Corticoides: o que são, para que servem, contraindicações e mais

Saúde
15 de Agosto, 2022
Corticoides: o que são, para que servem, contraindicações e mais

Há muitas décadas, a medicina utiliza os corticoides, também chamados corticoesteroides, no tratamento de algumas doenças. Apesar dos benefícios, também oferecem efeitos colaterais que exigem atenção e, sobretudo, orientação médica. Veja as principais dúvidas e tudo sobre essa classe de medicamentos.

Veja também: O que é sertralina e para que serve o medicamento

O que são corticoides?

Nosso corpo produz uma série de substâncias para funcionar em equilíbrio. Uma delas é o cortisol, um hormônio fabricado pelas glândulas suprarrenais. “Normalmente, o organismo produz esse hormônio de madrugada, pois ele tem a função de nos deixar alertas e dispostos durante o dia. Além disso, o cortisol tem a função anti-inflamatória”, explica Carlos Machado, médico clínico geral e da família. Mas, e os corticoides? Eles são substâncias sintéticas, criadas em laboratório a partir do cortisol, naturalmente presente em nosso corpo. No entanto, eles são mais potentes para integrar tratamentos contra doenças inflamatórias e infecciosas.

Para que servem e tipos de corticoides

A indústria farmacêutica altera a estrutura do hormônio cortisol para aumentar a eficácia no tratamento de diversas enfermidades. “Basicamente, os corticoides ajudam a reduzir o processo inflamatório, o inchaço e a dor”, afirma Machado. A seguir, o especialista elenca os principais tipos da substância, cada qual com sua função:

Corticoide tópico

São pomadas e cremes com posologias (quantidades) variadas do componente. É útil para tratar lesões, reações e doenças da pele e das mucosas.

Oral

Em forma de comprimidos e xaropes, são mais indicados em casos crônicos que exigem maior tempo de tratamento. Bronquite, asma e artrite são alguns exemplos.

Oftálmicos

Os colírios com corticoides ajudam a tratar conjuntivites, inflamações na córnea e outros problemas de visão.

Injetável

De acordo com Carlos Machado, as injeção de corticoide são mais indicadas em crises pulmonares com sintomas agudos, como a asma e a pneumonia. “E em situações de traumatismo craniano, quando o paciente apresenta edema cerebral”, acrescenta. No entanto, é eficaz em doenças autoimunes, como o lúpus e a artrite reumatoide.

Nasal

São sprays específicos para tratar alergias respiratórias, como asma, rinite e sinusite.

Principais doenças e condições que os corticoides podem tratar

  • Alergias respiratórias e cutâneas.
  • Esclerose múltipla.
  • Câncer, como leucemia e linfoma.
  • Edema cerebral.
  • Doenças autoimunes, como lúpus, psoríase, vitiligo e artrite reumatoide.
  • Herpes-zóster.
  • Transplantes.

Contraindicações

Embora não seja uma contraindicação de fato, os corticoides requerem maior atenção e acompanhamento em algumas condições. Logo, quem tem hipertensão, diabetes, osteoporose, sensibilidade gastrointestinal, menopausa e com histórico de doenças renais precisam de supervisão médica redobrada para controlar os possíveis efeitos colaterais.

Efeitos colaterais

Assim como todo medicamento, os corticoides têm prós e contras. Uma reação comum é o ressecamento das mucosas e da pele. Dessa forma, é importante reforçar a hidratação com uso de cremes e ingestão de líquidos. Contudo, Machado alerta que as substâncias podem elevar a glicemia, situação que prejudica pessoas com diabetes. Além disso, esses fármacos agridem muito o estômago, favorecendo gastrite, úlcera e outras inflamações no órgão. Crianças também necessitam de cuidados redobrados e usar o medicamento por um curto período, pois os corticoides comprometem o desenvolvimento muscular e ósseo.

Corticoides engordam?

Eis uma dúvida muito comum entre pacientes que usam o ativo no tratamento. Machado esclarece que o uso prolongado realmente pode provocar o acúmulo de gordura, especialmente no abdômen e no rosto. Afinal, o medicamento causa alterações hormonais relevantes. “É o que chamamos síndrome de Cushing. As bochechas aumentam de tamanho por causa do excesso de cortisol, seja por causa do uso do medicamento ou por outros motivos”, afirma. Por isso, não raro, é comum que os pacientes fiquem com estrias na pele, pois o aumento de peso pode ocorrer de forma rápida. No curto prazo, os corticoides estimulam a retenção de líquidos, mas que normaliza após a interrupção do medicamento.

Riscos da automedicação

Muitas pessoas utilizam corticoides por conta própria para aliviar dores e inflamações devido à ação rápida e poderosa. Todavia, não conhecem a dosagem correta, tampouco se o medicamento é o ideal para o problema. Como resultado, boa parte sofre as consequências dessa prática, e pode agravar a enfermidade. Por exemplo, um paciente com artrite reumatoide pode enfrentar crises mais fortes de dores, pois o corpo se acostuma com a dosagem e precisa de concentrações maiores do ativo. Isso faz com que o indivíduo fique dependente dos corticoides e vulnerável aos seus riscos.

Fonte: Carlos Machado, médico clínico geral e nefrologista –  CRM-SP: 41.937.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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