Transplante de pâncreas: quando fazer?
O pâncreas é uma glândula localizada no abdômen, na região atrás do estômago, e é responsável pela produção de insulina e pela absorção de enzimas provenientes da digestão. O órgão está ligado intimamente ao diabetes já que, quando deixa de produzir insulina suficiente, os níveis de açúcar no sangue sobem. De forma geral, controla-se com injeções de insulina. Mas, em alguns casos, como na diabetes tipo 1, muitas vezes a única solução para se livrar da doença é o transplante. Veja a seguir mais sobre a cirurgia de transplante de pâncreas.
Transplante de pâncreas para quem?
Segundo Rodrigo Surjan, médico gastroenterologista do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, indica-se o procedimento para pessoas com diabetes tipo 1. Cujo pâncreas não consegue controlar a glicemia com insulina e que já apresentam complicações graves. Como insuficiência renal. “Normalmente, são pacientes que se encontram em estado mais grave”, explica.
A boa notícia é que o transplante cura a diabetes. “Isso acontece porque há a substituição de um órgão que não cumpre uma determinada função por outro, perfeitamente saudável”, diz Rodrigo. Mas, é importante saber que um transplante de pâncreas é quase sempre feito junto do transplante de rim. Isso porque, na maioria dos casos em que o pâncreas já não consegue mais produzir insulina, também há insuficiência renal.
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Como ele é feito?
O transplante requer uma incisão no abdômen e anestesia geral. Desta forma, o novo órgão é colocado sem que seja preciso retirar o órgão “antigo”. De acordo com o médico, o procedimento pode levar de três a seis horas. Assim, o paciente permanece hospitalizado por mais ou menos de uma a duas semanas e a recuperação pós-cirúrgica total costuma levar cerca de dois meses. Além disso, neste período, o paciente segue em acompanhamento médico. Ou seja, fazendo exames para se certificar de que não houve rejeição e nenhum efeito colateral grave.
Mas, de maneira geral, o grau de risco desta cirurgia é baixo. “O transplante de pâncreas é uma cirurgia de alta complexidade. Mas, ela costuma ser muito bem-sucedida. Casos de rejeição não são comuns”, comenta o médico. Por fim, depois do transplante, o paciente pode levar uma vida normal, porém adotando hábitos sadios, como praticar exercícios físicos e manter uma alimentação saudável.
Como acontece a recuperação do paciente?
Depois da cirurgia de transplante de pâncreas o paciente vai para UTI, onde permanece internado por aproximadamente uma semana. Quando ele recebe alta, já não há mais necessidade de aplicação de insulina. Por fim, é fundamental o acompanhamento médico, e podem ser receitados medicamentos e exames para monitorar a recuperação.
E se houver rejeição?
A rejeição é algo comum em todas as modalidades de transplante. Mas, se isso ocorrer, o paciente que passou pelo transplante de pâncreas pode sentir dor no local e febre. Na grande maioria, as rejeições possuem tratamento eficaz, a ser indicado pelo médico que realizou o transplante.
Doação de órgãos
A medida mais importante para se firmar como doador é avisar a família. O registro também pode ser feito na identidade, mas são as famílias que autorizam o procedimento, portanto, devem estar cientes do desejo.
Fontes: Dr. Ricardo de Castro Gontijo, membro do Departamento de Transplante de Pâncreas, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)
Rodrigo Surjan, médico gastroenterologista do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.