Como trabalhar fora e lidar com a dependência emocional dos filhos

Bem-estar Equilíbrio Gravidez e maternidade Saúde
06 de Abril, 2022
Como trabalhar fora e lidar com a dependência emocional dos filhos

Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), até 2030, a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro deve crescer. O estudo estima que daqui a 11 anos, 64,3% das mulheres consideradas em idade ativa, com 17 a 70 anos, estarão empregadas ou buscando trabalho. Com isso, muitas mulheres com bebês e crianças pequenas precisam tomar uma difícil decisão: como trabalhar fora e lidar com a dependência emocional dos filhos? 

Para o filho, a mãe representa nutrição, proteção, conforto, amor e carinho. Portanto, neste período de “afastamento”, é normal a criança sentir falta da mãe, ter medo e mudar o comportamento. Além disso, surge a dúvida de quem vai ficar com os filhos durante essa fase. Algumas preferem deixar com os avós, outras com babás, e há quem opte pela escola infantil. 

Como deixar seu filho mais seguro

A mãe pode ir preparando a criança desde cedo, mostrando que outras pessoas também são capazes de cuidar dela. Dessa forma, deixe-a mais tempo com os avós ou com os tios, e aproveite para passear um pouco, se cuidar, sair com os amigos e até ter um momento a sós com o marido.

Com o tempo, a criança vai perceber que a mãe se ausenta, mas volta, e será benéfico para todos. De acordo com Stella Azulay, CEO da Escola de Pais XD, ao sair, sempre se despeça e explique que vai voltar. Pois se você for embora sem falar com seu filho, ele não entenderá, e isso pode gerar insegurança e perda de confiança.

“Mesmo que seja um bebê, converse com ele. Diga que precisa ir trabalhar ou fazer alguma coisa na rua, mas que irá retornar. Quando deixar a criança na escola ou com outra pessoa, não demonstre tristeza ou angústia. Qualquer sentimento que você tiver irá transmitir ao seu filho. Portanto, seja firme. Diga que o ama, que ele ficará bem e que mais tarde irá buscá-lo”, orienta a especialista.

Incentive a independência

Uma dica importante para estimular a independência da criança é fazer com que ela valorize o seu próprio espaço. “Deixe claro que ela tem a sua cama, o seu quarto e os seus objetos. Concessões podem ser feitas, como dormir uma noite ou outra com os pais. Mas é fundamental que ela já comece a ter noções de discernimento e entenda que certas coisas não podem ser feitas sempre que ela tiver vontade”, ressalta a especialista.

Leia também: Mindful parenting: Criar filhos com menos julgamento e mais aceitação

Além disso, incentive a realização de tarefas que o seu filho já possa fazer sozinho, como escovar os dentes, se vestir e tomar banho. Peça ajuda em funções que sejam apropriadas à idade dele, seja arrumando a mesa, guardando os brinquedos, regando as plantas, dando comida ao cachorro, entre outras. Isso ajudará no seu desenvolvimento e evitará a dependência emocional. Para Stella, a criança muita ociosa tende a demandar mais a atenção dos pais, além de se tornar preguiçosa. 

Por que o excesso de zelo contribui para a dependência emocional?

Segundo Stella Azulay, crianças criadas com excesso de zelo podem ter ainda mais dificuldade de se adaptarem à ausência da mãe.

“Vale dizer que excesso de zelo é quando a mãe dá tudo o que o filho quer, tem dificuldade de dizer ‘não’ e de impor limites à criança. O carinho e a atenção dos pais são fundamentais, mas a falta de limites torna a criança mimada, insegura e irresponsável”, afirma.

De acordo com a educadora, é na fase pré-escolar (2 a 6 anos) que a criança começa a explorar mais o mundo, e sente curiosidade em descobrir coisas novas, o que faz com que ela possa assumir riscos. Esses riscos devem ser supervisionados, mas permitidos, desde que não envolva situação de risco real.

“Isso é importante para que a criança tenha iniciativa e independência. Se cada vez que ela ouvir ‘deixa que eu faço’, ‘você não vai conseguir fazer sozinho’, ‘você é pequeno demais’; sua capacidade de evoluir e de ter interesse por novas descobertas será totalmente inibida”, explica Stella Azulay.

Com o tempo, isso pode levar a criança a ser mais tímida, medrosa e achar que as coisas só darão certo se a mãe estiver por perto. Stella afirma que, muitas vezes, a mãe não percebe essa dependência que ela mesma criou.

“A criança também não tem a percepção de que está muito dependente. Pelo contrário. Ela não tem desafios e obstáculos, o que torna sua vida uma zona de conforto”, finaliza a educadora.

Portanto, qualquer excesso não é saudável, tanto a falta de zelo como o excesso dele.

Fonte: Stella Azulay, CEO da Escola de Pais XD, Educadora Parental pela Positive Discipline Association e especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

Leia também:

mulher praticando atividade física ao ar livre e suando
Bem-estar Movimento

Suar emagrece? Entenda se a transpiração ajuda a perder calorias

Suar demais realmente significa que você está perdendo peso? Descubra

foto mostra uma xícara de chá vazia com paus de canela ao lado em cima de um prato
Alimentação Bem-estar

É termogênico e ajuda no equilíbrio da glicemia e do colesterol; veja benefícios do chá de canela

A bebida é uma ótima opção para esquentar o corpo — muitos afirmam, ainda, que ela emagrece

farinha de beterraba
Alimentação Bem-estar

Farinha de beterraba: benefícios e como incluir na dieta

Pode prevenir doenças cardiovasculares, melhorar o aporte de fibras e ainda ajudar a aumentar a performance esportiva