Amamentação prolongada: mãe é julgada por amamentar filho de 5 anos
As redes sociais podem ser espaços desafiadores para figuras maternas, embora a decisão de como elas criam seus filhos seja completamente pessoal. Quem sente isso na pele e fala sobre o assunto é a mãe e doula Lauren McLeod, que é frequentemente criticada por defender e praticar a amamentação prolongada.
Em entrevista ao DailyMail, ela contou que já foi chamada de “doente” e até mesmo de “abusadora” por ainda realizar o aleitamento materno do primogênito Bowie, de cinco anos. Nas fotos divulgadas em seu Instagram de trabalho, também vemos que, além dele, a caçula Tigerlily, de dois anos, é amamentada pela mãe.
A maneira que Lauren lida com os comentários virtuais é um bom conselho para como deveríamos tratar os conteúdos negativos que rondam a internet. Em outras palavras, a doula opta por apagá-los e excluir quem deixou a mensagem ruim a ela. No entanto, ela entende que muitas das opiniões que chegam no seu perfil são reflexos de preconceitos culturais e falta de ensinamento sobre aleitamento materno.
“O que é parte da razão pela qual compartilho minha história: para ajudar as pessoas a entenderem que amamentação é biologicamente natural”, disse Lauren ao DailyMail. Assim, o que muitos não sabem é que, a partir do limite estabelecido pelo binômio mãe-filho, o aleitamento materno prologando possui benefícios importantes para ambos.
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Afinal, quais são as vantagens da amamentação prolongada?
De acordo com a pediatra Patrícia Terrível, membro do Departamento de Aleitamento Materno da SPSP, o leite materno possui mais do que nutrientes. A especialista cita, por exemplo, que o bebê recebe imunoglobulinas (ou seja, anticorpos) por meio da amamentação. Logo, a imunidade do pequeno é potencializada.
“Além disso, o aleitamento materno prolongado diminui os riscos de pressão alta, diabetes e colesterol alto no futuro”, completa Dra. Patrícia. Dessa forma, ela explica que mesmo quando o leite não é mais a principal fonte de nutrição do pequeno, como acontece após o primeiro ano, esses benefícios continuam existindo. Inclusive, Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra e consultora de amamentação, lembra que isso ocorre porque o alimento humano adapta-se ao organismo infantil independente da idade. “Em outras palavras, ele se ajusta para atender demandas imunológicas e nutricionais do bebê”, completa a especialista.
Segundo a pediatra, há também relação entre o aleitamento materno e a inteligência infantil. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) diz o mesmo. De acordo com a instituição, existem estudos que mostram que crianças amamentadas têm o QI maior do que aquelas que não passaram pelo aleitamento materno, em torno de 3,4 pontos a mais. “É uma diferença modesta, mas que pode fazer diferença, principalmente quando pensamos em termos populacionais”, destaca a SBP.
Fonte:
- Dra. Patrícia Terrível, pediatra e membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP);
- Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra e consultora de amamentação;
Referências:
- DailyMail;
- Sociedade Brasileira de Pediatria.