Descontentamento normativo: como afeta a autoestima
Você se olha no espelho e logo vem pensamentos negativos sobre o seu corpo. Gordurinhas a mais, manchas no rosto, o corte do cabelo, as unhas que não estão feitas. Os pontos positivos e as qualidades nunca são lembradas. Mas essa visão sobre si mesmo tem até um nome: descontentamento normativo.
O que é descontentamento normativo?
O descontentamento normativo é um estado constante de desagrado com a própria imagem. Segundo Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva, a pessoa enxerga defeitos físicos, ou seja, não gosta do cabelo, rosto, corpo, e outras características. Além disso, alguns casos vão além da imagem física e a pessoa acredita que não é interessante, inteligente ou bonita, por exemplo.
Pessoas com descontentamento normativo estão sempre se comparando com outras. “Elas buscam um ideal, muitas vezes, inatingível”, ressalta a especialista. “Essas pessoas veem defeitos e doenças onde ninguém mais vê. Inclusive, muitos cirurgiões plásticos e outras especialidades médicas acabam indicando tratamento psicoterápico a esses pacientes. Pois mesmo com exames mostrando que não há nada errado, a pessoa não acredita.”
Como identificar o descontentamento normativo?
Identificar qualquer padrão de comportamento não é fácil. Por isso, você deve estar atento aos sinais, Rejane destaca os principais:
- Realizar cirurgias plásticas desnecessárias;
- Achar defeitos em si próprio constantemente;
- Sentir a necessidade de mudar o corpo, rosto, cabelo ou personalidade;
- Fazer exercícios físicos em excesso;
- Não gostar de aparecer em vídeos ou fotos;
- Usar filtros que mudam drasticamente a aparência;
- Deixar de conviver socialmente.
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O impacto das redes sociais
Nos dias atuais, as redes sociais são muito utilizadas como forma de trabalho ou apenas para distração. Mas elas também são as principais responsáveis pela autoestima baixa.
Na maior parte do tempo, principalmente influencers e celebridades, costumam postar somente a parte “boa” do dia a dia. Assim, elas compartilham a todo momento fotos editadas, e utilizam aplicativos que mudam a forma do corpo e rosto. Ou mostrando seus carros importados, mansões, e acessórios de marcas de luxo, o que pode passar ao público uma imagem de “vida perfeita”.
Para a psicóloga entrevistada, pessoas que consomem esses conteúdos começam a se comparar. Desse modo, elas se sentem inferiores, tristes, deprimidas, e começam a querer mudar tanto a aparência quanto a personalidade.
Tudo isso contribui para a autoestima baixa. “Essas distorções da autoimagem acabam por desencadear vários outros transtornos psíquicos, como os transtornos alimentares, depressão e ansiedade generalizada. Além disso, leva a pessoa a passar por cirurgias arriscadas para mudar a aparência”, indaga Rejane.
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Hora de buscar ajuda
Se você perceber que sua preocupação com a sua aparência ultrapassa o nível normal, é necessário buscar ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras. Atente-se se isso atrapalha a sua vida social, profissional, relacionamentos amorosos e se você não gosta de nada em si.
“O ideal é cuidar da autoestima, promover a autoaceitação e saber que cada ser humano é único, cada um com suas características próprias”, diz a psicóloga.
Como evitar o descontentamento normativo?
- Incentivar a autoaceitação;
- Entender que você tem suas próprias qualidades;
- Não colocar ênfase na aparência física;
- Se valorizar como pessoa, amiga, companheira, etc;
- Saiba que algumas mudanças físicas são possíveis. Veja o que realmente te incomoda e que pode ser modificado. Emagrecer, por exemplo, é super possível;
- De valor às suas realizações e ao que você tem e conquistou na vida.
Fonte: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva.