Covid e microbiota intestinal: estudo inédito mostra relação
Uma pesquisa mostra pela primeira vez a associação entre Covid-19 e alterações no funcionamento da microbiota intestinal. De acordo com a pesquisa, mesmo quadros leves ou assintomáticos da doença estão relacionados à maior presença de bactérias resistentes a antibióticos no intestino quando comparados a indivíduos saudáveis. As constatações são de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de outros de instituições brasileiras e estrangeiras, publicadas na revista “Gut Microbes”, na última terça-feira (5).
Leia mais: Pirola: variante é menos contagiosa que a Ômicron
Covid e microbiota intestinal: detalhes sobre o estudo
Os pesquisadores observaram amostras fecais de dois grupos de 131 voluntários. Eles foram divididos entre aqueles que tiveram Covid-19 anteriormente e os que não tiveram a doença. Como resultado, eles notaram que um número maior de bactérias resistentes nas fezes no primeiro grupo. As pessoas que se voluntariam já estavam sem traços do vírus da Covid-19 e não tiveram casos graves da doença ou associados a hospitalizações.
De acordo com Angelica Vieira, pesquisadora do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG e líder da pesquisa, a origem do aumento da resistência bacteriana é incerta. Dessa forma, pode ter relação com o uso excessivo de antibióticos sem prescrição ou à própria infecção pelo vírus.
Para comprovar os dados, camundongos livres de germes receberam amostras de fezes humanas coletadas meses após os voluntários terem Covid. Os animais manifestaram sintomas como baixa cognição, perda da memória, mudança da fisiologia intestinal e inflamação pulmonar. Os sinais comprometeram a resposta imune do pulmão desses camundongos na defesa subsequente a uma infecção bacteriana pulmonar. Já essas mesmas alterações, quando comparadas, não foram observadas nos camundongos que receberam fezes de pessoas que não tiveram Covid-19.
Mas afinal, qual é a relação da covid com a microbiota?
Antes da pandemia, os efeitos da má alimentação no aumento da resistência a antibióticos já era tema de estudo do grupo de Profa. Vieira. Isto é, o intestino, na condição de reservatório desses microrganismos, já era pauta de estudo. O trabalho agora reforça a importância de conter o avanço das superbactérias no contexto da Covid-19. “A Covid-19 está acelerando outra pandemia que já estava prevista, a de organismos microbianos resistentes, como as superbactérias”, explica Angelica.
Tanto a canja rica em alimentos nutritivos das vovós quanto o alimento rico em fibras que trouxer melhor qualidade de vida é bom para nossa saúde. Afinal, “entender os mecanismos de disseminação de bactérias resistentes nos ajuda a pensar em estratégias terapêuticas que mantêm a nossa microbiota benéfica que vive no nosso intestino e ajuda a ter uma imunidade e qualidade de vida bem melhor”, completa Angelica.
Por fim, futuros estudos do grupo da UFMG devem investigar as sequelas pós-Covid na microbiota humana. De todo modo, é fato que a adoção de padrões alimentares mais saudáveis – rica nutricionalmente e que aquecem ou confortam – como forma de prevenir ou reverter os sintomas da infecção são um caminho para uma vida mais saudável.
Fonte: Agência Bori.