Tratamento da obesidade: cirurgia ainda é recurso mais eficaz, diz estudo

Saúde
15 de Fevereiro, 2023
Tratamento da obesidade: cirurgia ainda é recurso mais eficaz, diz estudo

A obesidade é uma doença que requer uma série de cuidados não somente para a perda de peso, mas para manter a saúde do paciente em toda a jornada. Um novo estudo publicado no The Lancet acaba de reunir e analisar o melhor tratamento para pacientes com obesidade e doenças relacionadas ao excesso de peso.

De acordo com os autores, entre eles o coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Oswaldo Cruz, Ricardo Cohen, a revisão servirá como base para atualizar os profissionais envolvidos no tratamento da obesidade em todo o mundo.

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Cirurgia é o melhor método de tratamento da obesidade

Mesmo com os novos fármacos que são mais eficientes e seguros, os procedimentos cirúrgicos ainda são os mais eficazes. Como resultado, eles são responsáveis por 25% a 30% de perda de peso total a longo prazo.

A perda ponderal significativa e duradoura promove controle ou até remissão nas doenças que caminham com a obesidade. Por exemplo, diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares e até mesmo certos tipos de câncer.

“Nesta publicação, conseguimos unificar todas as opções terapêuticas para que cada paciente seja tratado de forma personalizada. Não tenho dúvidas de que no futuro, o tratamento de doenças crônicas e progressivas será por meio da medicina de precisão”, afirma Cohen.

De acordo com os pesquisadores, como todas as doenças crônicas, o controle da obesidade precisa de uma abordagem múltipla em longo prazo. Além disso, deve-se levar em consideração os objetivos, o benefício e o risco de diferentes terapias para cada paciente.

Ranking de alternativas de tratamento da obesidade

A pesquisa, realizada em parceria com pesquisadores do Brasil, França, Espanha e Austrália, avaliou medicamentos, dispositivos endoscópicos e cirurgias. Veja os mais eficazes, segundo o levantamento.

Procedimentos cirúrgicos

Estudos de longo prazo mostraram que os procedimentos cirúrgicos bariátricos geralmente levam a uma perda de peso de mais de 25% do peso total e a melhora rápida de complicações da obesidade. Um estudo com pacientes suecos, por exemplo, apontou uma perda média de peso corporal total de 27% em mais de 20 anos de acompanhamento após o bypass gástrico.

Diabetes tipo 2 associado a algum grau de obesidade também possui indicação de tratamento cirúrgico. A publicação apontou os 13 ensaios clínicos randomizados que mostram controle glicêmico superior e taxas altas de remissão do DM2 para pacientes submetidos à cirurgia.

Outro ensaio clínico comparou a cirurgia em pacientes com diabetes tipo 2 e relatou outros benefícios. Entre eles a remissão da doença renal crônica devido diabetes e obesidade em estágio inicial.

Medicamentos

A maioria dos remédios antiobesidade atua nas vias centrais do apetite para reduzir a fome e a saciedade. Nos últimos 5 anos, a tecnologia farmacêutica evoluiu bastante, que provoca a perda de 15% do peso corporal em mais de dois terços dos participantes de ensaios clínicos.

No entanto, ainda não existem dados de longo prazo sobre segurança, eficácia e desfechos cardiovasculares do uso dessas novas drogas.

Procedimentos endoscópicos

Os balões intragástricos são preenchidos com ar ou líquidos — é assim que o dispositivo restringe a capacidade de ingerir alimentos. É uma alternativa pouco invasiva que dura de 6 a 12 meses.

Segundo os pesquisadores, alguns pequenos estudos com balões intragástricos não-ajustáveis acusaram uma perda de peso de 3,6 kg, comparado com mudança de estilo de vida (reeducação alimentar e prática de exercícios).

Outro estudo randomizado recente, dessa vez com balões intragástricos ajustáveis, relatou perda total de peso corporal em 32 semanas de 15%. Já a gastroplastia por endoscopia conta com apenas um estudo com alto nível de evidência.

Nele, se demonstrou perda de peso de cerca de 13% do peso total em 1 ano. Para os pesquisadores, contudo, é preciso mais estudos de longo prazo para melhor definição do papel dos procedimentos endoscópicos.

Tratamento individualizado da obesidade

Os autores da revisão creem que o futuro do controle da obesidade é a combinação do tratamento clínico e cirúrgico para entregar qualidade de vida às pessoas.

Em contrapartida, ainda há desafios quando se trata de acesso a tratamentos. Muitos sistemas públicos e privados de saúde não oferecem serviços para controle preventivo da obesidade. Por outro lado, financiam o acesso ao tratamento das consequências da doença, como hipertensão e diabetes tipo 2.

O Brasil conta atualmente com 7.700 hospitais, em 5.568 municípios brasileiros. Destes, apenas 98 serviços realizam a cirurgia bariátrica e metabólica, sendo que quatro estados brasileiros não oferecem o procedimento. Atualmente Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá não possuem serviços habilitados no SUS para bariátrica.

“As filas para o acesso à cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram em muitos estados do Brasil. Entretanto, o número de pessoas que aguarda pelo procedimento é desconhecido pelo sistema público”, reflete Valezi.

“Estamos dispostos a contribuir com este processo. A ideia é desenvolver um plano estratégico para a demanda de procedimentos eletivos postergados durante a pandemia, diminuindo a espera para o procedimento cirúrgico”, finaliza o presidente da SBCBM.

 

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