Traumatismo cranioencefálico: bater a cabeça na piscina é uma das causas
O Dr. Rafael Puglisi, conhecido como o dentista dos famosos, faleceu em decorrência de um traumatismo cranioencefálico após bater a cabeça na piscina. Trata-se de uma lesão no cérebro causada por impactos ou forças que afetam a cabeça, como quedas, acidentes de trânsito, agressões físicas ou lesões esportivas. Entenda mais sobre a condição.
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O que é o traumatismo cranioencefálico?
De acordo com o Dr. Feres Chaddad, neurocirurgião, o traumatismo craniano ocorre quando há um impacto na cabeça que pode causar desde contusões superficiais até lesões mais graves. Por exemplo, danos no tecido cerebral, inchaço cerebral, hemorragias dentro do crânio e aumento da pressão intracraniana. “Qualquer tipo de traumatismo cranioencefálico pode levar ao inchaço cerebral e à redução do fluxo sanguíneo para o cérebro”, afirmou o médico
Tipos
Existem dois tipos principais:
- Traumatismo Craniano Fechado: quando não há fraturas no crânio, mas o cérebro pode ser afetado por movimentos bruscos, como em quedas;
- Traumatismo Craniano Aberto: há uma lesão na caixa craniana, como uma fratura, que pode permitir que objetos estranhos atinjam o cérebro, aumentando o risco de infecção.
Nesse sentido, o TCE é uma emergência médica séria, com alto risco de morbidade e mortalidade. Além disso, pode resultar em sérias sequelas, sendo uma das principais causas de morte nos Estados Unidos em pessoas de 1 a 45 anos.
Riscos e complicações
O traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma condição grave que pode resultar em longas complicações ou morte. Os riscos do TCE incluem lesões físicas ao cérebro, como contusões, tecidos rasgados, sangramento e outros tipos de danos.
Além disso, o TCE pode causar convulsões, danos nos nervos, coágulos sanguíneos, estreitamento dos vasos sanguíneos, coma, infecções no cérebro e derrames. Pode, ainda, causar alterações a longo prazo nas funções cerebrais, como memória, aprendizado e controle emocional.
A taxa de mortalidade para casos graves de TCE é alta, especialmente em adultos mais velhos, sendo as quedas a principal causa desse tipo de lesão. Dessa forma, em média, 39% dos pacientes com grave lesão cerebral traumática morrem e 60% evoluem com sequelas. Do mesmo modo, adultos com 65 anos ou mais têm a maior taxa de mortes por TCE.
A gravidade do TCE pode variar, desde leves concussões, que geralmente não são fatais, até casos moderados e graves, que podem resultar em danos cerebrais extensos, coma e morte. Além disso, mesmo após a fase inicial da lesão, os efeitos do TCE podem persistir a longo prazo, afetando a vida cotidiana das pessoas com sintomas como dores de cabeça, fadiga e dificuldade de concentração, conhecidos como síndrome pós-concussão. Por isso, é fundamental buscar tratamento adequado e compreender os riscos associados ao TCE para garantir a melhor recuperação possível.
Sequelas do traumatismo cranioencefálico
Sim, o traumatismo cranioencefálico pode deixar sequelas graves e permanentes, dependendo da gravidade da lesão. Dessa forma, as sequelas mais comuns incluem distúrbios cognitivos, como perda de memória, dificuldade de aprendizado e problemas de tomada de decisão.
Além disso, o TCE pode causar distúrbios de movimento, como paralisia e perda de equilíbrio. Outras possíveis sequelas incluem convulsões, alterações no humor e comportamento, dificuldade de fala e de enxergar. Pessoas com TCE também podem ter sequelas sensório-motoras, como a disfagia orofaríngea, que é uma alteração no processo de deglutição.
É importante ressaltar que quanto mais grave a lesão, maiores são as chances de sequelas e complicações. Por isso, o tratamento precoce e adequado é fundamental para minimizar os riscos de sequelas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Como identificar?
Os sintomas do traumatismo cranioencefálico podem variar de acordo com a gravidade da lesão, mas é importante estar atento a alguns sinais que podem indicar a presença de um TCE:
- Perda de consciência, mesmo que por um curto período de tempo;
- Confusão mental;
- Dor de cabeça intensa;
- Tontura ou vertigem;
- Náusea ou vômito;
- Dificuldade para falar ou entender a fala;
- Fraqueza ou dormência em uma parte do corpo;
- Alterações na visão, como visão dupla ou perda de visão;
- Convulsões;
- Comportamento anormal, como agitação ou irritabilidade.
