com esquizofrenia paranoide frequentemente apresentam alterações na estrutura e função cerebral. Isso inclui mudanças na forma como diferentes regiões do cérebro se comunicam entre si, bem como uma possível disfunção nos neurotransmissores, como a dopamina.

3. Fatores ambientais

Experiências traumáticas ou estressantes, como abuso na infância, eventos de vida altamente estressantes ou o uso de substâncias psicoativas, podem desencadear ou agravar a esquizofrenia. O uso de drogas como cannabis, especialmente durante a adolescência, tem sido associado a um risco aumentado de desenvolvimento da condição.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de esquizofrenia paranoide é complexo e deve ser realizado por um psiquiatra. O profissional avalia o histórico médico, os sintomas apresentados e a duração desses sintomas, além de excluir outras condições que podem causar sintomas semelhantes, como transtornos de humor ou uso de substâncias.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os critérios para o diagnóstico incluem a presença de dois ou mais dos seguintes sintomas por pelo menos um mês: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado e sintomas negativos (como apatia ou falta de emoções).

Tratamento da esquizofrenia paranoide

Embora a esquizofrenia seja uma condição crônica, é possível controlá-la com o tratamento adequado. O tratamento da esquizofrenia paranoide geralmente inclui uma combinação de medicamentos e psicoterapia.

1. Medicamentos antipsicóticos

Os antipsicóticos são a base do tratamento medicamentoso para esquizofrenia. Eles ajudam a reduzir os sintomas, como delírios e alucinações, e estabilizam o humor do paciente. Existem dois tipos principais de antipsicóticos:

  • Antipsicóticos típicos: também chamados de antipsicóticos de primeira geração, como a haloperidol. Eles são eficazes, mas podem ter efeitos colaterais significativos, como tremores e rigidez muscular.
  • Antipsicóticos atípicos: medicamentos de segunda geração, como a olanzapina e a risperidona. Esses tendem a ter menos efeitos colaterais graves e são mais amplamente utilizados atualmente.

2. Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é frequentemente recomendada como parte do tratamento da esquizofrenia paranoide. A TCC ajuda os pacientes a reconhecer e modificar padrões de pensamento distorcidos, como os delírios paranoides. Ela também auxilia no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento e na melhoria das relações sociais.

3. Terapia ocupacional e apoio social

Muitas pessoas com esquizofrenia paranoide se beneficiam de programas de reabilitação que incluem terapia ocupacional, treinamento de habilidades sociais e apoio na reintegração ao trabalho. Esses programas ajudam a restaurar a funcionalidade e a promover a independência.

Esquizofrenia paranoide e qualidade de vida

Com tratamento contínuo e suporte adequado, muitas pessoas com esquizofrenia paranoide podem levar uma vida satisfatória e produtiva. O envolvimento de familiares e cuidadores é crucial nesse processo, proporcionando o suporte emocional e prático necessário para o sucesso do tratamento.

Como os familiares podem ajudar?

O envolvimento da família é uma parte fundamental no manejo da esquizofrenia paranoide. Algumas maneiras de apoiar um ente querido incluem:

  • Educação sobre a condição: Quanto mais os familiares souberem sobre a esquizofrenia paranoide, melhor poderão apoiar o tratamento e compreender os desafios enfrentados.
  • Incentivar o tratamento contínuo: É comum que pessoas com esquizofrenia abandonem o tratamento, especialmente quando os sintomas diminuem. É importante lembrar ao paciente sobre a necessidade de manter a medicação e as consultas.
  • Criar um ambiente de apoio: Um ambiente calmo, compreensivo e sem julgamentos pode ajudar a pessoa a lidar melhor com os sintomas e a se sentir mais segura.

Referência: Ministério da Saúde e Manual MSD.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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