Doação de órgãos: mitos e verdades sobre o assunto

Saúde
27 de Setembro, 2022
Doação de órgãos: mitos e verdades sobre o assunto

O Setembro Verde é uma campanha que tem como objetivo ressaltar a importância da doação de órgãos, um ato de amor ao próximo. O ato caracteriza-se pela doação de uma ou mais partes do corpo para ajudar no tratamento de outras pessoas. No Brasil, mais de 45 mil pessoas aguardam a doação de um órgão, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). 

Contudo, muitos ainda têm dúvidas sobre como funciona e, com isso, surgem também informações falsas. Portanto, a Fundação Pró-Rim — instituição que realiza o tratamento de pessoas com doença renal crônica — listou alguns mitos e verdades sobre o tema. “Nossa intenção é esclarecer as informações, sensibilizando mais pessoas a falarem ‘sim’ para doação de órgãos e a salvarem outras vidas”, ressalta MarcosVieira, médico nefrologista e presidente da Instituição. Assim, veja abaixo o que é mito e o que é verdade sobre a doação de órgãos.

Leia mais: Transplante de pâncreas: quando fazer?

Verdades

A doação de órgãos pode beneficiar muitas pessoas

O número de pessoas que aguardam a doação de órgãos é alto. A boa notícia é que um único doador pode beneficiar até 10 pessoas que aguardam na fila do transplante.

É possível doar quase todos os órgãos

Esse fato é verdade. Dessa forma, alguns exemplos incluem coração, rins, pulmão, fígado, pâncreas, pele, ossos e córneas.

Não é necessário ter um documento ou registro expressando a vontade de ser doador de órgãos

O mais importante é que você expresse esse sentimento para sua família. Isso porque, no momento da doação, os familiares deverão assinar o termo de consentimento. Portanto, se você tem vontade de doar os seus órgãos, é indispensável conversar com seus pais, filhos, cônjuges ou irmãos sobre isso.

Mitos

Os custos da doação de órgãos deverão ser pagos pela família do doador

Ao contrário das especulações, o doador e sua família não terão nenhum custo com a doação dos órgãos, tampouco ganho financeiro.

O corpo fica deformado após a doação de órgãos

Os órgãos são removidos cirurgicamente e não há nenhuma desfiguração do corpo. Dessa forma, após o procedimento, o corpo pode ser velado ou cremado normalmente.

Pessoas que têm histórico de doenças não podem ser doadores

Qualquer pessoa pode ser um potencial doador de órgãos. O que determina a possibilidade de transplante dos órgãos ou dos tecidos é a condição de saúde atual na qual eles se encontram. Dessa forma, na ocasião da morte, a equipe médica fará uma avaliação do seu histórico médico e de seus órgãos.

Idosos não podem doar seus órgãos por conta da idade

Como já mencionado na questão anterior, o que determina a possibilidade da doação dos órgãos e dos tecidos é a condição deles. Hoje, muitos idosos de 60 anos podem apresentam melhor quadro de saúde do que pessoas de 30 ou 40 anos.

Posso vender os órgãos após a morte do meu familiar?

Por lei, o Brasil proíbe a venda e compra de órgãos. A Lei Federal 9.434/97 estabelece, entre outras coisas, que comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano (artigo 15) é ação passível de pena de “reclusão, de três a oito anos, e multa, de 200 a 360 dias-multa”, conforme trecho da lei.

Após o consentimento da família, as Centrais de Transplantes das Secretarias Estaduais de Saúde fazem todo o controle do processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor, bem como o transporte para os locais onde será feito o transplante dos órgãos e/ou tecidos doados.

A morte encefálica pode ser confundida com o coma

A declaração de morte encefálica é atestada por dois médicos diferentes, seguindo os critérios do Conselho Federal de Medicina. Dessa forma, ele realizará um exame gráfico, como ultrassom com Doppler ou arteriografia e eletroencefalograma (EEG) para comprovar que o encéfalo já não funciona. Assim, a pessoa que está em coma pode respirar sem a ajuda do ventilador, apresentando atividade cerebral e fluxo sanguíneo no cérebro. Diferente da morte encefálica, em que o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado, fazendo com que o órgão morra.

Se eu estiver internado, posso correr o risco de morrer para que ocorra a doação de órgãos

Quando você procura um hospital por causa de uma doença ou em busca de um diagnóstico, a prioridade da equipe médica é salvar sua vida, independentemente da sua condição de saúde. Sendo assim, a doação de órgãos só ocorrerá após a sua morte e mediante consentimento familiar.

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Fonte: Dr. Marcos A. Vieira, médico nefrologista e presidente da Fundação Pró-Rim, instituição que realiza o tratamento de pessoas com doença renal crônica e que já ultrapassou a marca de 1.800 transplantes renais.

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