Vacinação para pessoas com diabetes: entenda a importância

Vacinação para pessoas com diabetes: entenda a importância

Você sabia que existem vacinas especialmente recomendadas para quem tem diabetes? Não só existem, como essas vacinas estão disponíveis de forma gratuita no SUS. De olho nisso, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou uma cartilha com as principais recomendações para quem tem condições específicas de saúde. Lá, há um calendário de vacinação para pessoas com diabetes com orientações especiais para quem tem a condição. Mas por que essas pessoas devem receber vacinas especiais? 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as vacinas salvam por ano de 2 a 3 milhões de pessoas no mundo. Consideradas uma das maiores descobertas da ciência, as vacinas revolucionaram a forma como vivemos aumentando a expectativa de vida e erradicando doenças que, anteriormente, foram responsáveis por matar milhões de pessoas, como a varíola. 

Para pessoas que convivem com condições crônicas de saúde, como o diabetes, a imunização ainda é mais necessária. Isso porque quem tem diabetes é mais vulnerável a infecções oportunistas, que podem evoluir com complicações graves para a saúde. Entretanto, a boa notícia é que aderindo adequadamente o calendário de vacinação para pessoas com diabetes, seguindo as recomendações do seu médico, é possível preveni-las. 

Conheça as vacinas especiais

Além das vacinas que todos devem tomar de acordo com a faixa etária ou campanhas nacionais de vacinação, entre elas, a vacina da Covid-19, há algumas especialmente recomendadas, como a da gripe e da pneumonia. A gripe, apesar de ser uma infecção do trato respiratório bastante comum, pode trazer complicações, como a pneumonia, em pessoas com diabetes. “Entre os grupos que mais morrem por gripe no Brasil, estão as pessoas com diabetes”, conta Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm. E aí, entra a vacina. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a vacina contra a influenza consegue reduzir em até 79% o risco de internação em pessoas com diabetes. 

Além disso, a doença pneumocócica, causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae ou pneumococo, é responsável por manifestações graves como meningite, sepse, otite e pneumonia. Também é responsável por altas taxas de internação e complicações de saúde. Outras vacinas como a da hepatite B e herpes zóster também fazem parte do calendário para que tem diabetes.

Calendário de vacinação para pessoas com diabetes

  • Influenza (gripe): A vacina deve ser aplicada todo ano, a partir dos 6 meses de idade.
  • Vacinas pneumocócicas: previnem mais de 70% das doenças graves causadas pelo pneumococo, como pneumonia, meningite e otite.  Há dois tipos de vacinas: a VPC10 ou VPC13 e a VPP23. Entretanto, sempre iniciar o esquema com a vacina conjugada (VPC13), seguida pela aplicação da vacina VPP23, respeitando o intervalo de dois meses entre elas. 
  • Pneumocócicas conjugadas (VPC10 ou VPC13):  A VPC10 previne contra 10 sorotipos do pneumococo, enquanto a VPC13 previne contra 13. As duas são recomendadas a partir dos 2 meses de vida: 2 doses (para a VPC10) ou 3 doses (para a VPC13) e reforço aos 15 meses de idade. Contudo, acima dos 6 anos, quem não se vacinou com a VPC13 ou VPC10 deve receber uma dose de VPC13. 
  • Pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23):  Previne doenças causadas por 23 tipos de pneumococos. A vacina é recomendada a partir dos dois anos de idade: duas doses com intervalo de cinco anos entre elas. Mas, se a segunda dose de VPP23 foi aplicada antes de 60 anos de idade, uma terceira dose é orientada após essa idade, com intervalo de cinco anos da última dose.
  • Hepatite B: Para prevenir a doença, que atinge o fígado, a vacinação inclui três doses: uma nas primeiras 12 horas de vida, depois aos 2 e 6 meses de idade. A SBIM recomenda para crianças, adolescentes ou adultos não vacinados anteriormente as três doses.
  • Herpes zóster: Previne a reativação do vírus da varicela que causa dor e bolhas na pele. Até então, estava disponível a versão atenuada para acima de 50 anos. Recentemente, chegou uma nova vacina, em duas doses que, além de mais eficaz, pessoas acima de 18 anos de grupos de risco podem recebê-la.

 

Onde se vacinar

Para ter acesso a essas vacinas especiais, a pessoa com diabetes deve procurar os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), que oferecem de forma gratuita as imunizações pelo Sistema Público de Saúde. Mas, para isso, tenha o pedido médico em mãos e procure o CRIE mais próximo da sua região (basta procurar no site da Secretaria de Saúde do seu estado). “Os CRIEs são um serviço de ponta do SUS. Logo, deixar de usufruir desse benefício é deixar de se proteger de uma forma simples, gratuita eficaz e segura”, reforça a médica. Mas, infelizmente, algumas vacinas estão disponíveis apenas na rede privada (confira as recomendações e disponibilidade de cada vacina no site da SBIm: família.org.br).

Outras vacinas recomendadas para quem tem diabetes 

  • BCG: protege contra a tuberculose. 
  • Pólio inativada: previne a poliomielite.
  • Rotavírus: previne contra doença diarreica causada por rotavírus.
  • Haemophilus influenzae b: previne doenças causadas pela bactéria, entre elas meningite. 
  • Tríplice bacteriana: previne contra difteria, tétano e coqueluche.
  • SCR: protege contra o sarampo, caxumba e rubéola.
  • Febre amarela
  • Hepatite A
  • Meningocócicas conjugadas: previne doenças causadas pela bactéria meningococo, incluindo meningite.
  • Meningocócica B: protege contra meningites e infecções generalizadas 
  • HPV: previne infecções e lesões pré-cancerosas causadas pelo papilomavírus humano (HPV)
  • Dengue
  • Varicela (catapora) 

A vacinação para pessoas com diabetes é segura

De acordo com Isabella Ballalai, a vacinação para pessoas com diabetes é extremamente segura e não há contraindicação. “Viver com diabetes não contra indica nenhuma vacina. Logo, todas são seguras para esse grupo e não há risco aumento para eventos adversos ou reações”, tranquiliza. “Quem tem diabetes é mais suscetível a infecções, mas isso não quer dizer que são consideradas pessoas imunodeprimidas, ou seja, que tenham o sistema imunológico comprometido”, complementa a médica.

Leia também: Afinal, o que é a BCG?

Fonte: Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações – SBIm

Referência: SBIM e Calendários de Vacinação – Pacientes Especiais