Cirurgia de silicone: 5 problemas que as pessoas com próteses podem ter
A cirurgia de silicone já é há muitos anos um dos procedimentos mais escolhidos entre as mulheres brasileiras que desejam mudar a silhueta.
Prova disso foi a pesquisa publicada pela ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética), que indicou que são feitas cerca de 220 mil mamoplastias – cirurgias para aumento de mama com o uso de implantes -, por ano no Brasil.
Contudo, apesar de ela ser feita com muita frequência, existem alguns problemas que as pessoas com próteses podem ter após a operação.
Foi o que aconteceu com a influenciadora Vivi Wanderley, que conta com quase 14 milhões de seguidores no Instagram. Através do Twitter, a jovem contou que seu seio encapsulou – ou seja, o próprio organismo isolou a prótese, criando uma fina membrana em torno dela para separá-la dos tecidos naturais – e, por esse motivo, ela precisará trocar o silicone.
De acordo com o cirurgião plástico Josué Montedonio, este não é um problema comum, uma vez que as próteses são seguras e têm baixos riscos de complicações.
Isso, contudo, levanta o alerta de que intercorrências podem acontecer e, por isso, é importante que os pacientes mantenham o acompanhamento, uma vez que todo implante precisará ser retirado ou trocado algum dia.
“Apesar de não ter prazo de validade pré-definido, um consenso comum entre a maioria dos cirurgiões plásticos é de que seja entre 10 e 15 anos. Isso, contudo, muda de acordo com cada paciente”, explica o médico.
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Problemas que podem ocorrer após a cirurgia de silicone
Apesar de ser um procedimento seguro e que beneficia a autoestima, a cirurgia de silicone pode ter algumas complicações posteriores, anos após a operação.
Assim, Montedonio ressalta a importância de conhecer os motivos que levam à necessidade da remoção da prótese.
Pensando nisso, ele listou os alguns dos problemas que as pessoas com silicone nos seios podem ter:
- Extravasamento do silicone
Trata-se do vazamento do gel de silicone e, de acordo com o médico, é a causa mais comum de falha dos implantes.
“Com o tempo, o desgaste do envelope da prótese (também de silicone) pode levar a micro rompimentos com extravasamento do gel de dentro. Isso, contudo, não causa nenhum sinal ou sintoma externo. Normalmente, o problema só é descoberto quando a paciente faz algum exame de imagem das mamas, por outro motivo”, ele explica.
“O vazamento do silicone pode ainda ser intra ou extracapsular. Isso significa que o silicone está ou não preso dentro da cápsula fibrosa que o corpo naturalmente forma em torno da prótese. A diferença entre os dois, na prática, será no acompanhamento depois da cirurgia”, completa.
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- Infecção e contratura capsular
As infecções bacterianas são as mais frequentes e difíceis de tratar nos casos de próteses de mama.
Isto porque, de acordo com o profissional, o silicone é um corpo estranho para o organismo e isso faz com que a chegada e a ação dos antibióticos seja mais difícil, permitindo a formação de um biofilme em torno da prótese em caso de contaminação.
“As maiores infecções, que normalmente acontecem nas primeiras semanas depois da cirurgia de silicone, costumam levar à retirada da prótese. Às vezes, é possível ‘salvar’ a prótese infectada, mas no médio prazo, o risco de contratura capsular é provavelmente maior.”
- Contratura Capsular
“A contratura capsular é um processo patológico que acontece na lâmina de tecido fibroso ao redor do implante”, explica Montedonio.
À medida que a contratura piora, podem acontecer alterações no formato e posicionamento das próteses, deixando as mamas mais duras e disformes. Em seus estágios mais graves, a contratura ainda pode causar dor.
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- Linfoma ALCL
“Nos últimos anos, uma nova doença chamada Linfoma Anaplásico de Células Grandes Associada a Implantes Mamários (do inglês, BIA-ALCL) foi descoberta e aos poucos, nosso conhecimento sobre ela tem aumentado”, aponta o médico.
“Hoje, se sabe que é uma doença rara, que atinge uma a cada 3 mil mulheres com prótese de mama e com bom prognóstico.”
Segundo ele, o quadro é tão raro que não existe uma recomendação formal para se retirar um implante por medo de ter a doença.
“Explicando de uma forma bem simples, o risco de você ter um problema no local onde sua veia for puncionada para a anestesia é maior do que o risco de ter um ALCL.”
O ALCL costuma se apresentar através da formação de um seroma (acúmulo de líquido) em volta da prótese, em média oito a dez anos depois da cirurgia. Contudo, em alguns casos, é possível que o problema surja bem antes disso.
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Por este motivo, existe a necessidade de investigar qualquer caso em que ocorra o seroma em uma prótese colocada há mais de um ano. Só dessa forma é possível excluir a possibilidade de ser ALCL.
“Lembre-se que a doença é rara. Mesmo que você tenha um seroma, o mais provável é que não seja um ALCL”, diz o profissional.
Diante de um diagnóstico confirmado de ALCL, Montedonio explica que o tratamento pode precisar da ajuda de outros especialistas.
“Mais de 90% das pacientes que tiveram ALCL se curaram – a maioria com a retirada do implante, da cápsula e um pouco de tecido da mama.”
- Síndrome ASIA
A Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes (ASIA) é uma doença rara, em que as pessoas podem ter sinais e sintomas reumatológicos exuberantes, como dores nas articulações e no corpo, vermelhidão, mudança de humor e de apetite, entre outros sintomas, induzidos pela exposição a um agente externo, como certas vacinas e outras substâncias, como o mercúrio.
De acordo com o cirurgião plástico, muitos estudos já concluíram que não existe uma relação importante entre as próteses e as síndromes reumatológicas ou autoimunes.
“Um número pequeno de mulheres com implantes de mama tem sido diagnosticado com ASIA, mas também tem relatado a melhora da doença com a retirada dos implantes”, ele diz.
“É importante lembrar mais uma vez que esses casos são raros e que precisam ser mais aprofundados através de pesquisas e de estudos. Contudo, na presença de qualquer sintoma ou qualquer dúvida, o melhor é procurar seu médico”, finaliza.
Fonte: Josué Montedonio, cirurgião plástico e sócio na Clínica AudiMontedonio, de Santos, São Paulo.