Transtorno bipolar: como lidar com os altos e baixos da condição?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 140 milhões de pessoas no mundo convivem com o transtorno bipolar (TB). Só no Brasil são 6 milhões de indivíduos, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABRATA).
A estatística pode ser ainda maior, pois muitas pessoas possuem o transtorno, mas enfrentam a dificuldade do diagnóstico, que pode demorar de meses a anos.
Mesmo com o diagnóstico confirmado, encarar o TB não se torna menos desafiador. Afinal, a principal marca do distúrbio é a oscilação emocional, que se alterna entre picos de energia e disposição e crises de depressão profunda. Sem o devido tratamento, o indivíduo sofre ainda mais com estas flutuações que, a longo prazo, impedem uma vida social, afetiva e profissional saudável.
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Como lidar com a imprevisibilidade do transtorno bipolar?
Ao receber o diagnóstico, o primeiro passo é reconhecer o problema e seguir o tratamento com psicólogo e psiquiatra. Segundo Leonardo Morita, médico psiquiatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, este processo é crucial para controlar os sintomas do TB.
“As oscilações de um quadro de euforia para depressão, e vice-versa, ocorrem em intervalos que variam entre horas e até em meses. Por isso, também é essencial dividir o problema com pessoas próximas, de confiança, pois nem sempre o paciente consegue observar as mudanças de humor. Dividir e confiar na opinião destas pessoas podem evitar que um quadro inicial se agrave”, complementa o especialista.
Além da confidência a entes queridos, o uso de medicamentos precisa ser assíduo. “Os cuidados podem incluir todas as classes de psicofármacos, principalmente os estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos”, explica o psiquiatra da BP.
Dependendo do quadro, o médico pode prescrever antidepressivos, calmantes ou hipnóticos. “No entanto, o profissional precisa avaliar as opções, pois nem sempre podem ser benéficos ao tratamento”, pondera.
Como identificar os sinais de um possível quadro de transtorno bipolar?
As mudanças repentinas e repetitivas de humor e energia são o principal indício do transtorno. Mas alguns sinais neste contexto podem ser úteis para o diagnóstico. Veja alguns:
- Hábitos compulsivos, como comer demais e gastar excessivamente.
- Comportamentos de risco: abuso de drogas, sexo sem proteção e tentativas de suicídio, por exemplo.
- Atitudes agressivas que se revezam com gestos afetuosos.
- Mania de limpeza e de cuidado com aparência que se alterna com falta de autocuidado.
Terapias complementares: aliadas de quem convive com o transtorno
Leonardo Morita reforça o papel da psicoterapia e da terapia ocupacional para restaurar o equilíbrio do paciente com TB. “Em conjunto com os medicamentos, elas auxiliam o indivíduo a compreender e a lidar com o adoecimento em diversos aspectos”, comenta.
Ou seja, o autoconhecimento torna-se uma ferramenta poderosa na rotina da pessoa, pois permite que ela reconheça possíveis recaídas e hábitos que engatilham as crises.
Portanto, se você possui o diagnóstico ou conhece alguém próximo com o quadro, insista que o tratamento contínuo trará mais liberdade e qualidade de vida.
Fonte: Leonardo Morita, médico psiquiatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.