Açaí contaminado é uma das principais causas da doença de Chagas no Brasil

A doença de Chagas é muito conhecida por ser transmitida pela picada de um mosquito que leva o apelido de barbeiro. E embora esse tenha sido o meio mais comum de contágio durante anos no Brasil, atualmente, cerca de 70% dos casos têm como pano de fundo o consumo de açaí contaminado.

O dado vem de uma pesquisa realizada pelo cardiologista Odilson Silvestre, professor na Universidade Federal do Acre (Ufac), e foi publicado no jornal científico Clinical Infectious Diseases. Nela, os cientistas analisaram todos os relatos da doença adquirida oralmente desde 1965.

Doença de Chagas

A condição é gerada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, e é considerada endêmica na América Latina. Com a melhora da qualidade de vida dos brasileiros e a diminuição das casas construídas com taipas (que servem de moradia para o barbeiro), a transmissão pela picada do inseto sofreu uma queda no país. Desse modo, o açaí passou a ser a maior causa da doença, mas outros alimentos contaminados também oferecem risco — como caldo-de-cana, bacaba e outros sucos.

Na fase aguda, o micro-organismo pode levar a sintomas como febre, lesões na pele, mal-estar e falta de ar. Se não diagnosticada e tratada a tempo, a doença de Chagas pode se transformar em um quadro crônico. Assim, ele fica um bom tempo (cerca de 10 anos) sem manifestar sinais. Depois desse período, há grande risco de aparecimento de insuficiência cardíaca.

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Como o açaí é contaminado

Os pesquisadores acham que o problema está no modo de processamento do alimento, que geralmente é feito à noite. Como o barbeiro é atraído pelas luzes das fábricas, ele acaba depositando as suas fezes nas máquinas e nos alimentos ou, então, é macerado junto com a fruta.

Contudo, há métodos para evitar a contaminação do açaí. O principal é o branqueamento, técnica que esquenta a fruta a 80°C, e depois a resfria rapidamente, matando o protozoário. Por isso, o ideal é comprar a fruta e seus derivados somente de locais de confiança, de preferência com o selo da vigilância sanitária.

Referência: Case-fatality From Orally-transmitted Acute Chagas Disease: A Systematic Review and Meta-analysis.