Como tratar o endométrio fino para conseguir engravidar

Gravidez e maternidade Saúde
07 de Dezembro, 2021
Como tratar o endométrio fino para conseguir engravidar

Uma das causas que impedem a gravidez é o endométrio fino. Tal condição ocorre quando o endométrio (tecido que reveste internamente o útero) tem uma espessura reduzida, o que impossibilita a fixação do embrião na parede uterina e o suporte fetal durante a gestação. Sendo assim, o endométrio não consegue alcançar pelo menos 7 mm de espessura ao ultrassom. Tal condição atinge cerca de 2,5% das mulheres. Quando o endométrio não cresce adequadamente, ele pode não desenvolver modificações que o tornam receptivo para a gravidez. Dessa forma, o embrião não consegue implantar. 

No entanto, alguns especialistas consideram que mais importante que a espessura do endométrio, é o seu aspecto. Um endométrio favorável tem aspecto trilaminar ao ultrassom (com três lâminas). Assim, um endométrio menor que 7mm, com aspecto trilaminar, pode ser receptivo. Importante ressaltar que ocorrem gravidezes com endométrios finos de até 4 ou 5mm, entretanto, quando analisamos as estatísticas, as chances de gravidez nesses casos são menores.

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Endométrio flexível

Para entendermos a importância da espessura do endométrio, precisamos entender sua fisiologia. Na menstruação, o endométrio descama e fica fino (menos de 5mm de espessura). Entretanto, ao longo do ciclo menstrual, o hormônio estradiol produzido pelo ovário começa a proliferar no endométrio, tornando-o progressivamente mais espesso até o momento da ovulação, quando atinge a espessura máxima, que é, em geral, entre 7 e 14 mm. 

A partir da ovulação, o ovário passa a produzir outro hormônio: a progesterona que, entre outras funções, age no endométrio fazendo parar de crescer, mas aumenta a secreção das glândulas e induz alterações imunológicas e vasculares para tornar o endométrio receptivo ao embrião. Em geral, após 5 dias de progesterona, o endométrio já pode receber o embrião.

Sintomas do endométrio fino

A maioria das mulheres com endométrio fino são assintomáticas e só descobrem que o tem pelo ultrassom. Porém, quando endométrio é muito fino, a menstruação pode vir com menor fluxo e menos dias de sangramento. Além disso, em situações extremas, pode interromper as menstruações, condição também conhecida como amenorreia.

Causas do endométrio fino

As principais causas de endométrio fino são infecções e lesões por procedimentos uterinos. Vale ressaltar que o endométrio tem duas camadas: uma mais profunda (a camada basal), que nunca descama e é responsável pela regeneração do endométrio após a menstruação; e outra mais superficial (a camada funcional), que cresce sob estímulo hormonal e descama na menstruação. 

Quando há uma lesão da camada basal, o endométrio não consegue mais crescer naquela região. Isso pode ocorrer em processos inflamatórios, como infecções (endometrite) e após cirurgias uterinas, como retiradas de miomas e pólipos e, principalmente, após curetagens uterinas. 

Nesses casos, as cicatrizes no endométrio (sinéquias) impedem seu crescimento. Em casos mais graves, pode acometer todo o endométrio, sendo chamada de Síndrome de Asherman. Nesse caso, os ciclos menstruais são interrompidos, pois o endométrio não cresce mais.

Outra causa comum de endométrio fino é o uso de progestágenos (medicamentos semelhantes à progesterona) ou alterações hormonais que levam a um aumento inesperado da progesterona. Por fim, o endométrio fino pode ser, também, uma característica normal do endométrio de algumas mulheres. 

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Como tratar o endométrio fino para conseguir engravidar?

O primeiro passo é diagnosticar o endométrio fino. Podem ser necessários exames como histeroscopia (introduz-se uma câmera dentro do útero para ver a cavidade do endométrio). No caso de haver cicatrizes no útero (sinéquias) que estão o impedindo de crescer, pode ser feita cirurgia para retirada dessas sinéquias. Caso não haja lesões, são realizadas dosagens hormonais para ver os níveis de estradiol e de progesterona. Casos em que o estradiol está muito baixo e a progesterona elevada, indicam que o endométrio não cresce adequadamente.

Por fim, casos em que o endométrio não tem lesões e possui níveis adequados de níveis hormonais podem indicar que tal característica é intrínseca daquele endométrio. Nesse caso, algumas medidas podem ser propostas para melhorar a espessura do endométrio, como o aumento da dose de estradiol, além de tentar aprimorar a circulação pélvica, o que melhora a resposta do endométrio ao estímulo hormonal. Medicamentos como aspirina e vasodilatadores como pentoxifilina, tadalafina e sildenafil também podem ser indicados para uso oral ou vaginal. 

Outros tipos de tratamento

Injeção endometrial de G-CSF (fator estimulante de colônias de granulócitos) e PRP (plasma rico em plaquetas) também pode ser indicada. O primeiro é um medicamento utilizado normalmente para estimular a produção de glóbulos brancos e pode estimular o crescimento do endométrio e aumentar as taxas de gavidez. O PRP, por outro lado, é produzido a partir do sangue da própria paciente (sangue autólogo). Acredita-se que essas injeções podem aumentar o crescimento endometrial e melhorar as taxas gravidez. Entretanto, esses tratamentos ainda são considerados experimentais.

Existe ainda a possibilidade de se fazer um exame para avaliar a receptividade do endométrio (exame ERA – endometrial receptivitiy array) para saber se, mesmo fino, o endométrio está receptivo, embora este também seja um exame alvo de muitas controvérsias. Existem também os tratamentos de fertilização in vitro. Nesses casos, o endométrio é preparado de forma artificial antes de transferir o embrião. Para isso, utiliza-se o estradiol durante 10 a 15 dias para o endométrio crescer, o que é acompanhado por ultrassom. Quando ele atinge mais de 7 mm ao ultrassom, inicia-se a progesterona por mais 5 dias e, então os embriões são transferidos. 

Por fim, muitas vezes o endométrio não consegue realmente crescer e, em alguns casos, a única opção que resta é o transplante de útero. Dessa forma, tratar endométrio fino é desafiador e deve ser avaliado caso a caso por um médico especialista.

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Fonte: Dr. Rogerio B.F Leão. Medico especiaista em Infertilidade da equipe do Centro de Reprodução Humana do IPGO – CRM – 104.152 RQE – 38.912

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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