80% das brasileiras nunca falaram sobre escape de xixi com seus médicos
Certos temas, mesmo que comuns à maioria das mulheres, ainda são considerados verdadeiros tabus. Menstruação e escape de urina, por exemplo, são dois assuntos que ainda estão cercados por estigmas no Brasil, aponta a nova pesquisa “Menstruação e Escapes de xixi”.
O estudo, encomendado por Intimus e conduzido pela Grimpa, entrevistou mais de 1200 mulheres de 18 a 45 anos e de todas as regiões do país. Os resultados mostraram que cerca de 80% delas nunca conversaram sobre incontinência urinária com seus médicos.
Além disso, a pesquisa mostrou que 39% das brasileiras consideram os temas menstruação e escape de xixi estigmatizados. Por isso, acabam não buscando ajuda por vergonha e insegurança.
Nesse cenário, ao longo de todo o estudo, palavras como “autoaceitação”, “autoconhecimento”, “normalização da fisiologia feminina”, “inclusão”, “prevenção”, “confiança” e “empatia” aparecem bastante nas falas das entrevistadas.
Tabus sobre o escape de urina
O estudo enfatizou que apenas 36% das mulheres entrevistadas já buscaram informações sobre escape de urina, e 28% desconhecem qualquer tipo de prevenção.
Por outro lado, com relação ao conhecimento sobre o tema, 85% das voluntárias dizem entender sobre. Mas, ainda assim, não buscam ajuda e nem falam a respeito — mesmo entre amigas, por medo ou vergonha.
“Conversar com o médico é a primeira coisa a se fazer. Isso porque o especialista é a pessoa mais indicada para investigar as causas, trabalhar no melhor tratamento e explicar sobre a condição. É por isso que falar sobre o tema é importante. Assim, as mulheres vão se sentir cada vez mais à vontade para lidar com os escapes de xixi, e essa troca com outras mulheres que passaram ou passam pela condição também é importante”, afirma a ginecologista Rebeca Gerhardt.
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Incontinência urinária atinge mais de 70% das mulheres
Pouca gente sabe, mas a incontinência urinária feminina é maioria. Dessa forma, a condição atinge duas vezes mais mulheres do que homens. E embora seja considerada de baixa gravidade, pode comprometer a vida social até mesmo de jovens adultas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, o problema atinge 72% das mulheres no mundo. Além disso, cerca de 20% dos casos de incontinência são em mulheres adultas, e em idosas pode chegar a 50%.
A incontinência urinária caracteriza-se pela perda involuntária de urina e conta com três tipos: a de esforço, quando há perda de urina em atividades que contraem a região do abdômen, como tossir, espirrar, rir e fazer atividade física de alto impacto. A de urgência, por sua vez, ocorre quando há súbita vontade de urinar e a pessoa não consegue chegar a tempo no banheiro. Por fim, há a mista, mais comum em idosos, pessoas com diabetes e pessoas com lesões na coluna/medulares.
Dentre as causas mais comuns estão alterações hormonais e enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, seja pelo envelhecimento, por uma (ou mais) gestação, tabagismo, lesões ou mesmo pela prática de exercícios físicos de alto impacto ou de forma inadequada.
Pesquisa: Menstruação e Escapes de xixi: investigando estigmas sobre os temas.