Tratamento da leucemia: é preciso interromper a amamentação?
A leucemia mielóide aguda – tipo mais comum da doença e responsável por 80% dos casos – atinge a medula óssea. Considerada uma das formas mais agressivas, provoca alterações rápidas no corpo. Por isso, o tratamento rápido da leucemia aumenta as chances de sucesso e cura. Nesse período, algumas mudanças no estilo de vida são necessárias. Por exemplo, interromper a amamentação. Entenda melhor.
Leia mais: Leucemia mieloide crônica: o que é, causas, sintomas e tratamentos
O que é a leucemia?
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se o surgimento de 11.540 novos casos de leucemias a cada ano no Brasil. A ocorrência de LMA aumenta ainda com a faixa etária, uma vez que sua incidência é maior acima de 65 anos. No entanto, apesar de ser o tipo mais comum de leucemia, a doença ainda é rara – representando 1% de chance de alguém desenvolver a doença ao longo da vida.
De acordo com a Dra. Mariana Oliveira, oncologista da Oncoclínicas São Paulo, é muito importante levar em consideração fatores de risco que aumentam as chances do desenvolvimento da doença. “Alguns fatores de risco podem colaborar para o surgimento do câncer. Ou seja, exposição a agentes químicos (como o benzeno), doenças do sangue (mielodisplasia), doenças genéticas (Anemia de Fanconi, síndrome de Down, entre outras) e radioterapia ou quimioterapia prévios”, explica.
Segundo a especialista, não se trata de uma condição hereditária, mas sim de uma doença que ocorre devido a alterações genéticas adquiridas e que acabam por desencadear o surgimento do câncer. “Não há como apontar causas exatas que permitam a prevenção para todos os indivíduos”, destaca Mariana.
De olho nos sintomas
Justamente pela medula apresentar células com mutações genéticas, que começam a se multiplicar de maneira descontrolada e não deixam as células saudáveis se desenvolverem de maneira natural, o paciente pode apresentar anemia.
“O corpo passa a dar sinais de que algo não vai bem e a baixa produção de células sanguíneas saudáveis faz com que haja anemia e infecções, por exemplo. A partir disso, o paciente pode apresentar fadiga, cansaço, palidez, dor de cabeça, falta de ar, tonturas, febre, desmaios e infecções frequentes. Portanto, é muito importante buscar aconselhamento médico para o diagnóstico correto”, comenta a oncologista. Além disso, outros sintomas são:
- Fígado e baço aumentados;
- Perda de apetite;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Sangramentos;
- Manchas vermelhas na pele;
- Hematomas.
Tratamento da leucemia
Apesar da LMA ser uma doença agressiva, o prognóstico é bastante positivo quando descoberta e tratada o quanto antes. “O tratamento depende da idade do paciente e também dos fatores de risco, envolvendo questões citogenéticas e moleculares. Dentre o processo, pode ser indicado a quimioterapia, terapias alvo e transplante de medula óssea”, explica a oncologista.
Vale lembrar ainda que na leucemia mielóide aguda, a etapa de manutenção do tratamento só é necessária para os casos de leucemia promielocítica aguda (um subtipo especial de LMA relacionado a hemorragias graves no diagnóstico). Nesses casos, existe uma mutação genética específica que pode ser detectada nos exames da medula óssea. Dessa forma, o tratamento que combina quimioterapia e comprimido oral (tretinoína) possibilita taxas de cura bastante elevadas.
“Justamente por ser uma doença heterogênea, cada paciente pode reagir de diferentes maneiras ao tratamento. Além disso, a boa notícia é que durante a fase inicial da quimioterapia, a remissão da neoplasia pode chegar entre 50% a 85%”, finaliza.
É preciso interromper a amamentação durante o tratamento da leucemia?
Por fim, a Dra. Mariana explica que, em geral, a amamentação é contraindicada e deve ser interrompida durante o tratamento da leucemia. “Na quimioterapia, muitos quimioterápicos podem ir para o leite e afetar o bebê. Por isso, em caso de lactação e tratamento quimioterápico é importantíssimo interromper a amamentação e consultar o hematologista sobre qual melhor o caminho a seguir”, completa a especialista.
Fonte: Dra. Mariana Oliveira, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.