Autismo em adultos: Vitor Fadul, marido de Leandro Karnal, descobre transtorno aos 25 anos
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por um comprometimento no neurodesenvolvimento, capaz de afetar a linguagem, interação social, comportamento de repetição etc. Por esse motivo, geralmente, o espectro é identificado logo na infância. No entanto, em alguns casos, o diagnóstico vem em uma fase mais madura da vida, é o caso do autismo em adultos, vivenciado por Vitor Fadul, marido de Leandro Karnal.
Recentemente, Leandro Karnal, historiador e professor, utilizou as redes sociais para exaltar a personalidade do marido e divulgar seu novo trabalho como músico. No texto, Karnal revela que Vitor tem autismo, transtorno que só foi descoberto pelo cantor aos 25 anos.
“Sou casado com um ser humano lindo, inteligente, talentoso e autista. Aprendi a superar meus preconceitos. Saber antes sobre as possibilidades quase infinitas de todos os espectros mentais humanos teria feito eu ser um professor melhor no passado. Se o autismo é o que o Vitor é, logo amo o autismo de todo o meu coração”, escreveu Karnal.
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Casos como o de Vitor não são tão comuns, mas merecem atenção, já que o diagnóstico precoce pode contribuir para que o paciente obtenha tratamento adequado e possa ter uma qualidade de vida melhor. Continue lendo e entenda.
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Autismo em adultos
De acordo com dados da OMS – Organização Mundial da Saúde, 1 em cada 160 crianças é autista no Brasil, portanto, estima-se que existam cerca de 2 milhões de autistas. Esse número pode ser ainda maior devido ao estigma do espectro, além dos dados sobre autismo em adultos serem rasos e desatualizados.
A resposta para a invisibilidade do transtorno está nos mitos e preconceitos com relação ao autismo e que podem dificultar o diagnóstico. Por exemplo, o mito de que todos os autistas são apáticos, antissociais e até insensíveis.
Além disso, o autismo também pode ser confundido com outras condições, como TDAH, que é quando a pessoa tem dificuldade de foco, atenção, concluir tarefas, apresenta muita agitação e impulsividade. Assim, os diferentes níveis do autismo podem resultar nos sintomas, por isso, casos leves podem passar despercebidos.
Nesse sentido, quanto antes o autismo for identificado, melhor. Assim, as chances de tratamento adequado, aceitação e qualidade de vida são muito maiores.
Identificando os sintomas do autismo
Embora o autismo não tenha uma cara e nem um comportamento rigidamente definido, é preciso dizer que, sim, há alguns ‘sinais de alerta’. Dessa forma, existem diversos níveis de autismo. Pessoas com o TEA nível 1, por exemplo, podem apresentar apenas dificuldades em situações sociais que muitas vezes podem ser confundidas com timidez. Outras têm comportamentos restritivos e repetitivos que podem parecer perfeccionismo, por exemplo.
Além disso, algumas pessoas com autismo são hiporresponsivas e outras são hiperreativas aos estímulos sonoros, visuais, olfativos, entre outros.
“Na hipereatividade a pessoa percebe de maneira acentuada os estímulos e precisa de ambientes com luzes mais fracas ou usar fones de ouvido, por exemplo; já na hiporresponsividade existe uma dificuldade maior em perceber e responder aos estímulos que a maioria das pessoas reagiriam”, completa a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto.
Assim, as pessoas mais próximas podem ajudar a identificar características como apresentar dificuldades na flexibilização de regras, gostar de manter padrões, ter dificuldades na interação social com diversas pessoas, ter estereotipias (movimentos repetitivos) e demonstrar maior dificuldade para entender piadas, ironias e sarcasmo.
A importância do tratamento e acompanhamento
Apresentar uma ou mais características das listadas acima não significa, exatamente, a comprovação do autismo. Por isso, é importante buscar ajuda profissional para um diagnóstico mais preciso. Apenas um profissional poderá avaliar essa condição. “Afinal, rótulos criados pela sociedade, além de capacitistas, só atrapalham no diagnóstico de autismo”, afirma Bárbara.
Por fim, o diagnóstico precoce é fundamental para auxiliar no desenvolvimento da criança, permitindo que ela chegue à fase adulta com mais clareza do espectro, além de ajudar a melhorar as habilidades sociais e de comunicação.
Fonte: Bárbara Calmeto, neuropsicóloga e diretora do Autonomia Instituto.