Tocofobia: o medo excessivo de engravidar e do parto
Apesar de muitas mulheres terem o sonho de engravidar, outras têm muito medo. Mas em determinados casos, o medo pode se tornar debilitante, transformando-se em uma fobia específica: a Tocofobia.
A Tocofobia também está relacionada ao medo do parto que, apesar de ser um processo biológico, para muitas mulheres ele está associado à dor, sofrimento e medo.
“O medo do parto é uma condição frequente nas gestantes, que pode interferir tanto nos relacionamentos e atividades sociais quanto nas funções domésticas e ocupacionais”, explica Katherine de Paula Machado Libânio, psicóloga e neuropsicóloga da Clínica Maia.
O termo Tocofobia, ou medo exacerbado da gravidez e de dar à luz, foi documentado em 2000, através do Periódico Britânico de Psiquiatria (British Journal of Psychiatry), da Universidade de Cambridge. Assim, o periódico foi o primeiro a classificar a fobia na literatura médica.
De acordo com pesquisas, a tocofobia possui prevalência mundial entre 3,7% e 43%, sendo em média 14% gestantes.
Causas da Tocofobia
Por se tratar de um assunto tão novo, as causas ainda estão sendo investigadas. Porém, segundo Katherine, há evidências de que é algo multicausal, ou seja, está relacionado a questões psicológicas, sociais, médicas e comorbidades que têm sido associadas a essa doença.
Dessa forma, confira os fatores ligados a esse transtorno:
- Baixa autoestima;
- Rede de apoio precária;
- Relacionamentos amorosos problemáticos;
- Histórico de abuso sexual;
- Experiências atribuladas com parto ou perdas gestacionais;
- Impotência durante o parto.
“Além disso, estudos investigam a relação entre tocofobia e transtornos de ansiedade, como acontece com outras fobias”, ressalta a especialista.
Sintomas e como identificar
Assim como outros tipos de fobia, os sintomas da Tocofobia são semelhantes aos do transtorno de ansiedade. Portanto, o principal sintoma de uma pessoa ansiosa é a presença constante de preocupação ou tensão, mesmo quando há poucos motivos ou nenhum motivo para tal.
A psicóloga Katherine explica que quem sofre de Tocofobia, possui uma preocupação exacerbada com o tema gravidez, até mesmo quando não possui vida sexual ativa.
“Algumas pessoas desenvolvem obsessão com métodos contraceptivos, e mesmo associando mais de dois métodos ainda permanece o temor, afetando a vida sexual de maneira significativa”, diz.
Um dos grandes sinais de que uma pessoa tem Tocofobia é apresentar os seguintes sintomas quando se deparam com o tema gravidez:
- Alteração de pressão;
- Enjoo;
- Tontura;
- Inquietação;
- Taquicardia;
- Formigamentos;
- Desconforto abdominal;
- Urgência ou retenção urinária;
- Falta de ar;
- Dor de cabeça;
- Náuseas;
- Tremores.
Em alguns casos, também pode ocorrer alteração no padrão de sono, sensação de desespero, crises de ansiedade, crise de pânico e até mesmo desmaios.
Além disso, a Tocofobia pode causar alterações fisiológicas no organismo da mãe afetando a gestação e o parto, como prolongamento da fase ativa da dilatação cervical, maior risco de pré-eclâmpsia, parto prematuro, cesariana de emergência, depressão pós-parto, baixos índices de amamentação e maior admissão do recém-nascido em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Como diferenciar a vontade de não ter filhos da Tocofobia?
É importante ressaltar que a diferença entre a vontade de não ter filhos e a Tocofobia está nos sintomas. “A escolha de ter ou não filhos é algo que deveria ser simples, pois envolve liberdade de escolha. Quando existe um transtorno associado à escolha, a liberdade fica comprometida devido a sintomas extremos de mal-estar”, afirma a psicóloga Katherine.
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Tratamento
A boa notícia é que existe tratamento para Tocofobia. O ideal é buscar ajuda com profissionais de saúde mental assim que você notar os sintomas citados acima.
“É necessário o suporte do médico psiquiatra para ter o diagnóstico e avaliar a necessidade de um tratamento medicamentoso e da psicoterapia, para a compreensão das causas emocionais e em como tratá-las. Quando o diagnóstico ocorre durante a gravidez, é necessário o acompanhamento do ginecologista e obstetra para que, no momento do parto, a pessoa esteja preparada para este processo”, salienta Katherine.
A psicóloga ainda explica que, atualmente, um modelo de intervenção para tratar a Tocofobia está sendo trabalhado e vem mostrando potencial.
“Essa intervenção integra o modelo psicossomático e o modelo de processamento de informação adaptativo, através da utilização de algumas técnicas terapêuticas desenvolvidas especificamente dentro destes modelos (EMDR, mindfulness, hipnose)”, finaliza.
Fonte: Katherine de Paula Machado Libânio – Psicóloga e Neuropsicóloga da Clínica Maia, especialista em Transtorno Mental e Dependencia Química.