Será que eu estou treinando fofo? Especialista explica a expressão
Se você pratica musculação ou gosta de acompanhar o assunto nas redes sociais, provavelmente já se deparou com o termo “treino fofo”. Trata-se de uma expressão usada para designar, de modo pejorativo, sessões com intensidades mais baixas, muitas vezes acompanhada de críticas a quem utiliza cargas leves e não atinge a “falha” (ou seja, o limite de repetições que o corpo suporta dentro de uma série) nos exercícios.
Realmente, para garantir objetivos como hipertrofia e ganho de força, é preciso investir em treinos com uma intensidade mínima. Bem como manter a constância, trabalhar para aumentar as cargas gradativamente e variar os estímulos de tempos em tempos. No entanto, as práticas mais leves também trazem as suas vantagens, e mostram-se benéficas para certas situações e objetivos.
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“Treino fofo”: origem do termo
“O ‘treino fofo’ é popularmente utilizado para descrever um treino que não possui intensidade suficiente para promover crescimento muscular significativo”, afirma o profissional de Educação Física Eduardo Netto, diretor técnico da Bodytech.
De acordo com Eduardo, quando o objetivo é obter resultados visíveis (ou seja, priorizar a estética), é realmente necessário adotar uma postura séria e comprometida com relação aos treinos a fim de maximizar os benefícios do treinamento resistido.
“Isso inclui manter a intensidade e a consistência adequadas durante os treinos. Para alcançar resultados como ganho de força e hipertrofia muscular, é fundamental treinar com uma certa intensidade, seguindo um plano bem estruturado e periodizado, aumentando gradualmente a carga, mantendo o foco e sendo consistente na frequência dos exercícios”, complementa o profissional.
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“Treino fofo”: poréns
Falando especificamente da hipertrofia muscular (aumento dos músculos), os “treinos fofos”, isto é, sem sobrecarga adequada, normalmente não são eficazes. “A hipertrofia requer a aplicação de sobrecarga progressiva, aumentando gradualmente o peso, as repetições ou a intensidade do treino para desafiar os músculos e estimular seu crescimento”, diz Eduardo Netto.
No entanto, o especialista também reforça que os exercícios de intensidade leve oferecem outros benefícios. Melhora da saúde cardiovascular, manutenção da mobilidade, controle do peso corporal, redução do estresse, aumento da energia e recuperação ou prevenção de lesões são algumas vantagens. Dessa forma, o “treino fofo” pode ter o seu valor e contribuir para pessoas com objetivos, idades e condicionamentos físicos diferentes.
Vale lembrar, ademais, que a percepção de esforço durante a prática de um exercício é uma característica individual. O que significa que um “treino fofo” para alguns, pode ser intenso para outros.
Isso sem falar na importância de respeitar os limites do seu próprio corpo e priorizar a execução dos movimentos antes de pensar em aumentar as cargas. Esse cuidado não é importante apenas para promover o aumento de massa muscular. Mas também para evitar dores e até problemas mais sérios nas articulações e na coluna.
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Intensidade adequada para a sua meta e o seu condicionamento
Moral da história: não vale copiar as cargas de um perfil que você encontrou no Instagram. E muito menos aumentar a frequência dos seus treinos só porque alguém falou que você “treina fofo”. O que você deve fazer, na verdade, é procurar a ajuda de um profissional de Educação Física para entender qual é a intensidade correta para o seu caso – tentando, assim, evoluir aos poucos, com segurança.
Para isso, Eduardo Netto afirma que é possível usar métodos como o monitoramento da frequência cardíaca, a escala de esforço percebido e a observação dos sinais físicos e de recuperação.
“No caso da musculação, perceba se a quantidade de sobrecarga utilizada está coerente com o número de repetições prescrito. A orientação de um profissional pode proporcionar suporte personalizado. E otimizar seu programa de treinamento, garantindo que você esteja no caminho certo para atingir seus objetivos”, finaliza.
Fonte: Eduardo Netto, profissional de Educação Física e diretor técnico da Bodytech.