Erotomania: entenda o possível transtorno da série Bebê Rena

Bem-estar Equilíbrio
10 de Maio, 2024
Erotomania: entenda o possível transtorno da série Bebê Rena

A minissérie britânica Bebê Rena estreou há apenas um mês na plataforma de streaming Netflix, mas já levantou intensas discussões. Com um enredo que mescla drama, suspense e humor ácido, a história é uma adaptação do show individual de Richard Gadd, ator principal e cuja vida real serviu de inspiração para a obra. Nela, Gadd é perseguido por Martha, uma mulher com quem tem uma rápida interação – mas que acaba desenvolvendo uma espécie de obsessão pelo comediante.

Apesar de a trama não citar nenhum diagnóstico com relação à Martha, muitos espectadores identificaram traços da chamada erotomania (ou síndrome de Clérambault) em seus comportamentos.

O psicólogo Alexander Bez, especialista em Relacionamentos e Saúde Mental, explica que a síndrome tem como principal caraterística uma fixação irreal que uma pessoa desenvolve por outra (geralmente uma figura pública, celebridade ou alguém com status social elevado).

A doença está inserida no CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, da OMS) e no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) como um subtipo de transtorno delirante persistente. Entretanto, é importante ressaltar que a análise, a investigação e o tratamento de qualquer condição de caráter emocional e psiquiátrico só deve ser feito por um profissional.

“Apesar disso, a erotomania pode representar um perigo real para a pessoa que é objeto desse desejo. Trata-se de um transtorno mental em que o indivíduo acredita firmemente estar sendo amado por outra pessoa. Ele manifesta esse delírio ao interpretar ações simples como expressões de amor”, complementa o psicólogo.

De acordo com ele, é comum que pacientes com esse quadro busquem a pessoa amada (seguindo-a de diversas formas, seja de modo virtual ou real) para tentar concretizar a fantasia.

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Sintomas da erotomania

“Os sintomas e sinais da erotomania variam em intensidade de paciente para paciente. Mas incluem comportamentos obsessivos e até mesmo agressivos. Especialmente para quem confronta ou tenta impedir o portador do transtorno de se aproximar do outro”, explica o psicólogo. Os comportamentos característicos vão desde a crença em comunicação telepática, a fantasia de uma vida a dois, armazenamento de itens pessoais da pessoa e perseguição.

Em quadros graves, o portador pode ter atitudes perigosas, colocando em risco a integridade física (e até sexual) do indivíduo escolhido (ou a sua própria). Muitas vezes, o paciente justifica essas ações como um direito dele, que considera a outra pessoa seu cônjuge ou alguém que o deve satisfações.

Guardadas as devidas particularidades, Alexander Bez relembra um caso notável que aconteceu no Brasil com a modelo e apresentadora Ana Hickmann. Ainda segundo o especialista, a erotomania pode ser categorizada em dois níveis:

  • Primário: “apresenta-se como um subtipo específico do transtorno obsessivo-compulsivo, porém com um forte componente delirante. Nesse estágio, não há outras condições psiquiátricas associadas, tornando o tratamento especialmente desafiador e com respostas terapêuticas limitadas”;
  • Secundário: “neste nível, além do transtorno da erotomania, podem estar presentes outras condições mentais e comorbidades que complicam o quadro clínico. Entretanto, a resposta aos tratamentos, incluindo medicamentos e psicoterapia, tende a ser mais favorável do que no nível primário, podendo exigir a combinação de abordagens terapêuticas.”

Por fim, o tratamento pode envolver psicoterapia, uso de antipsicóticos, antidepressivos e ansiolíticos. Além de abordagens específicas para corrigir o delírio e trabalhar os sintomas associados.

Poréns

Vale reforçar que, apesar de a série ter se baseado em fatos reais, isso não significa que todas as cenas e situações realmente aconteceram. Afinal, é comum que filmes e outras obras tragam sempre uma dose de ficção a fim de deixar a narrativa mais interessante. Além disso, diagnósticos relacionados a transtornos mentais devem ser feitos apenas por profissionais capacitados, e o processo pode durar semanas (ou até meses).

Fonte: Alexander Bez, psicólogo e especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM); especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA); e especialista em Saúde Mental.

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