Cutis laxa: o que é a síndrome do pequeno Miguel, estrela do TikTok?

Saúde
03 de Abril, 2023
Cutis laxa: o que é a síndrome do pequeno Miguel, estrela do TikTok?

Luiz Miguel, de apenas 4 anos, conquistou o coração dos usuários do TikTok. O menino, que mora em Camaçari (BA), sempre aparece no perfil de sua mãe, Daiane de Jesus. Simpático e encantador, Miguel viralizou após dizer que queria “ser famoso no TikTok”, vídeo  que rendeu milhões de visualizações. Além de seu carisma natural, ele chama a atenção por ser diferente: Miguel é portador de uma síndrome chamada cutis laxa, que resulta no excesso de pele em algumas partes do corpo e causa outras alterações.

A seguir, saiba mais sobre a condição.

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O que é a cutis laxa?

Antes de saber mais sobre a cutis laxa, é importante destacar que não se trata de uma doença, mas, sim, uma síndrome. Trata-se de um grupo de síndromes raras que podem se manifestar de diversas maneiras.

Tipos

O principal é hereditário, ou seja, a pessoa herda a mutação genética. Nesse caso, existem quatro tipos de anomalias genéticas, e cada uma causa sinais e sintomas diferentes. Mas, em comum, todas causam a degradação anormal da elastina, cuja anomalia deixa a pele muito elástica, com pregas e frouxidão.

Dependendo do tipo de mutação da cutis laxa, a pessoa pode desenvolver doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca; respiratórias, como o enfisema pulmonar; e gastrointestinais, como hérnias no intestino.

Por fim, é possível adquirir a cutis laxa em algum momento da vida. No entanto, a manifestação dessa versão é raríssima, e pode ocorrer em bebês depois de alguma doença febril ou pela alergia a certos medicamentos. Por exemplo, o contato com a penicilina durante a gravidez ou após o nascimento.

Já em crianças e adolescentes, a causa está relacionada ao histórico de doenças raras, como o eritema multiforme e a polisserosite. Adultos também podem desenvolver a cutis laxa — todavia, não há uma explicação para sua origem.

Sinais e sintomas da cutis laxa

A principal marca da síndrome é a pele, que se acumula em algumas partes do corpo, é flácida e mais elástica do que o normal.

Em outras palavras, a pessoa apresenta a aparência mais envelhecida por causa da maior quantidade de pregas da pele. Sobretudo no rosto, conferindo um aspecto entristecido ao semblante.

Quando a cutis laxa é hereditária, essa característica pode ser perceptível logo após o parto ou nos primeiros meses de vida do bebê. Outros tipos de mutação, como a autossômica recessiva benigna, provocam atraso intelectual e frouxidão nas articulações.

Além disso, a pessoa pode desenvolver diverticulite, hérnias, enfisema pulmonar, insuficiência cardíaca e dificuldades para respirar. Entretanto, nem todos os indivíduos com cutis laxa terão as mesmas deficiências.

No caso de Miguel, por exemplo, a cutis laxa se limita às alterações na pele. Em um vídeo do TikTok, a mãe do pequeno explica que a saúde dele “é perfeita”.

Diagnóstico da cutis laxa

A princípio, a identificação da síndrome costuma ser clínica. O médico, geralmente dermatologista, analisa a pele do paciente e faz alguns testes.

Um deles é esticar a pele e observar se ela retorna de maneira muito lenta ao lugar. Este é um dos sinais, além da aparência do rosto, se há acúmulo de pele nas mãos, na barriga, nas pernas e em outros locais.

Mas, para confirmar a mutação na elastina, é necessário realizar biópsias da pele. Para encontrar outras complicações, o médico pode exigir exames de imagem e eletrocardiograma, por exemplo.

Existe tratamento?

Não existe cura para a cutis laxa, mas alguns casos são elegíveis a cirurgia plástica, a fim de retirar o excesso de pele. No mais, os cuidados com a pele são redobrados — é essencial aplicar cremes hidratantes e se proteger do sol. Afinal, a pele é mais sensível e suscetível a ressecamento.

Agora, se existem outras complicações, a pessoa precisa de acompanhamento frequente de outros especialistas. O motivo é que os problemas podem se agravar com o passar do tempo, o que requer uma interação maior entre médicos e paciente.

Então, se o indivíduo tem alguma doença respiratória, como asma ou bronquite, deverá ser cuidado para que o quadro não evolua para um enfisema pulmonar.

Suporte psicológico e familiar são fundamentais

Mais do que olhar para a saúde física, é essencial acolher a pessoa com cutis laxa. Infelizmente, a síndrome é alvo de muitos preconceitos que inferiorizam o paciente.

Portanto, a família e o círculo social precisam entender a condição e desprezar comentários sobre a aparência alheia.

Assim, o apoio psicológico é importantíssimo para a pessoa lidar com possíveis situações desconfortáveis. Além disso, a terapia ajuda o indivíduo a se conscientizar sobre a condição e abraçar suas diferenças.

Referências: MSD Manuals; Cutis Laxa Internationale; National Organization for Rare Disorders.

 

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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