Nem todo medicamento antigripal é indicado para idosos
Nem todo mundo sabe, mas certos medicamentos antigripais não são indicados para os idosos. Apesar de serem comuns em farmácias e não exigirem receita médica para a compra, alguns podem até trazer riscos à saúde dos mais velhos. Entenda melhor:
Por que alguns antigripais não são indicados para idosos?
A Dra Marcia Pagano, médica geriatra da Saúde no Lar, explica que a resposta do organismo humano a medicamentos pode ser alterada com o avanço da idade. Isso acontece devido a uma série de fatores biológicos e fisiológicos. “O que resulta na necessidade de considerar cuidadosamente quais remédios são apropriados para o público mais velho. Bem como ajustar as doses ou escolher fármacos alternativos quando preciso”, ela diz.
Ela explica que, à medida que envelhecemos, o metabolismo do corpo “desacelera”. Isso afeta diretamente a forma como processamos os medicamentos. Ou seja, a tendência é que o processo de eliminação das substâncias presentes no remédio ocorra de forma mais lenta. Isso significa níveis mais elevados do medicamento no organismo, o que também aumenta os riscos de efeitos colaterais e até intoxicação.
“As funções renal e hepática também podem diminuir com a idade. Esses órgãos [rins e fígado] desempenham um papel crucial na eliminação de substâncias do corpo. Se eles estiverem comprometidos, os remédios podem se acumular no organismo, aumentando as chances de efeitos colaterais”, afirma a médica.
Além disso, como os idosos normalmente utilizam mais remédios de forma contínua, também há a possibilidade da chamada interação medicamentosa: quando um fármaco interfere na eficácia ou na segurança de outro.
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Quais os riscos?
A Dra Marcia Pagano conta que grande parte dos antigripais carrega compostos anti-histamínicos, que podem causar tontura e levar a quedas e acidentes. “Já aqueles anticolinérgicos podem causar boca seca, visão turva e problemas de foco visual”, ela complementa.
Por fim, certos remédios chegam até a afetar o sistema nervoso central, causando sintomas como confusão, falta de concentração e problemas de memória. “Esses efeitos são mais preocupantes em idosos, que estão mais predispostos a alterações cognitivas. Além disso, náuseas, vômitos, constipação e distúrbios gastrointestinais podem ocorrer com certos antigripais.”
O que fazer para evitar os efeitos colaterais dos antigripais em idosos?
O primeiro passo é contar com o acompanhamento médico e a orientação profissional antes de utilizar qualquer medicamento – por mais inofensivo que ele pareça ser. Ou seja, nada de automedicação!
“O profissional de saúde é quem vai avaliar o quadro clínico, considerar as condições já existentes e recomendar o tratamento adequado. Em alguns casos, ele pode preferir estabelecer tratamentos alternativos ou ajustar as doses para minimizar os riscos”, indica a especialista.
Por fim, é muito importante seguir as recomendações do profissional e da bula. Por isso, evite tomar os remédios em horários que não foram prescritos e siga sempre as instruções da embalagem. “Lembrando que cada pessoa deve ser tratada de forma individualizada e pode ter necessidades especiais.”
Fonte: Dra Marcia Pagano, médica geriatra da Saúde no Lar.