Vacina da Covid-19 em crianças: o que se sabe até agora?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta quinta-feira (16), a vacina da Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos com o imunizante da Pfizer. No entanto, ainda não se sabe quando as vacinas poderão, de fato, serem aplicadas no braço dos pequenos. Isso porque a chegada das doses nos postos depende do calendário e da logística do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, que coordena a distribuição das vacinas.
A decisão foi comemorada por especialistas e sociedades médicas, que chamam a atenção para a quantidade considerável de óbitos por essa doença entre os mais jovens nos últimos meses. De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, cerca de 2,5 mil crianças e adolescentes brasileiros morreram de covid-19 desde o início da pandemia. Além disso, a covid-19 mata mais do que todas as demais doenças infecciosas contempladas no calendário de vacinação infantil. Nesse sentido, segundo a ANVISA, duas doses da vacina para crianças de 5 a 11 anos evita casos graves da doença, além de óbitos.
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Como vai funcionar a vacina da Covid-19 em crianças
As crianças receberão, assim como os adultos, duas doses de vacina com intervalo de 21 dias. No entanto, a dosagem equivale a um terço da dose usada nos adultos. As crianças receberão uma dosagem de 10 microgramas, enquanto quem tem 12 anos ou mais, a dose é de 30 microgramas. Além disso, com o intuito de evitar possíveis confusões na hora da aplicação, o frasco da vacina para crianças terá uma cor diferente daquela aplicada em adultos. Ainda não há dados para dizer se a dose de reforço será necessária para as crianças.
A vacina também tem esquema de conservação diferente, já que pode ficar por 10 semanas em temperatura de 2ºC a 8ºC. Já a vacina aplicada em pessoas acima de 12 anos pode ser guardada por quatro semanas após o descongelamento. As crianças terão ainda que receber a primeira e a segunda dose da mesma vacina, ou seja, não podem “misturar” as vacinas entre uma dose e outra.
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A vacina da Covid-19 em crianças é segura?
Durante a cerimônia de aprovação da vacina, representantes da Anvisa afirmam que os imunizantes para as crianças são seguros, e que os benefícios superam os riscos. “A carga da doença [Covid-19] não é desprezível. A mortalidade dessas crianças nessa faixa etária é elevada, superior a qualquer outra vacina do calendário infantil, onde nós não hesitamos em recomendar as vacinas para as crianças dessa faixa etária”, afirmou Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Nos Estados Unidos, por exemplo, já foram aplicadas mais de 5 milhões de doses da vacina em crianças de 5 a 11 anos. Não foram observadas complicações nessa faixa etária. Nesse sentido, os efeitos adversos mais frequentes são semelhantes aos das pessoas com 12 anos ou mais. Incluem dor no local da injeção, cansaço, dor de cabeça, vermelhidão e inchaço no local da injeção, dores musculares e calafrios. Esses efeitos são geralmente leves ou moderados e melhoram alguns dias após a vacinação.
Próximos passos
Agora que a vacina está aprovada, além de aguardar a chegada do imunizante nos postos de vacinação, alguns passos são necessários. Primeiramente, haverá um treinamento completo das equipes de saúde que farão a aplicação da vacina. Dessa forma, evita-se a aplicação de dose inadequada e da preparação incorreta do produto para essa faixa etária.
Além disso, a vacinação das crianças deve ser feita em ambiente específico e separado da vacinação de adultos. Se não houver a infraestrutura necessária para essa separação, deverão ser adotadas medidas para evitar erros de vacinação. Dessa forma, a vacinação das crianças de 5 a 11 anos em postos drive-thru deverá ser evitada. Além disso, por precaução, as crianças não poderão receber a vacina da Covid no mesmo dia que outra vacina do calendário infantil. De acordo com a Anvisa, a recomendação é esperar um tempo mínimo de 15 dias após a aplicação da vacina da Covid.
A Anvisa também frisou que medidas não farmacológicas de prevenção contra a Covid-19 – como distanciamento social, lavagem e higienização das mãos e uso de máscaras – continuam recomendadas.
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