Vacina contra crack e cocaína é desenvolvida por brasileiros
A dependência química é um problema de saúde público crônico no Brasil e no mundo. Há décadas, o país anda em círculos em busca de soluções para reduzir os impactos dos vícios em drogas e álcool na população. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 18 milhões de pessoas são usuárias de crack e cocaína pelo mundo. Contudo, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países que mais sentem os efeitos desse problema — os Estados Unidos estão no topo da lista. Apesar do cenário desanimador, pesquisadores brasileiros estão animados com uma nova perspectiva: a criação de uma vacina contra a dependência do crack e da cocaína.
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Vacina contra crack e cocaína teve boa eficácia em animais
Cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão trabalhando em uma vacina capaz de diminuir os efeitos da ação da cocaína e do crack no organismo e, assim, barrar a dependência.
O medicamento age no sistema imune, que produz anticorpos que se ligam à cocaína e ao crack no sangue. Como resultado, a substância se transforma em uma grande molécula, que não consegue atravessar o cérebro e desencadear os efeitos e dependência.
“Demonstramos a redução dos efeitos, o que sugere eficácia no tratamento da dependência. Pensamos em utilizar o fármaco para evitar recaídas em pacientes que estão em tratamento. Assim, há mais tempo para eles reconstruírem sua vida sem a droga”, disse Frederico Garcia, professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina e pesquisador responsável em comunicado oficial da UFMG.
A princípio, a vacina contra o crack e a cocaína está em testes com animais, que apresentaram resultados satisfatórios em cobaias de roedores. Além disso, o imunizante foi aplicado em ratas gestantes, que impediu a ação da droga sobre o feto e a placenta.
“Observamos menos complicações obstétricas, maior número de filhotes e maior peso do que as não vacinadas”, relata o professor Frederico.
Para quem a solução poderá ser útil?
Enquanto a novidade ainda não entra na etapa de testes com pacientes humanos, os pesquisadores creem que a vacina poderá prevenir a dependência de bebês com mães que têm o vício. Além disso, o imunizante beneficiará aqueles que já convivem com o uso de drogas e estão em tratamento, evitando recaídas.
Se a iniciativa for para a frente, será um salto inédito no tratamento contra a dependência química. Hoje, a reabilitação inclui medidas com foco no comportamento do usuário, com medicamentos que amenizam a abstinência e a impulsividade. Além, é claro, do acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
Esperança de evolução do projeto está em prêmio
Até o momento, a UFMG viabilizou o experimento da vacina por meio de recursos do governo. No entanto, para avançar e possibilitar o teste em humanos, precisa de mais apoio financeiro. Por isso, a universidade está concorrendo como finalista ao Prêmio Euro Inovação em Saúde, que possibilitará o andamento do projeto se ganhar umas das premiações.
Podem votar apenas médicos com registro ativo na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru, Equador, México, Colômbia, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Costa Rica, Honduras ou República Dominicana. Para saber mais, clique aqui.