O que é calvície? Conheça as causas, tratamento e tudo sobre a condição
Os cabelos não são apenas uma herança genética de nossa espécie. Sejam de mulheres ou homens, as madeixas bonitas chamam a atenção em muitas culturas — inclusive na brasileira. Dessa forma, qualquer situação que cause a perda dos fios pode abalar a autoestima de qualquer pessoa. A calvície é um desses problemas e, ao contrário do que se pensa, não se limita aos homens. De acordo com Ronaldo Borges, médico tricologista e especialista em transplante e medicina capilar, os cabelos femininos sofrem cada vez mais. “Estima-se que um terço das mulheres tenha algum tipo de calvície. Mas hoje há uma série de medicamentos e recursos que ajudam a retardar o processo”, explica.
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O que é calvície?
A calvície, também chamada alopecia, é nada mais que a queda progressiva dos fios, definitiva ou não. A princípio, a perda dos fios começa de forma discreta, e evolui gradualmente, gerando falhas no couro cabeludo. Há vários tipos de calvície, que variam de acordo com a causa, região e outros fatores.
Tipos de calvície
Alopecia androgenética (AAG)
É um dos tipos de calvície mais comuns e está relacionado ao histórico familiar. Ou seja, se seu pai ou mãe têm a condição, você terá 50% de predisposição. Caso os dois sejam calvos, a probabilidade aumenta para 75% a predisposição. “Essa queda ocorre por causa da concentração do hormônio testosterona, que também influencia o afinamento capilar e posterior atrofia do folículo”, explica Borges. Por ter origem nos genes, a AAG é definitiva se não for tratada. Ela pode começar ainda na adolescência e, aos poucos, os fios vão ficando menos “encorpados” e perdem a força até caírem completamente. Veja os sinais que merecem atenção:
- “Entradas” e topo da cabeça aparentes: entre as mulheres, a perda pode ser difusa e menos regional, embora não seja regra.
- Expansão da risca do couro cabeludo: se a divisão dos fios estiver mais espaçada, é indício de uma queda significativa.
- Redução do volume do rabo de cavalo: além disso, tanto homens quanto mulheres percebem os fios mais finos e quebradiços.
- Couro cabeludo mais visível: sobretudo ao molhar os cabelos.
Alopecia areata
Um pouco diferente da AAG, a calvície areata ocasiona a queda de cabelos em áreas mais concentradas. Além das madeixas, a alopecia areata pode atingir barba, pernas, braços e outras regiões com pelos. Como consequência, a pele fica com falhas circulares, e normalmente a queda possui relação com o estresse. Assim, uma situação emocionalmente desgastante é capaz de gerar esse efeito no organismo. Em contrapartida, os fios voltam a crescer depois de um tempo.
Eflúvio telógeno
Provavelmente você ouviu de alguém ou até já passou por isso: perdeu muitos fios de cabelo sem motivo aparente. No entanto, quando foi ao médico, descobriu que a queda ocorreu devido a alterações hormonais, estresse ou falta de nutrientes. A princípio, estas são as causas mais comuns do eflúvio telógeno, cujo diagnóstico cresceu durante a pandemia. Afinal, a maioria das pessoas enfrentou algum tipo de abalo emocional, que refletiu diretamente na saúde dos fios. Inclusive, há diversos relatos de pacientes que perderam os fios após contrair Covid-19. Apesar dos poucos estudos que relacionem a infecção com a queda, muitos dermatologistas ouviram essa queixa nos consultórios.
Alopecia cicatricial
Nessa condição, perde-se parcial ou totalmente os fios depois de uma lesão ou como consequência de uma doença autoimune. Por exemplo, queimaduras, quimioterapia, radioterapia e contato com produtos corrosivos são algumas causas desse tipo, que é irreversível, pois os folículos pilosos se fecham por inteiro.
Alopecia total
Como o próprio nome sugere, é a perda total dos cabelos, cujos motivos podem ser enfermidades autoimunes, estresse e, novamente, a herança genética. Logo, ela também pode ser uma alopecia androgenética total.
Como diferenciar uma queda de outros tipos de calvície?
Karine Cade, dermatologista da clínica Otavio Macedo & Associados, afirma que há uma linha tênue nessa diferenciação. “Na calvície, os fios vão se tornando finos e caem aos poucos. Por sua vez, na queda de cabelo [eflúvio telógeno] há uma perda súbita dos fios. Por dia, uma pessoa perde de 50 a 100 fios, o que nem sempre é perceptível porque há renovação dos fios. Mas quando se nota essa queda é porque esse processo não está sendo efetivo”, esclarece.
Possíveis causas
Como você viu, a alopecia tem razões variadas que necessitam de investigação médica, as quais se destacam:
- Predisposição genética, estresse e alterações emocionais.
- Disfunções hormonais e uso de anabolizantes.
- Infecções e doenças autoimunes.
- Envelhecimento, processos químicos e deficiência de vitaminas.
Diagnóstico da calvície
Não é tão simples descobrir o tipo de calvície. Por isso, ambos os especialistas recomendam uma avaliação minuciosa dos fios, exames laboratoriais e uma análise do histórico do paciente. Todos esses aspectos são importantes para prescrever o melhor tratamento.
Afinal, a calvície tem cura?
Eis a principal dúvida, cuja resposta é: depende da causa. A AAG, calvície mais comum entre a população, não tem cura, mas tem controle. “Em geral, o tratamento inclui finasterida ou dutasterida e o minoxidil. A finasterida diminui a quantidade do hormônio DHT (di-hidrotestosterona) no organismo. O DHT, originário da testosterona, atua nos folículos capilares, promovendo sua atrofia. Como resultado, ao reduzir os níveis da testosterona ativa, o cabelo pode voltar a crescer ou amenizar a queda. Recentemente, a Anvisa liberou o uso da dutasterida para o tratamento da alopecia com melhores resultados, pois inibe em 90% o DHT. Já o minoxidil atua como um vasodilatador e promove o aumento da circulação e o aporte de nutrientes, fortalecendo os fios”, ensina Karine Cade.
Outras alternativas de tratamento
Ronaldo Borges acrescenta que a AAG pode suavizar com terapias complementares aos medicamentos orais, como a mesoterapia, ledterapia e o microagulhamento. “A resposta é muito individual, mas quando entro com meu ‘arsenal completo’, conseguimos frear até mesmo melhorar uma área mais afetada pela calvície”, comenta. Entretanto, se as madeixas ainda mexem com a autoconfiança, o último recurso é o transplante capilar. “Hoje, a técnica mais utilizada é a FUE (Follicular Unit Extraction) ou “fio a fio”. Ela é minimamente invasiva, na qual retiramos cada folículo capilar de um local doador do paciente. Depois, transplantamos folículo por folículo para local receptor. O resultado é extremamente natural e com alta densidade”, finaliza Borges.
Como manter os cabelos saudáveis
- Invista em uma alimentação equilibrada e evite o excesso de bebidas alcoólicas e tabagismo.
- Ao notar uma queda anormal, procure ajuda imediata para descobrir o motivo.
- Faça check-ups regulares para acompanhar a saúde.
- Utilize produtos capilares recomendados por seu dermatologista.
- Por fim, apare as pontas dos cabelos a cada dois ou três meses para manter o aspecto saudável e sem pontas quebradas.
Fontes: Ronaldo Borges, médico anestesiologista, tricologista e especialista em transplante capilar; e Karine Cade, dermatologista da Clínica Otavio Macedo & Associados e membro Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).