Câncer de colo do útero: América Latina é o 2ª lugar com mais mortes

Saúde
28 de Março, 2024
Câncer de colo do útero: América Latina é o 2ª lugar com mais mortes

Menos da metade das latino-americanas (48%) fizeram o papanicolau, exame para a prevenção do câncer de colo do útero, nos últimos três anos. A desigualdade entre os países e regiões é um desafio para as metas de eliminação da doença da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como consequência, reflete uma diferença de incidência e mortalidade desse tumor. A América do Norte, por exemplo, tem a menor taxa de mortalidade do mundo. Por outro lado, a América Latina é a segunda maior, só perdendo para a África. Os dados são de um estudo publicado no The Lancet.

Leia mais: Câncer de colo de útero: O que é, diagnóstico e tratamento

Câncer de colo do útero: dados sobre o Brasil

O Brasil tem uma incidência de 15,38 casos da doença a cada 100 mil mulheres/ano. Ou seja, está longe do objetivo da OMS de quatro casos para cada 100 mil mulheres/ano até 2030. Mas, segundo os autores do estudo, a falta de dados consolidados em um único registro – considerando inclusive o sistema público e a saúde suplementar – pode gerar distorções nos números do rastreamento.

Atualmente a doença é o terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma. Além disso, é a quarta causa de morte por tumores em mulheres. Mas há grandes diferenças regionais: no Norte e Nordeste, está em segundo lugar, enquanto no Sul e Sudeste, ocupa o quarto e o quinto lugares, respectivamente, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). “Quanto maior a interiorização, menos acesso ao diagnóstico e tratamento precoce”, diz o ginecologista e obstetra Mariano Tamura, do Hospital Israelita Albert Einstein.

De fato, a taxa de mortalidade na Região Norte, por exemplo, é o dobro da nacional. Nesse caso, são 9,07 contra 4,51. Embora um relatório recente do Inca estime que 80% das mulheres na faixa dos 25 aos 64 anos façam o rastreamento, há uma disparidade muito grande no acesso. Desse modo, 35% dos tumores ainda são diagnosticados em fase avançada. Cerca de 6% das brasileiras nunca fizeram o exame – e esse número chega a 15% em estados como Paraíba e Alagoas.

Recentemente, o exame molecular para detectar o HPV, padrão ouro para a prevenção e o rastreamento do câncer de colo de útero, foi incorporado pelo SUS. Esse teste coleta material genético do vírus e é capaz de apontar sua presença mesmo antes de qualquer sintoma ou lesão. Assim, segundo a OMS, faz parte das estratégias para a redução dos casos.

Câncer de colo do útero

Um câncer altamente prevenível

A causa do câncer de colo de útero é o papilomavírus humano (HPV). Normalmente, a doença tem uma progressão lenta a partir de lesões com potencial maligno. Para evitar seu desenvolvimento, é preciso fazer o rastreamento e diagnosticar precocemente lesões suspeitas.

Hoje recomenda-se que as mulheres entre 25 e 64 anos façam o papanicolau anualmente. Após realizar dois exames (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o exame de prevenção pode ocorrer a cada três anos. Esse exame é capaz de apontar alterações suspeitas nas células, mas pode apresentar falhas. Já o teste molecular que detecta o HPV tem uma sensibilidade muito maior e ajuda a traçar o perfil de risco da paciente.

Vale lembrar que a prevenção da doença envolve o uso de preservativos nas relações sexuais e a vacinação contra o HPV, disponível na rede pública para meninas e meninos de 9 a 14 anos e pessoas imunossuprimidas entre 9 e 45 anos.

“É um câncer que costuma afetar mulheres entre 30 e 50 anos, que estão em idade reprodutiva e numa fase muito ativa da vida, muitas ainda não têm filhos ou têm filhos pequenos”, explica Tamura. Quando diagnosticado em estágio inicial, o tratamento é mais fácil e pode ser feito de forma ambulatorial, com o uso de ácidos, laser e mesmo remoção cirúrgica, preservando o colo do útero, as funções uterinas e a fertilidade.

A iniciativa da OMS para a eliminação da doença ou a redução da incidência até 2030 inclui ter 90% das garotas que se vacinaram contra o HPV até os 15 anos de idade, garantir que 70% das mulheres entre 35 e 45 façam pelo menos dois exames de rastreio e tratar 90% das lesões pré-cancerosas e tumores invasivos.

Fonte: Agência Einstein.

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