Doenças ocupacionais: conheça as principais
De fato, o trabalho é onde as pessoas passam a maior parte do tempo e, por isso, podem surgir diversas complicações, denominadas como doenças ocupacionais.
O que são doenças ocupacionais?
As doenças ocupacionais consistem em problemas de saúde – tanto física quanto mental – ocasionados no trabalho, por conta de diversos fatores. Como por exemplo, falta ou do uso inadequado de equipamentos, condições precárias no ambiente, insalubridade entre outros.
De acordo com dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, o Brasil registrou 4,5 milhões de ocorrências e 16,4 mil mortes de trabalhadores entre 2012 e 2018, por causa de acidentes e doenças ocupacionais.
Inclusive, segundo a Lei 8.213/91, as doenças ocupacionais são tratadas como acidente de trabalho para fins previdenciários e fiscais.
Principais doenças ocupacionais
LER – Lesão por esforço repetitivo
A lesão por esforço repetitivo – também conhecida como LER – é uma síndrome que ocorre principalmente em pessoas que realizam a mesma atividade excessivamente. Como por exemplo, digitar, dirigir, ou qualquer outro movimento que sobrecarregue o sistema musculoesquelético.
Dessa forma, a lesão por esforço repetitivo pode levar à aposentadoria por invalidez.
As lesões inflamatórias mais comuns incluem:
- Tendinite (especialmente no punho, cotovelo e ombro);
- Epicondilite;
- Bursite;
- Síndrome do túnel do carpo;
- Dedo em gatilho;
- Lombalgia (dores nas costas);
- Mialgia (dores musculares);
Além disso, um ambiente de trabalho estressante e uma postura inadequada pode piorar a lesão. Essa condição pode prejudicar a qualidade de vida e, muitas vezes, é necessário o afastamento do trabalho para poder se recuperar.
Doenças ocupacionais: dermatose
A dermatose é um termo genérico que nomeia um conjunto de doenças ou incômodos relacionados à pele, unhas e couro cabeludo. Por exemplo, coceiras, inflamações, descamações e formação de bolhas fazem parte desse grupo, que pode sinalizar reações alérgicas ou doenças que exigem cuidado médico.
Caracterizadas por alterações na pele e mucosa, as dermatoses ocupacionais (DOs) englobam:
- Dermatites de contato;
- Cânceres de pele;
- Infecções;
- Ulcerações.
Assim, a dermatose ocupacional está relacionada a fatores envolvendo o ambiente de trabalho e a atividade profissional exercida, como radiação, laser, eletricidade, entre outros. Todas essas intempéries, naturais ou não, podem provocar reações dermatológicas. Inclusive o manejo de substâncias químicas, como agrotóxicos e solventes, pode causar a dermatose ocupacional.
A correta utilização do EPI (Equipamento de Proteção Individual) — no caso, as luvas — impede o contato da pele com tais produtos.
Doenças ocupacionais: asma
A asma é uma condição crônica causada por uma inflamação das vias aéreas e acomete crianças e adultos. Assim, a causa está relacionada à inalação de agentes tóxicos que causam alergia.
Geralmente, a asma ocupacional ocorre quando o trabalhador inala poeiras de substâncias como algodão, borracha, linho, madeira, etc. Por isso, para prevenir, é essencial utilizar equipamentos adequados durante o trabalho.
Doenças ocupacionais: perda auditiva
Uma doença ocupacional muito frequente entre os trabalhadores é a perda auditiva, principalmente aqueles que precisam se expor a ruídos.
Portanto, é imprescindível a necessidade de usar equipamentos de proteção individuais e da realização de exames regulares. Além disso, as pessoas devem realizar exames preventivos para evitar danos irreversíveis.
Problemas na coluna
Sem dúvidas, esse é um dos problemas mais comuns entre quem trabalha sentado. O estresse causado por longos períodos sentado, em uma postura inadequada, pode trazer dores na coluna.
Confira algumas dicas que podem ajudar a ter mais ergonomia – principalmente se você trabalha em casa.
Leia também: Boa postura: o que é, importância, tratamentos e dicas
Dicas para evitar problemas na coluna
Coloque o computador/notebook na altura dos olhos
Para manter o pescoço e os ombros na posição vertical, é fundamental colocar o computador à altura dos olhos. Uma alternativa que pode ajudar é colocar um pedaço de fita adesiva na parede um pouco acima do nível dos olhos e, em 30 segundos a cada 15 minutos, observe a fita em vez da tela para que sua cabeça suba naturalmente.
Apoie os pés no chão
É importante manter os pés apoiados no chão enquanto trabalhamos. As pessoas tendem a cruzar as pernas ou balançar durante o dia sem perceber. Mas, devemos prestar atenção. Isso porque se os pés estiverem no chão, você estará estável. Caso contrário pode prejudicar o arco na região lombar e causar dores nas costas.
Use uma cadeira de encosto reto
Trabalhar no sofá ou cama não é recomendado pois você não fica totalmente reto e afeta a região lombar e pescoço. Além disso, muitos estão acostumados com cadeiras de escritório que possuem apoio de pescoço – o que provavelmente não é algo que você tenha em casa. Dessa forma, o recomendado é fazer alongamentos no pescoço durante o dia para evitar dor e tensão.
Síndrome de Burnout
A partir do dia 1 de janeiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome de esgotamento profissional, na Classificação Internacional de Doenças (CID). Após essa inclusão, ela começou a ser considerada uma doença ocupacional.
A Síndrome de Burnout significa entrar em colapso físico e mental por causa da pressão excessiva no trabalho e do acúmulo de funções e responsabilidades que, ao longo do tempo, causam consequências para a saúde.
No há dúvidas de que o Burnout tem relação com o trabalho, mas, há anos se tentava essa modificação. Tanto é verdade, que agora passou para o CID 11, que é o estresse crônico relacionado ao trabalho.
Em 2019, a OMS classificou o Burnout como um “fenômeno ligado ao trabalho” e descreveu seus sintomas como sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados ao trabalho, e eficácia profissional reduzida. Portanto, agora, aquele que sofre ou é diagnosticado com a Síndrome de Burnout, será afastado de suas atividades por tempo indeterminado ou tempo que o médico do INSS determinar. Além disso, ele terá mais garantias no emprego, justamente por ter passado a ser uma doença ocupacional.
Referência: Gympass
Fonte: Dra. Flavia Eadi de Castro, sócia no escritório RGL Advogados, advogada trabalhista empresarial e especialista em compliance trabalhista.