TikTok: uso do aplicativo por adolescentes será limitado a 60 minutos
Na última quarta-feira (01), o TikTok anunciou por meio de um comunicado oficial que irá implantar algumas medidas para limitar o uso do aplicativo por adolescentes. Uma delas impede que menores de 18 anos usem a rede social por mais de 60 minutos. Assim, após atingir o limite, uma senha será requerida para continuar.
Além disso, será adicionado uma espécie de medidor que irá marcar a quantidade de horas que cada usuário passa no aplicativo e listar a quantidade de vezes em que ele foi aberto. Outra medida anunciada pela plataforma foi a suspensão de notificações para usuários entre 13 e 15 anos a partir das 21h. Já para os que tem entre 16 e 17 anos o limite será até às 22h.
As medidas foram decididos após consulta com especialistas do Laboratório Digital Wellness do Hospital Infantil de Boston e da análise de pesquisas acadêmicas recentes.
Leia também: Uso prolongado de telas aumenta ocorrência de olho seco em crianças e jovens
Mudanças do TikTok podem ser benéficas para os adolescentes
De acordo com o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, as limitações do TikTok podem trazer benefícios para os adolescentes. Contudo, as medidas ainda são bastante limitadas e pouco eficazes.
“As redes sociais, quando usadas por um longo período de tempo, podem ser bastante perigosas para o desenvolvimento adequado do cérebro dos adolescentes. Isso porque os deixa em um estado de ‘passividade’ onde pouco aprendizado é adquirido. E o cérebro não faz os esforços necessários para seu desenvolvimento através da neuroplasticidade, o que é fundamental nas idades anteriores aos 18 anos”, ressalta Dr. Fabiano.
Para o especialista, as medidas apresentadas pelo TikTok são importantes, mas ainda não causam impactos relevantes nesse processo. “A idade é autodeclaratória, o que faz com que seja muito fácil o sistema ser burlado. Por outro lado, a exibição do tempo de tela pode dar um ‘choque de realidade’, pois muitas vezes os usuários perdem a perceção do tempo ao usar esses aplicativos”, explica.
“No fim, o principal é o esforço individual e o autocontrole para evitar excessos e utilizar a tecnologia de forma inteligente para os adolescentes. É fundamental que os pais os conscientizem disso desde cedo”, finaliza o especialista.
As mudanças vêm após uma série de críticas feitas por pesquisadores aos efeitos nocivos ao cérebro de crianças e adolescentes pela rede social. Em 2022, por exemplo, um estudo publicado pela revista científica NeuroImagem identificou que assistir os vídeos recomendados pelo aplicativo gera um excesso de dopamina no cérebro. Ou seja, gera um efeito de vício.
De acordo com a nota oficial, o TikTok afirmou que “Adolescentes precisam de apoio extra quando começam a explorar a internet de forma independente”, ainda segundo a rede social as mudanças devem começar a ser implantadas nas próximas semanas.
Fonte: Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em neurociências;