Diagnóstico do câncer de ovário: bactérias podem ser úteis na detecção

Saúde
07 de Fevereiro, 2023
Diagnóstico do câncer de ovário: bactérias podem ser úteis na detecção

O câncer de ovário é silencioso, porém o mais mortal de todas as neoplasias femininas. Dentre as mulheres, a doença é a segunda mais comum, atrás apenas do câncer de colo do útero, de acordo com o Ministério da Saúde. Sete em cada 10 pacientes morrem em decorrência da doença. A maioria das vítimas geralmente recebe o diagnóstico do câncer de ovário em estágio avançado.

Além disso, apenas 20% dos casos são causados por mutações genéticas, incluindo os genes BRCA1 e BRCA2, enquanto os 80% restantes dos casos não têm causa conhecida. Contudo, o centro de Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic parece ter descoberto novas aliadas no diagnóstico da enfermidade: as bactérias e micro-organismos.

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Como as bactérias podem auxiliar no diagnóstico do câncer de ovário?

Segundo o achado dos pesquisadores da Mayo Clinic, mulheres com câncer de ovário geralmente possuem uma determinada comunidade de micro-organismos no trato reprodutivo. Essa população é comporta por vírus, leveduras, bactérias e fungos, que podem ser indicadores para a detecção precoce, assim como o diagnóstico e prognóstico do câncer de ovário.

“Além disso, encontramos um padrão que revela que mulheres com câncer de ovário em estágio inicial têm um acúmulo significativamente maior de micróbios patogênicos quando comparadas às com doença em estágio avançado”, diz Abigail Asangba, Ph.D., pesquisadora de microbioma do Centro de Medicina Individualizada.

“Em estágios posteriores, o número de micróbios diminui. Este forte sinal pode potencialmente nos ajudar a diagnosticar mulheres mais cedo e salvar vidas. Assim, pode ser utilizado um exame semelhante ao Papanicolau, teste não invasivo para a identificação do câncer cervical”, continua a especialista.

Quantidade de micro-organismos também pode avaliar resposta a tratamento da doença

O estudo também sugere que um maior acúmulo de micróbios patogênicos desempenha um papel importante nos resultados do tratamento e pode ser um indicador para prever o prognóstico de um paciente e a resposta à terapia.

“Analisamos se os pacientes com resultados parecidos também tinham uma composição microbiana semelhante antes de iniciarem o tratamento, independentemente do estágio, grau ou histologia do câncer, bem como de outros fatores”, diz Asangba.

“Como resultado, descobrimos que os pacientes com um maior acúmulo de micróbios patogênicos tiveram respostas piores em comparação com aqueles sem”, disse.

Investigação abre portas para mais pesquisas sobre o tema

Para o estudo, os pesquisadores investigaram amostras de 30 mulheres submetidas a histerectomia por câncer de ovário e as compararam com amostras de 34 mulheres submetidas a histerectomia por uma condição benigna.

Eles usaram sequenciamento de alto rendimento para analisar as amostras, que foram recuperadas do trato reprodutivo inferior e superior, fluido peritoneal, urina e microbioma anal.

Nas mulheres com câncer de ovário, a equipe observou uma colonização de bactérias causadoras de doenças, incluindo Dialister, Corynebacterium, Prevotella e Peptoniphilus.

“Sabe-se que esses micróbios estão associados a outras doenças, incluindo outros tipos de câncer. Mas são necessários mais estudos para saber se eles contribuem para o câncer de ovário”, diz Marina Walther-Antonio, Ph.D., também pesquisadora de microbioma da Mayo e autora do estudo.

“Nosso objetivo final é entender o papel que o microbioma desempenha nos cânceres ginecológicos. Estamos explorando vários caminhos potenciais: o papel na causa da doença, agravamento e resistência ao tratamento”, diz Walther-Antonio.

O estudo é uma extensão de vários outros publicados anteriormente por Walther-Antonio e sua equipe que vinculam o microbioma ao câncer de endométrio.

Em um deles, a equipe descobriu que um micróbio chamado Porphyromonas somerae tem um papel patogênico no câncer de endométrio por meio da atividade intracelular.

Walther-Antonio diz que a identificação de assinaturas do microbioma pode levar à intervenção antes mesmo que os cânceres tenham a chance de se materializar.

“Nosso estudo mais recente fornece um salto significativo para a compreensão do prognóstico do microbioma e nos aproxima de poder ajudar nossos pacientes”, completa.

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