Autoestima das crianças: Dicas para ajudar seu filho a desenvolvê-la

Bem-estar Equilíbrio
16 de Agosto, 2021
Autoestima das crianças: Dicas para ajudar seu filho a desenvolvê-la

De maneira geral, pode-se dizer que a autoestima das crianças é a visão que temos de nós mesmos. Essa perspectiva é abrangente e pode envolver a consciência de quem somos, incluindo conceitos como autoaceitação (o que vale tanto para talentos e qualidades quanto para defeitos e vícios), autorresponsabilidade (saber responder pelos próprios atos e erros) e autoafirmação (buscar a melhor versão de si mesmo). “Parece simples, não é? No fundo, a autoestima pode ser entendida como um exercício diário de experimentar-se e expandir-se”, avalia a psicóloga Patrícia Lenine, sócia-fundadora da empresa de terapia online Zero Barreiras.

Para a especialista, quanto mais acreditamos em nossa capacidade de lidar com a vida e seus desafios, melhor se torna essa habilidade. Por isso, é importante manter a autoestima elevada para continuar evoluindo nosso potencial, possibilidades e competências. “Ter a autoestima baixa é como se perdêssemos a fé em nós mesmos, o que pode dificultar a adequação ao que a vida apresenta, como também rigidez, medo do novo e conformismo. A questão pode ser que, se tenho baixa autoestima, o medo pode me paralisar. Mas, se acredito nas minhas capacidades, sou capaz de seguir com ele, que se torna um amigo que me alerta de riscos”, explica.

O papel da autoestima das crianças

No caso da autoestima infantil, é ainda mais relevante cuidar dessa característica, pois elas ainda estão formando sua compreensão sobre o mundo, a vida e si mesmas. Excessos de pressão, seja pela quantidade de atividades na rotina ou pela cobrança do desempenho escolar, por exemplo, podem prejudicar a imagem que o pequeno tem de si. “Ou seja, se ele não corresponder ao ideal que foi traçado, pode começar a se sentir incapaz e incompetente.”

Outra grave questão nessa fase é o bullying escolar, que pode ser entendido como ações de intimidação ou agressão verbal, física ou psicológica. Segundo a psicóloga, os equipamentos de ensino seguem com poucos recursos para lidar com isso de forma efetiva. “Uma boa socialização e aceitação pelos grupos na escola é uma excelente alavanca da autoestima da criança. E os pais devem estar atentos ao comportamento de seus filhos e sua integração nesse contexto”, alerta.

Leia também: Timidez na infância: Como apoiar e incentivar seu filho tímido

Consequências da baixa autoestima infantil

Problemas de autoestima durante a infância podem causar marcas profundas, mas os sinais mais evidentes, aponta Patrícia, são queda na performance escolar, tendência ao isolamento e introspecção. Quando a criança se retrai pelo medo, tem menos chances de aprender coisas novas, ampliar habilidades e fazer novos amigos. 

“Se não cuidarmos disso, podemos ter um adulto com dificuldade de ver seu potencial e suas capacidades e que, quase de forma defensiva, se torna muito competitivo e precisa provar incansavelmente que consegue, se preocupando em demasia com a imagem que os outros têm de si, até porque sua confiança na autoimagem é baixa, então é o outro que precisa afirmar quem ele é”, adverte. Geralmente, são pessoas com dificuldade de dialogar, pois costumam ver confronto em tudo, além de terem um certo bloqueio para assumir seus erros.

Para identificar a autoestima das crianças, a psicóloga lista alguns indícios apontados pela Academia Americana de Pediatria:

  • As notas na escola diminuem e/ou a criança perde o interesse por atividades que gostava de fazer.
  • Evita desafios antes mesmo de tentar.
  • Desiste logo depois de começar alguma coisa ao perceber que pode não conseguir.
  • Inventa situações para justificar quando acredita que não vai conseguir concluir uma tarefa. 
  • Mostra-se controladora ou inflexível – uma forma de esconder sentimentos de inadequação, frustração ou impotência.
  • Apresenta mudança de humor constante, exibindo tristeza, choro, explosões de raiva, frustração ou silêncio.
  • Tem tendência a não ter amigos ou menor contato com eles.
  • Faz comentários autocríticos como: “Eu nunca faço nada certo”; “Ninguém gosta de mim”; “Eu sou feio”; “É minha culpa” ou “Todos são mais espertos do que eu”.

Sugestões para ajudar a desenvolver a autoestima da criança

A primeira recomendação de Patrícia para pais e responsáveis sobre a autoestima das crianças é aceitar a criança como ela é, sem ficar sempre desejando que seja aquilo que um dia sonhou. “Mas, quando entendemos que projetamos, em nossos filhos, nossos próprios desejos e expectativas, conseguimos abaixar as cobranças e lidar melhor com a particularidade e a singularidade daquela pessoa que recebemos a dádiva de criar”, esclarece.

Além disso, vale incentivar o pequeno a experimentar coisas novas, o que não só desperta a curiosidade, mas também cria confiança e entendimento de que, através do erro, crescemos. “Ou seja, em cada conquista do seu filho ou filha, comemore e elogie. Não tem nada que tenha tanto valor como sentir que os pais possuem orgulho do filho ou filha!”

Veja abaixo mais 5 dicas práticas que podem ajudar nessa tarefa:

  • Todos temos virtudes e defeitos. Concentre-se em pontos fortes, preste atenção ao que a criança gosta e as qualidades que possui, reforçando-as.
  • Seja um bom exemplo. Ou seja, empenhe-se para fazer seus afazeres e demonstre disposição para o trabalho. Assim, ao fazer as tarefas com calma e orgulhar-se de um trabalho bem feito, você ensina a criança a fazer isso também. 
  • Mas, cuidado com as mensagens que passa em momentos de raiva. O que os pais falam marca as crianças, por isso, é bom evitar frases como: “Você é tão preguiçoso”; “Você não aprende”, entre outras.
  • Elogie a criança. Saiba reconhecer um esforço, um progresso ou uma atitude positiva. 
  • Por fim, aprenda algo novo. Desafie-se e envolva seus filhos nisso. Nada como experimentar junto a aventura de viver.

Leia também: Como criar crianças altruístas: Dicas para os pais

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