Abuso sexual infantil: sinais que a criança pode estar sendo violentada
O mês de maio laranja traz a importante simbologia de combate ao abuso sexual infantil no Brasil. Para isso, inicia-se um diálogo necessário sobre os principais sinais, que devem ser evidenciados à população, de que crianças e adolescentes podem estar sendo vítimas deste tipo de violência.
A cartilha elaborada pelo programa Protege Brasil, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, divulgada neste ano, mostra isso com mais detalhes. De acordo com o documento, 18.861 denúncias de violência sexual contra o público infantojuvenil foram registradas em 2021.
Embora o número seja alto e preocupante, podem ocorrer subnotificações. “(Isso porque) muitas vezes a criança ou adolescente não relata o episódio de abuso, por não compreender ou por medo”, segundo a cartilha. Dessa maneira, é fundamental que se esteja atento aos sinais involuntários que estes dois públicos demonstram ao serem violentados.
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Sinais de abuso sexual infantil por idade
Sob o mesmo ponto de vista, separamos os indicativos de que a criança e/ou o adolescente pode estar sendo vítima de abuso sexual, de acordo com a faixa etária:
Até quatro anos
- Desenhos sexualizados;
- Perturbação do sono;
- Medo de homens;
- Comportamento ou brincadeiras sexuais inapropriadas para idade.
De quatro a seis anos
- Limpeza compulsiva;
- Acessos de raiva;
- Conhecimento sexual inapropriado para idade, em brincadeiras, discursos e desenhos;
- Perturbações no sono;
- Destruição simbólica repetida dos pais.
De sete a 12 anos
- Vontade excessiva de agradar;
- Ansiedade;
- Mentiras;
- Mudanças de humor;
- Fracasso escolar;
- Perturbações no sono;
- Segredos;
- Assume papel materna;
- Tentativas de suicídio;
- Aparência pseudomadura.
De 13 anos para mais
- Relacionamentos afetivos pobres;
- Abuso de drogas/álcool;
- Promiscuidade;
- Automutilação;
- Depressão/desespero;
- Estados fóbicos e desordens compulsivas;
- Assume papel maternal;
- Abusa sexualmente de outras crianças.
A cartilha ainda lembra que, independentemente da idade, crianças presenciam ser validadas conforme dão indícios de que estão sendo abusadas. Segundo o documento, 92% sempre estão falando a verdade quando iniciam diálogos com esta temática. Em contrapartida, só 8% tendem a estar mentindo bem como ¾ faz isso por indução de adultos.
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Os dois principais perfis do abusador sexual
Existem duas modalidades quando falamos de violência sexual contra crianças e adolescentes. A primeira é a intrafamiliar, em outras palavras, é quando o “agressor está ligado à pessoa da vítima por laços de consanguinidade, legalidade ou afinidade”, segundo o documento.
Nesse sentido, dados do “Disque 100” mostraram que das 18.681 denúncias, 2.617 tinham madrastas e padrastos como suspeitos. Além de 2.443 serem vítimas de pais, 2.044 de mães e 1.379 de tios. Ainda de acordo com o relatório da plataforma, mas desta vez de 2019, “72% dos casos de violência contra crianças e adolescentes ocorrem na casa da vítima ou do agressor”. Ao passo que 69% são recorrentes, ou seja, aconteceram mais de uma vez.
Em suma, o agressor intrafamiliar soa ser uma pessoa tida como normal. Todavia, ele costuma ser bastante possessivo e proibir que a vítima se relacione com amigos. Ao mesmo tempo, acredita que a violência que está praticando não passa de uma forma de amor familiar. Se descoberto, ele nega sistematicamente o que foi feito e acusa a criança ou o adolescente de promíscuo e sedutor.
Em contrapartida, a segunda modalidade citada na cartilha é a extrafamiliar. Logo, neste caso, o agressor é eventualmente só uma pessoa conhecida da vítima (podendo ser desconhecida também). Segundo o “Disque 100”, 1.155 denúncias tinham o vizinho como responsável pelo abuso, em 2021.
Sobretudo, o agressor na condição extrafamiliar soa como alguém profundamente amável, usando até mesmo da manipulação por meio de presentes para conseguir o que quer. Posteriormente, ele busca manter-se próximo da vítima sem que outros adultos estejam por perto e usa do efeito surpresa para cometer o ato de abuso.
Fonte: Cartilha “Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescentes – Abordagem de casos concretos em uma perspectiva multidisciplinar e interinstitucional”, do Ministério da Saúde.