Treinos de resistência podem ser benéficos para pessoas com diabetes

Saúde
12 de Abril, 2023
Treinos de resistência podem ser benéficos para pessoas com diabetes

É fato que o exercício físico pode ser um aliado de quem convive com diabetes. Contudo, um estudo brasileiro, conduzido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu que os treinos de resistência são ainda mais eficientes.

A prática regular de exercícios resistidos, como musculação ou treinamento funcional, pode ser tão benéfica para o controle glicêmico quanto a de atividades aeróbicas, a exemplo da corrida ou da natação. Os resultados da investigação foram divulgados no International Journal of Molecular Sciences.

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“Nos últimos anos, os benefícios da atividade física para o organismo como um todo têm sido associados à liberação de miocinas na corrente sanguínea. E a maioria dos estudos utiliza exercícios aeróbios como referência”, contextualiza Gabriela Alves Bronczek, primeira autora do trabalho, conduzido durante seu doutorado.

“Já se sabe que diferentes modalidades ativam vias distintas, levando à liberação de moléculas específicas. Mas, pensamos que talvez os treinos de resistência, mais relacionados à musculação, poderiam apresentar efeito diferente ou liberar moléculas diferentes. Daí a ideia de investigar sua ação sobre as células beta pancreáticas, que são responsáveis por secretar insulina.”

Como os treinos de resistência atuam no organismo contra o diabetes?

Para avaliar as possíveis alterações, os cientista trataram células beta de ratos com o soro sanguíneo de animais da mesma espécie que praticaram treinamento de força. O exercício consistia em subir uma escada de aproximadamente um metro de altura, com carga acoplada à cauda.

Foram oito escaladas por seção, variando entre 50%, 75%, 90% e 100% de carga máxima, cinco dias por semana durante dez semanas. Em seguida, as células receberam, in vitro, um coquetel de citocinas pró-inflamatórias para induzir uma condição semelhante a do diabetes tipo

Como resultado, o tratamento preveniu tanto a disfunção quanto a morte celular. Por sua vez, o passo seguinte foi trabalhar com um modelo animal de diabetes tipo 1.

Para induzir a doença em camundongos, os animais receberam doses baixas de estreptozotocina, droga que destrói especificamente as células beta do pâncreas.

Depois de dez semanas de treinamento resistido, os roedores apresentaram melhora na tolerância à glicose e redução da glicemia. Além disso, uma avaliação da morfologia do pâncreas, observou-se aumento na massa de células beta.

Dessa forma, o experimento mostrou que os treinos de resistência fazem com que as células se tornem mais eficientes em secretar insulina em resposta ao estímulo de glicose.

“Isso nos leva a acreditar que moléculas liberadas durante o exercício resistido podem melhorar o funcionamento da célula beta e proporcionar todos esses benefícios”, diz Bronczek.

Próximos passos

“Diante da pandemia de obesidade no mundo e da piora nos hábitos alimentares da população, a prática de atividade física é extremamente importante”, comenta Antonio Carlos Boschiero, professor titular da Unicamp e orientador de Bronczek.

“Entender os benefícios do exercício resistido abre ainda mais portas, já que ele pode ser feito, por exemplo, a partir de uma cadeira de rodas”, acrescenta.

Para seguir na linha de estudo, Bronczek pretende focar seus estudos de pós-doutorado na análise do soro sanguíneo dos animais. O objetivo é identificar uma ou mais moléculas que possam ser realmente as responsáveis por mediar todos os efeitos benéficos.

“Se conseguirmos chegar a esse ponto, pode ser um primeiro passo na busca de um potencial alvo terapêutico”, acredita Bronczek. “Essa molécula poderia ser sintetizada ou isolada e utilizada em pacientes com diabetes tipo 1.”

Outro desdobramento importante seria a recomendação mais embasada de exercícios resistidos como forma de contribuir para a manutenção glicêmica de pacientes diabéticos. “Isso porque passaremos a entender melhor como esse tipo de atividade funciona, sua fisiologia e como ela impacta na homeostase glicêmica.”

Fonte: Agência FAPESP.

 

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