O diagnóstico do TCE é feito por meio de exames clínicos e de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM). Assim, quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento forem realizados, menores são as chances de complicações e sequelas.
Quais são os primeiros socorros?
Os primeiros socorros para um traumatismo cranioencefálico (TCE) são cruciais para minimizar o risco de danos adicionais e garantir que a pessoa receba cuidados médicos adequados. Aqui estão os passos a serem seguidos ao prestar primeiros socorros a alguém com suspeita de TCE:
- Certifique-se de que o ambiente seja seguro tanto para a vítima quanto para você. Isso pode incluir remover qualquer perigo iminente, como tráfego, objetos que representem perigo ou outras ameaças.
- Ligue para o serviço de emergência (SAMU, 192) ou o serviço de resgate local imediatamente para obter assistência profissional. Descreva a situação e siga as instruções do operador de emergência.
- Não mova a vítima, a menos que seja absolutamente necessário. Movimentar a vítima desnecessariamente pode agravar lesões cerebrais.
- Mantenha a cabeça e o pescoço imobilizados. Use as mãos para apoiar a cabeça e evitar movimentos bruscos.
- Verifique a respiração e a circulação. Se não houver respiração ou pulso, inicie a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) imediatamente, seguindo as orientações atuais de RCP.
- Não remova capacetes ou protetores faciais.
- Se houver ferimentos visíveis na cabeça que estejam sangrando, aplique pressão suave com um pano limpo para controlar o sangramento. Evite pressionar muito forte, pois isso pode piorar a lesão.
- Por fim, mantenha a pessoa calma e confortável. Converse com a vítima de forma tranquilizadora e encoraje-a a permanecer imóvel até a chegada da ajuda médica. Evite dar comida ou bebida.
Como prevenir o traumatismo cranioencefálico
Embora seja impossível evitar completamente todos os riscos de traumatismo cranioencefálico (TCE) devido à natureza imprevisível de acidentes, existem medidas que você pode tomar para reduzir o risco de lesões na cabeça:
- Use capacetes adequados para atividades como ciclismo, motociclismo, esportes de contato e outros esportes de risco. Eles ajudam a proteger sua cabeça em quedas ou colisões.
- Sempre use cintos de segurança ao dirigir veículos e certifique-se de que todos estejam protegidos no carro.
- Em casa, evite quedas instalando corrimãos nas escadas, tapetes antiderrapantes e mantendo os pisos limpos e seguros.
- Dirija com responsabilidade, evitando excesso de velocidade, uso de álcool ou drogas, e não use o telefone celular enquanto estiver dirigindo.
- Pratique esportes com segurança, usando equipamentos de proteção, seguindo as regras e recebendo treinamento adequado.
- Para idosos, evite quedas em casa com medidas como remoção de tapetes soltos, instalação de corrimãos em banheiros e corredores e boa iluminação.
- Resolva conflitos de forma pacífica, evitando situações de confronto que possam levar a lesões na cabeça.
- Use dispositivos de segurança em atividades ao ar livre, como coletes salva-vidas em esportes aquáticos.
- Considere treinamento especializado para esportes de risco, como esqui ou escalada.
- Mantenha a atenção em atividades que exigem concentração, como dirigir, andar de bicicleta e caminhar em locais movimentados, e evite distrações.
Afinal, existe tratamento?
Sim, o tratamento do TCE é realizado em etapas, que incluem o atendimento emergencial, o diagnóstico, o tratamento clínico e a reabilitação. Assim, o objetivo do tratamento é prevenir ou minimizar possíveis complicações e sequelas, além de promover a recuperação do paciente.
Nesse sentido, o tratamento inicial consiste em suporte respiratório e manutenção adequada de ventilação, oxigenação e pressão arterial. Em casos mais graves, pode ser necessária a realização de cirurgia para aliviar a pressão intracraniana e remover coágulos ou hematomas.
Além disso, o tratamento clínico inclui o uso de medicamentos para controlar a dor, a pressão intracraniana e prevenir convulsões. A reabilitação, por exemplo, é uma etapa importante do tratamento, que inclui fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicoterapia. A reabilitação tem como objetivo ajudar o paciente a recuperar as habilidades perdidas e a se adaptar às possíveis sequelas do TCE. Por fim, o tratamento do TCE deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos.
Fonte: Dr. Feres Chaddad, Professor e Chefe da Disciplina de Neurocirurgia da UNIFESP e Chefe da Neurocirurgia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo