Dor nas pernas e leucemia: mãe descobre doença em filha de 7 anos

Saúde
04 de Abril, 2023
Dor nas pernas e leucemia: mãe descobre doença em filha de 7 anos

Era segunda-feira, 6 de março deste ano, quando Laura Petry Piotto, de 7 anos, acordou se queixando de dores nas pernas para a mãe, Daniela Gerent Petry Piotto, de 45 anos. Como o final de semana havia sido bastante agitado, com direito a passeio no shopping e festa de aniversário num buffet infantil, Daniela – que é médica pediatra e reumatologista – suspeitou se tratar de dor muscular. Fez uma massagem nas pernas da filha e foi trabalhar. O que Daniela ainda não sabia era que a dor nas pernas de Laura indicavam que a menina estava com leucemia linfoide aguda (LLA). Entenda mais sobre a doença.

Leia mais: Sintoma de leucemia infantil: mãe faz alerta sobre sinal atípico da filha

O que é a leucemia?

A leucemia linfoide aguda é o tipo de câncer mais comum em crianças. Desse modo, a mãe descobriu a doença em apenas três dias, graças à rápida atuação. De acordo com o hematologista Nelson Hamerschlak, do Hospital Israelita Albert Einstein, a LLA pode se manifestar com dores ósseas, cansaço, palidez, manchas roxas pelo corpo, febre e infecções.

“No entanto, frente a estes sintomas, temos que pensar inicialmente em doenças não malignas que são muito mais comuns em crianças e costuma acontecer com um ou mais destes sintomas. A leucemia é uma doença rara, ocorre em 1 para cada 100 mil crianças”, ponderou o médico.

Daniela reconhece que o fato de ser médica a ajudou a suspeitar mais rapidamente dos sintomas da filha para buscar ajuda e chegar ao diagnóstico precoce. “Quando eu confirmei o diagnóstico de leucemia, perdi o chão. Chorei sem parar. Por isso, hoje falo que a Laura tem uma missão, que é a de chamar a atenção de outras famílias para esse sintoma”.

Como tudo aconteceu

De acordo com Daniela, os primeiros sinais – ainda bastante inespecíficos – começaram no sábado, 4 de março. Na ocasião, Laura teve uma diarreia. Como as duas haviam comido fora no dia anterior, Daniela pensou que seria apenas um desarranjo. Assim, no domingo, a menina estava normal: foi a uma festa de aniversário, brincou no pula-pula, correu, ou seja, estava ativa. Porém, na segunda pela manhã, surgiu a queixa da dor nas pernas, que depois se converteu no diagnóstico de leucemia.

No dia seguinte, na terça, Laura foi à escola normalmente, mas estava mais quietinha, não quis brincar com as amigas. Passou a tarde em casa, a maior parte do tempo sentada no sofá. Quando a mãe chegou do trabalho, nem correu para abraçá-la (uma reação rotineira na vida da família).

A queixa agora era de frio e dor na região da mandíbula, perto do ouvido. Daniela mediu a febre, mas a temperatura da filha estava normal; avaliou a garganta e o ouvido de Laura e também não identificou nada. Um hematoma entre a coxa e o quadril da filha chamou a atenção, mas a criança disse que havia trombado em uma mesa na escola.

Dor nas pernas e leucemia: o início

Durante a madrugada de quarta-feira, Daniela percebeu um sinal importante: Laura acordou às 4h da manhã e chamou pela mãe, dizendo que estava novamente com muita dor nas pernas e não conseguia pisar no chão.

“Eu, como médica reumatologista infantil, estou acostumada a lidar com casos de dor em crianças. E despertar de madrugada se queixando de dor não é normal. Muitas pessoas confundem com a dor do crescimento, mas crescer não dói”, contou.

Segundo Daniela, a chamada “dor de crescimento” geralmente acontece nas pernas e nos braços, de forma difusa, com duração variável, e dura de poucos minutos a algumas horas. Além disso, ela não impede a criança de brincar e andar e ocorre mais frequentemente no final do dia ou início da noite.

Por outro lado, a dor óssea, mais comum na leucemia, pode acontecer em qualquer parte do corpo. É uma dor tão importante que desperta a criança na madrugada. “Qualquer dor que muda o comportamento da criança deve ser investigada. Os pais conhecem seus filhos e devem seguir o feeling quando suspeitarem de algo”, disse.

Naquela noite, Daniela deu um analgésico para Laura, fez uma nova massagem e a filha voltou a dormir. No dia seguinte, a menina não foi à escola. Não tinha dor nas pernas, mas também não estava ativa como normalmente. O desânimo da filha voltou a chamar a atenção de Daniela, que decidiu ir até um laboratório realizar uma série de exames, como o de Covid-19, influenza e dengue, além de solicitar um hemograma.

“A gente sempre pensa primeiro em quadros virais, muito comuns na infância e causam sintomas parecidos. Eu jurava que era alguma doença causada por vírus, mas os exames vieram negativos. Ainda faltava o hemograma, mas eu não queria acreditar que pudesse ser leucemia. Era minha filha”, conta.

Presença de blastos

Assim que recebeu os resultados do hemograma, Daniela se desesperou. Isso porque os leucócitos (células de defesa do sangue) estavam bem aumentados, as plaquetas estavam caindo e havia 35% de blastos na corrente sanguínea.

Os blastos são células imaturas, originadas na medula óssea, que se multiplicam rapidamente e não devem estar circulando no sangue periférico. Dessa forma, a presença de blastos levanta fortemente a suspeita de leucemia, que deve ser confirmada com a realização de outros exames.

“Assim que vi o resultado do hemograma liguei para uma amiga e chorei. Só de ver os blastos aumentados eu já imaginei que era leucemia, embora isso não estivesse escrito formalmente no resultado. Mas receber esse diagnóstico foi muito punk como mãe e como médica. Eu sabia como seriam difíceis os próximos dois anos”, disse.

Dor nas pernas e leucemia internação e primeiro ciclo de quimio

Dor nas pernas e leucemiaNo dia 9 de março, Laura já estava no hospital, desta vez para confirmar o diagnóstico de leucemia e iniciar imediatamente o tratamento de quimioterapia. Ao todo, foram 13 dias internada e uma mudança drástica na rotina: por causa da queda da imunidade induzida pelo tratamento, Laura teve de se afastar das aulas presenciais e não pode ter contato com muitas pessoas para evitar infecções.

“Ter que se afastar da escola foi muito impactante para ela. Eu sou uma grande defensora de criança na escola, mas, nesse caso, infelizmente ela vai ter que estudar em casa. Pelo menos até o meio do ano, quando serão definidos os rumos do tratamento”, disse a mãe.

Daniela contou que Laura sabia que estava com leucemia, mas não que era um tipo de câncer. Descobriu no próprio hospital, lendo um livreto destinado às crianças com informações básicas sobre a doença e o tratamento.

“A primeira coisa que ela me disse foi: ‘mamãe, estou com câncer? Meu cabelo vai cair?’ e colocou a mãozinha na cabeça. Aquela cena me partiu o coração”, lembra a mãe. Ela explicou para a filha que leucemia é um tipo de câncer comum em crianças e que o tratamento provavelmente faria o cabelo cair, mas que logo nasceriam novos fios ainda mais lindos.

Segundo Daniela, os primeiros meses de tratamento são intensos. Assim, Laura já apresentou melhoras no hemograma após o primeiro ciclo de quimio (não há mais blastos circulantes). O tratamento completo deve durar pelo menos dois anos. Apesar das angústias e medos, Daniela diz que está bastante confiante – o diagnóstico de Laura foi bastante precoce e as chances de cura ultrapassam os 90%. Ela ressalta, no entanto, a mensagem de que os pais devem ficar bastante atentos às dores e ao comportamento dos seus filhos.

Fonte: Agência Einstein.

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