Coqueluche: conheça os riscos e a importância da vacinação
A coqueluche (também chamada de pertussis ou tosse comprida) é uma doença altamente contagiosa que afeta o trato respiratório. Pode causar crises de tosse intensas e persistentes que podem durar semanas ou até mesmo meses. A doença afeta pessoas de todas as idades e pode causar complicações sérias.
Desde o início do ano, a cidade de São Paulo registrou 14 casos de coqueluche, de acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Destes, três ocorreram na zona oeste da capital, em um mesmo domicílio, de acordo com a SMS, indicando que a região está passando por um surto da doença. Entenda melhor a doença, seus riscos e a importância da vacinação.
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O que é e como ocorre a transmissão?
A coqueluche é uma infecção respiratória aguda causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis, que é transmitida por gotículas de saliva expelidas durante a tosse, espirros e fala. A transmissão também ocorre – embora mais raramente – por objetos recentemente contaminados, como talheres e copos.
A doença pode durar até 30 dias, tendo como principal sintoma a tosse frequente e por muito tempo. “A transmissão da bactéria da coqueluche (Bordetella pertussis) ataca a via aérea e secreções, como tosse, espirro, saliva, mão contaminada e até a lágrima”, explica o Dr. Carlos Machado, clínico geral especialista em medicina preventiva e nefrologista. A maioria dos casos graves acomete crianças menores de um 1 ano de idade, principalmente as com até 6 meses de vida.
Sintomas da coqueluche
Ainda de acordo com o Dr. Carlos, os sintomas da coqueluche ocorrem em três fases:
A primeira fase é a contaminação, que ocorre a partir da secreção de uma pessoa com a bactéria. A transmissão ocorre com facilidade pela tosse e espirro, mas também em lençóis, copos e objetos. Assim, inicia-se a segunda fase, caracterizada por episódios frequentes de tosse e muito catarro. Dura, em média, 14 dias, mas as flutuações de crises de tosse podem durar 1 mês e meio ou até mais. Por fim, vem a fase da recuperação, quando a tosse começa a diminuir e fica menos frequente, e pode durar até 3 semanas.
“Ou seja, um quadro de coqueluche pode durar de 10 a 11 semanas. São quase 3 meses de muito catarro, depois muita tosse (tosse de cachorro) e depois uma recuperação que fica flutuando por um período de mais de 2 meses”, explica o especialista. O Dr. Nelson Morrone Junior, médico pneumologista no São Cristóvão Saúde, complementa que pode ocorrer, também, febre, coriza e mal-estar generalizado.
Riscos
Em adultos, sobretudo idosos, a coqueluche pode evoluir para quadros graves, como:
- Pneumonia
- Distúrbios neurológicos, como infecção cerebral
- Convulsão
- Desidratação
- Otite
- Parada respiratória
- Fratura da costela
Diagnóstico
O diagnóstico da coqueluche pode ser clínico, isto é, ocorre através da avaliação física do paciente por parte do médico para descobrir se, de fato, trata-se de coqueluche. Para confirmar o diagnóstico, o especialista pode colher material e, na sequência, encaminhar para o laboratório para detectar a doença, ou solicitar exames como hemograma e raio-x de tórax.
Tratamento
“O tratamento é realizado com antibióticos da classe dos macrolídeos (Azitromicina Claritromicina) e deve ser instituído nos primeiros dias de sintomas. Embora a tosse possa persistir por cerca de 1 mês, com o tratamento é possível diminuir a transmissibilidade da doença. Além disso, o paciente acometido deve fazer o isolamento respiratório, usar máscaras, distanciamento e evitar tossir e espirrar sem proteger a boca”, explica o Dr. Nelson.
Vacina e outras formas de prevenir a coqueluche
No Brasil, a vacinação de rotina nas crianças, desde 1973, possibilitou importante redução nos números de casos e a mortalidade por coqueluche. Por isso, é considerada a principal e melhor forma de prevenir a doença e faz parte do calendário público de vacinas. Dessa forma, crianças a partir dos 2 meses de idade já podem tomar a tríplice bacteriana (DTP), que é dada em 3 doses. As grávidas também devem ser vacinadas a partir da 20ª semana a cada gestação.
No entanto, para o Dr. Carlos, existe uma falha na orientação para que adultos tomem o reforço dos imunizantes. “Todas as vacinas devem ter reforço na vida de adultos e idosos, pois essas doenças estão presentes. São doenças infecciosas e podem atacar em qualquer idade. A coqueluche é uma doença que tem ciclos e pode infectar, inclusive, pessoas vacinadas. Por isso, as vacinas devem ter reforços para evitar infecções na vida adulta”, completa. Assim, a imunidade não permanece por toda vida, sendo recomendado uma dose de reforço a cada 10 anos.
Por fim, a segunda forma de prevenir a coqueluche, bem como outras doenças transmissíveis, é manter a higiene em dia. “Uma pessoa que está com qualquer sintoma de gripe ou resfriado deve utilizar máscara, evitando assim contaminar outras pessoas. Também é recomendado evitar ir para escola ou trabalho e sempre proteger a tosse e o espirro, ou seja, não espirrar ou tossir na frente das pessoas, bem como lavar as mãos, o rosto e o nariz com água”, completa o especialista.
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Fontes: Dr. Carlos Machado, clínico geral especialista em medicina preventiva/nefrologista e Dr. Nelson Morrone Junior, médico pneumologista no São Cristóvão Saúde. CRM-SP: 41.937