Aquecimento global contribui com o número de doenças renais

Saúde
06 de Dezembro, 2022
Aquecimento global contribui com o número de doenças renais

De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), e da Monash University, 7.4% de todas as hospitalizações por doença renal podem ser atribuídas ao aquecimento global.

Esse problema vem aumentando e tende a crescer ainda mais nos próximos anos caso não haja uma redução dos níveis de poluição. Em primeiro lugar, com o aumento da temperatura, as crianças, mulheres e idosos são os mais afetados. De igual modo, a má qualidade do ar também está associada à insuficiência renal crônica progressiva. Confira mais informações à seguir! 

Detalhes sobre o estudo

A pesquisa é considerada a maior do mundo sobre impactos das mudanças climáticas e doenças renais e foi publicada na revista The Lancet Regional Health Américas

O Brasil foi o campo de análise dos pesquisadores. Nesse sentido, foram analisadas 2.726.886 hospitalizações por doenças renais registradas durante o período de estudo, entre 2000 e 2015. Sendo assim, 7,4% de todas hospitalizações correspondem a mais de 202 mil casos de doença renal

Afinal, como o aquecimento global contribui para doenças renais?

De acordo com a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, “a sudorese induzida pelo calor e a consequente desidratação predispõem ao maior risco de desenvolvimento de doenças renais. Além disso, à medida que as temperaturas da superfície global continuam a aumentar devido à atividade humana, os impactos adversos são agravados para as pessoas que já têm doenças renais”, explica a médica.

“Essa população [que já têm doenças renais] é mais vulnerável à exposição ao calor e desidratação e aumento do risco de cálculos renais e lesão renal aguda. A má qualidade do ar também está associada à insuficiência renal crônica progressiva”, completa a médica nefrologista.

Portanto, os rins são responsáveis por filtrar a urina, resíduos e fluidos extras do sangue, usando muitos vasos sanguíneos. Além disso, eles ajudam a manter a tensão arterial, colaborando com a saúde cardiovascular e com o correto funcionamento dos músculos, mantêm os ossos saudáveis e estimulam a produção de glóbulos vermelhos, enfatiza a Dra. Caroline.

“Com o aumento da temperatura, as crianças, mulheres e idosos são os mais afetados. Isso porque nas crianças a capacidade de equilibrar a temperatura corporal (termorregulação) ainda está sendo desenvolvida; nos idosos, essa espécie de ‘termostato’ costuma apresentar falhas; e as mulheres, por apresentarem maior nível de gordura corporal que os homens, são mais vulneráveis ao calor”, conta a médica. 

Confira abaixo quais são as principais doenças renais:

  • Doença renal crônica (DRC);
  • Infecção renal ou pielonefrite;
  • Litíase renal (pedra nos rins);
  • Tumor ou câncer renal.

Leia também: Doenças renais: conheça as principais e seus sintomas

Demais impactos do aquecimento global

Segundo a Sociedade Americana de Nefrologia, o impacto das mudanças climáticas provavelmente afeta desproporcionalmente as pessoas com doenças renais que têm outras condições crônicas, como doenças cardíacas e pulmonares, e são propensas a infecções. 

“Pacientes com insuficiência renal necessitam de vários tratamentos de diálise a cada semana para viver. Dado que a maioria dessas pessoas recebe tratamentos de hemodiálise três vezes por semana em um centro de diálise ambulatorial, a interrupção da infraestrutura médica durante um desastre natural pode ter consequências terríveis. Antes acompanhávamos desastres naturais pela televisão, apenas em outros países. Vimos no começo desse ano com as enchentes que afetaram vários estados brasileiros que essa realidade está cada vez mais próxima de nós”, acrescenta a médica.

Por fim, já que não temos como lutar individualmente contra a poluição e aumento da temperatura global, a médica recomenda para prevenção de doenças renais, além de aumentar o consumo de água e ter uma alimentação saudável, visitar um médico de confiança regularmente para detecção precoce e intervenção de doenças renais genéticas e comorbidades como hipertensão e diabetes.

Fonte: Dra. Caroline Reigada, médica nefrologista e especialista em medicina intensiva integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

 

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