Alisamento no cabelo pode aumentar o risco de câncer no útero

Saúde
10 de Abril, 2023
Alisamento no cabelo pode aumentar o risco de câncer no útero

Apesar de ser super comum, o alisamento no cabelo pode trazer sérias consequências para a saúde. De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mulheres que usam produtos químicos para alisar os fios apresentaram um risco ligeiramente maior de desenvolver câncer de útero do que aquelas que não utilizam.

No Brasil, o câncer de útero é o sétimo mais comum entre mulheres, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para 2022. Diferente do câncer do colo do útero, o uterino atinge o corpo do útero, e é mais comum após o início da menopausa.

“Trata-se de um tipo de câncer que ocorre dentro do corpo do útero, e costuma ser diagnosticado mais precocemente do que o câncer do colo do útero. Ele é curável em até 90% dos casos, quando diagnosticado nos estágios iniciais”, explica Vanessa Alvarenga, ginecologista especializada em cirurgia no Hospital Israelita Albert Einstein.

O estudo, publicado no periódico Journal of the National Cancer Institute, não concluiu que os produtos provocam câncer. Mas mostrou que eles podem levar a um risco aumentado para a doença.

Resultados da pesquisa

Os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental (NIEHS, na sigla em inglês) acompanharam um grupo de 34 mil mulheres por um período de mais de 10 anos.

Para Vanessa, o estudo acende um sinal de alerta para as mulheres que fazem procedimentos de alisamento com muita frequência.

“O artigo destaca que o fator de risco aumenta muito em pacientes que relataram ter feito alisamento mais de quatro vezes nos últimos meses. Então, se a paciente faz alisamento, é importante tentar fazer com intervalos maiores, se possível. Isso porque o estudo mostra que o risco está completamente relacionado à frequência”, diz Alvarenga.

Entre as mulheres participantes do estudo que não fizeram nenhum tipo de alisamento nos 12 meses anteriores à pesquisa, o risco de desenvolver câncer uterino antes dos 70 anos de idade foi de cerca de 1,64%. Já entre as mulheres que realizaram o procedimento mais de quatro vezes nos 12 meses anteriores, o risco foi consideravelmente maior, com mais de 4% de incidência.

“Os efeitos adversos à saúde associados ao uso do alisador podem ser mais importantes para mulheres negras devido à maior prevalência e frequência de uso desses produtos, à idade mais jovem de início do uso e às formulações químicas mais agressivas do que as mais usadas por outros grupos”, afirmam os pesquisadores no estudo.

A ideia da pesquisa foi baseada em um dos principais fatores de risco para o câncer uterino: o desequilíbrio hormonal, principalmente de estrogênio e progesterona. Uma das hipóteses que os pesquisadores buscam investigar é a de que produtos químicos que alteram ações hormonais.

Mais estudos sobre alisamento no cabelo

Embora seja o primeiro estudo a estabelecer uma conexão entre alisamento no cabelo e câncer uterino, a pesquisa não detalhou quais produtos usados no cabelo podem trazer riscos. Dessa forma, para a ginecologista, este deve ser o próximo passo dos cientistas nas próximas pesquisas sobre o assunto.

“Para saber se o alisamento foi o que causou o câncer, teria que fazer um estudo randomizado, expor as pacientes a diferentes substâncias e aí avaliar quem desenvolveu a doença. Esse desenho deste estudo atual é mais fácil para descobrir se é um fator de risco. Portanto, a gente pode dizer que o alisamento é, sim, um fator de risco. Mas não sabemos se ele é um agente causador, nem quais substâncias são as mais perigosas”, explica Alvarenga.

Apesar da importância da pesquisa realizada nos Estados Unidos, outros estudos ainda devem confirmar os achados. É o que afirma a médica Fabiane Mulinari Brenner, coordenadora do departamento de cabelo e unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

“Esse estudo é um alerta inicial, e talvez para pacientes que têm mais fator de risco a gente sugira reduzir os procedimentos. Sempre que a gente vê esses estudos de risco, eles servem como um alerta, mas precisamos ter novas pesquisas no futuro para demonstrar esse mesmo resultado”, avalia a dermatologista.

Leia também: Tratamento do câncer de colo do útero: estudo aponta atraso em cuidados

Alisamento no cabelo com formol

Embora a pesquisa não tenha detalhado quais são as substâncias usadas nos alisamentos, os cientistas já sabem que algumas delas não devem ser utilizadas no cabelo sob nenhuma hipótese. É o caso do formol, que teve o uso proibido no Brasil em 2008. Ainda que banido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o formol ainda é usado, ilegalmente, em alguns salões de beleza.

“O formol está proibido para uso em alisantes desde 2008. Contudo, a gente sabe que em alguns salões a gente ainda vê o uso do formol, de maneira irregular. A gente tem esse agravante no Brasil, porque no mundo inteiro o formol não é mais usado para alisamentos, mas aqui ele ainda aparece de forma indevida”, diz Brenner.

De acordo com a médica, o uso de formol já foi associado a um maior risco de tumores nas vias aéreas, pela inalação da substância. O produto também pode causar irritações na pele.

Além disso, a ginecologista lembra que, muitas vezes, os produtos usados por cabeleireiros que fazem alisamentos não são comunicados à clientela. Assim, muitas mulheres podem acabar expostas aos produtos que oferecem mais risco.

“O que gera muita ansiedade é que, hoje em dia, a gente usa produtos químicos nos cabelos, mas não sabemos quais são os ingredientes. No geral, não fica muito claro para a cliente qual é a formulação que foi usada”, explica Alvarenga.

Fonte: Agência Einstein

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