Cirurgia de estrabismo: quando fazer, recuperação e riscos
O estrabismo é uma condição na qual os eixos visuais estão desalinhados, fazendo com que os olhos não fixem o mesmo ponto ou objeto e apontem para direções diferentes. Em alguns casos, é necessário a cirurgia de estrabismo.
Dessa forma, quando ocorre na infância tem como consequência a ambliopia, também conhecido como “olho preguiçoso”. Mas quando ocorre no adulto, o paciente refere diplopia, que nada mais é do que a percepção de duas imagens de um único objeto.
De acordo com a oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho, a princípio a correção do estrabismo se dá pelo uso dos óculos. Assim, deve ser avaliada a visão da criança e, se houver diferença entre os dois olhos, é prescrito o tampão para igualar a visão e não desenvolver a ambliopia. Se o desvio ocular persistir, deve ser realizada a cirurgia.
Leia também: Síndrome da visão de computador: o que é e como tratar
Para que serve a cirurgia de estrabismo?
“O objetivo da cirurgia de estrabismo é a correção do alinhamento dos olhos ou do torcicolo (posição viciosa de cabeça) decorrente do problema ocular. No caso de o estrabismo não ficar corrigido apenas com uso de óculos, o desvio residual deve ser operado.”
A cirurgia é realizada em crianças sob anestesia geral. Já em adultos pode ser realizada em centro cirúrgico com anestesia local e sedação. “O médico muda os músculos de posição para encontrar o equilíbrio das forças musculares e conseguir alinhamento ocular”, esclarece a oftalmologista Keila.
Além disso, não fica cicatriz pois a cirurgia é realizada pela conjuntiva, camada fina e transparente que recobre a parte branca do olho. Dessa forma, os pontos são tão finos quanto fios de cabelo e geralmente caem sozinhos.
Cuidados pós-operatório
Segundo a oftalmologista Keila Carvalho, após o término da cirurgia, o paciente não necessita de internação. Portanto, assim que acordar, pode ir para casa no mesmo dia. “São prescritos colírios com antibióticos e anti-inflamatórios, que devem ser usados no pós-operatório. Em média o afastamento das ocupações habituais não é mais que uma semana”, afirma.
Mesmo sendo uma cirurgia bastante segura, pode correr o risco de infecção ocular e surgimento de visão dupla.
“Cerca de 20% das cirurgias de estrabismo necessitam de mais de uma intervenção cirúrgica. O segundo procedimento nem sempre é imediato, às vezes demora até anos para o desvio voltar e nesse caso deve ser operado novamente. Porém em cerca de 80% dos casos apenas uma cirurgia resolve.”
Falso estrabismo em bebês
Nos bebês é comum o ‘falso estrabismo’ que ocorre pela presença de epicanto, uma dobra de pele no canto interno das pálpebras, que esconde a parte branca do olho nessa região, especialmente quando a criança olha para os lados. Além disso, essa falsa sensação de desalinhamento ocular em crianças também pode estar associada a uma ponte nasal larga, ou alterações da distância interpupilar, dando a impressão de que os olhos estão próximos, sugerindo presença de estrabismo convergente. Esse tipo de situação requer o encaminhamento ao oftalmologista, pois na consulta poderão ser detectados outros problemas, como diferença de grau entre os dois olhos, problemas de transparência de meios e alterações de fundo de olho.
Fonte: Profª. Dra. Keila Monteiro de Carvalho, médica oftalmologista, Professora Titular de Oftalmologia da UNICAMP, Chefe do Departamento de Oftalmologia – Otorrinolaringologia da FCM/UNICAMP e Coordenadora do Serviço de Estrabismo, Oftalmologia Pediátrica e Visão Subnormal do HC – FCM/UNICAMP.